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sexta-feira, 26 de abril de 2024

KEITH JARRETT – SOLO - CONCERTS BREMEN LAUSANNE (ECM Records)

Aqui, em todos os seus detalhes audiófilos de 2023, e recuperado dos registros analógicos originais, está o conjunto 3xLP que lançou a extraordinária história dos álbuns solo improvisados ​​e em concerto de Keith Jarrett. Indiscutivelmente o mais importante de todos os relançamentos da estimável série Luminessence da ECM, os concertos de Bremen e Lausanne foram gravados em Março e Julho de 1973 e lançado como um conjunto em Novembro daquele ano, cinquenta anos síncronos precisamente antes desta edição.

O LP duplo, “The Köln Concert”, gravado e lançado em 1975, foi o álbum que financiou a ECM, então uma pequena gravadora independente sem perspectivas aparentes de longevidade além dos ouvidos de seu fundador, Manfred Eicher. Mas foi o “Solo-Concerts Bremen Lausanne” que preparou o terreno para o avanço da gravadora. As apresentações fizeram parte de uma audaciosa turnê europeia por dezoito cidades, durante a qual Jarrett se apresentou inteiramente sem pontos de partida ou repertório pré-determinados. Não houve precedente, a menos que se conte a autoria do fluxo de consciência de Jack Kerouac em On The Road. Mas, ao contrário de Kerouac, Jarrett não embarcou na aventura com um estoque de anfetaminas grande o suficiente para mudar o resultado do Super Bowl. Ele confiou completamente na música latente, que existe dentro dele.

A turnê trouxe riscos artísticos e monetários substanciais, mas era algo que Jarrett estava determinado a fazer. Ele havia deixado Miles Davis no final de 1971, após três anos durante os quais se tornou cada vez mais avesso à eletrificação. Ele ficou com Davis por tanto tempo, ele disse posteriormente, apenas pelo seu respeito ao trompetista. No encarte das gravações de Bremen e Lausanne, Jarrett escreveu: " Eu estou, e tenho estado realizando uma cruzada antimúsica eletrônica da qual esta é uma exposição para a promotoria. A eletricidade passa por todos nós e não deve ser relegada aos fios".

Depois da magia plugada que Jarrett trouxe para álbuns de Davis como em “Live-Evil (Columbia, 1971)” — e que alguns observadores consideram um dos elementos mais convincentes daquele e de outros trabalhos do curador Davisiano do período —a turnê solo de Jarrett pretendia agitar uma bandeira para o jazz acústico improvisado. As performances seriam não planejadas, desconectadas e não comerciais. Mas, conforme a história relata, a efusão de romantismo chopinesco, intensidade gospel e ritmos intensos de Jarrett foi um sucesso de bilheteria, bem como um triunfo artístico.

Nós nos tornamos tão familiarizados com as performances solo de Jarrett que, talvez, esqueça a coragem necessária para subir no palco e tocar por mais de uma hora sem nenhum repertório prévio, se standards ou composições próprias, e sem qualquer companheiro de banda para oferecer moral e suporte prático. A Jarrett, entretanto, nunca faltou coragem. Em 2018, o segundo dos dois ataques que o deixou parcialmente paralisado e ele está, desde 2023, incapacitado, apenas, para tocar com três dedos da sua mão direita, escolhendo melodias com o dedo mínimo e, como ele diz, sugerindo harmonias com os outros dois. Nas poucas entrevistas que deu desde 2018, Jarrett parece estóico e imperturbável. Entretanto, a sua música gravada continua a ser uma alegria nos seus vários ambientes, e sobretudo em concertos a solo como estes.

A edição de um CD duplo de “Solo-Concerts Bremen Lausanne” foi também relançada como parte de Luminessence.

Faixas: LP 1: Bremen, July 12, 1973 Part I; Bremen, July 12, 1973 Part IIa. LP 2: Bremen, July 12, 1973 Part IIb; Lausanne, March 20, 1973 Part Ia. LP 3: Lausanne, March 20, 1973 Part Ib; Lausanne, March 20, 1973 Part IIa; Lausanne, March 20, 1973 Part IIb.

Fonte: Chris May (All About Jazz)

 

ANIVERSARIANTES - 26/04

Diogo Nogueira (1981) – vocalista,

Gary Wright (1943) – tecladista,

Jay Oliver (1959) – tecladista,

Jimmy Giuffre (1921-2008) - clarinetista,flautista , saxofonista,

Ma Rainey (1886-1939) - vocalista,

Maurício Carrilho (1957) – violonista,

Ronny Johansson (1942) – pianista,

Teddy Edwards (1924-2003) - saxofonista(na foto e vídeo) http://www.dailymotion.com/video/x2b42a_teddy-edwards-6tet-velvet-mist-jazz_music
 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

JULIAN LAGE - VIEW WITH A ROOM (Blue Note Records)

“View With A Room” observa duas gerações de guitarristas estadunidenses. A geração mais nova é representada por Julian Lage, o líder do trabalho, e a geração mais velha por Bill Frisell, que atua em sete das dez composições de Lage ("Echo" é coescrita por Lage e o baixista Jorge Roeder).

Seguindo a estreia de Lage, em 2021, na Blue Note Records, “Squint” (e vamos dar ao diretor da gravadora, Don Was, uma merecida homenagem por trazer o selo de volta `a vanguarda do jazz moderno), Lage, outra vez, emprega seus companheiros de alto nível, o baterista Jorge Roeder e o baterista Dave King, junto com seu grupo e parceiro de guitarra, Frisell. Os dois guitarristas compartilham uma completa ausência de pretensão em sua abordagem para a música, fazendo uma excelente, sólida como uma rocha, atmosfera de guitarras despojadas com uma livre, mas profunda mão no lado da produção, músicas que se poderiam se ajustar em uma lista clássica de sucessos, novos e antigos, da guitarra. Os velhos: Dick Dale e the Del-Tones, Link Wray, the Chantays. Os novos: Pat Metheny, Mary Halvorson e (claro) Bill Frisell, o mais fino dos guitarristas estadunidenses (e O. K, vote para Pat Metheny se você quiser, um argumento pode ser apresentado). Estes dois mestres das seis cordas sentam-se sem planejar demais (ou assim parece), na garagem de Lage, na verdade não, embora tenha aquela atmosfera descontraída, a desenvoltura e fluidez da expressão, tocando músicas para guitarra como a envolvente "Pipeline", de 1963, composta por Chantays ou "Rumble" de Link Wray de 1958.

O baterista King e o baixista Roeder são majoritariamente sutis, servindo este intricado, música plenamente vocalizada, em um trabalho que tem um espírito moderado do início ao fim. O álbum apresenta um sentimento estadunidenses definido, muito autêntico, às vezes balançante, escolhendo agudos, sucintos e delicados pontos de luz dentre outros, com o par de guitarra pintando harmonias belas e suntuosas. Tem o sentimento de uma sofisticada e virtuosa banda de cowboy.

Neste ponto de sua carreira, Frisell não tem nada para provar. Então, ele atua e prova seu talento expansivo de qualquer maneira. Lage, mais que três décadas mais novo que Frisell, não tem coisas a provar, e ele continua a realizar essa tarefa com sucesso inabalável em “View With A Room”.

Faixa: Tributary; Word For Word; Auditorium; Heart Is A Drum; Echo; Chavez; Temple Steps; Castle Park; Let Every Room Sing; Fairbanks.

Músicos: Julian Lage: guitarra elétrica; Bill Frisell: guitarra elétrica; Jorge Roeder: baixo acústico; Dave King: bateria.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=446E9lMwkxA

Nota: Este álbum foi considerado, pela DownBeat, um dos melhores lançados em 2022 com a classificação de 4 estrelas.

Fonte: Dan McClenaghan (AllAboutJazz)

 

 


ANIVERSARIANTES - 25/04

Albert King (1923-1992) – guitarrista,vocalista,

Agostinho dos Santos (1932-1973) – vocalista (na foto e vídeo) http://www.youtube.com/watch?v=rl0bhsKQx_o,

Bobbi Humphrey (1950) - flautista,

Carl Allen (1957) – baterista,

Custódio Mesquita (1910-1945) – pianista,compositor,

Digby Fairweather (1946) – trompetista,cornetista,

Earl Bostic (1913-1965) - saxofonista,

Ella Fitzgerald (1918-1996) – vocalista,

Georg Breinschmid (1973) – baixista,

Jim Robitaille ( 1960) – guitarrista,

Paulo Vanzolini (1924-2013) – compositor,

Perinho Albuquerque (1946) – guitarrista,

Willis “Gator” Jackson (1932-1987) – saxofonista

 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

JEAN-MICHEL PILC – SYMPHONY (Justin Time Records)

Em 28 de Novembro de 2021, ao final de uma sessão de gravação de dois dias para o saxofonista galego Xose Miguelez em “Contradictio (Origin, 2022)” pelo CARA-OJM Studios em Matosinhos, Portugal, o pianista Jean-Michel Pilc tinha pouco tempo em suas mãos. Com um deslumbrante Steinway bem na frente dele, bela acústica da sala e o engenheiro José Trincado pronto para gravar, provou ser uma bela oportunidade para explorar o momento. O resultado, uma declaração impressionante sobre complexidades subliminares e a beleza de se tornar, fala muito sobre um músico talentoso livre do peso das expectativas.

Embora a criação, obviamente, tenha precedido a titulação desta música, cada nome de faixa, eloquentemente, endereça a arte da percepção, como um artista processa suas próprias descobertas e como eles devem influenciar a interpretação de um ouvinte. Chegando em "Leaving", por exemplo, Pilc rumina e cria uma aura de antecipação. Ao fazer isso, ele revela uma miríade de emoções anexada ao processo de separação. Se a música permanece fixada na partida de ou em direção a um lugar de conforto, isto é maravilhosamente obscuro. Mas grande parte da luta com essa questão é, claro, devido à própria natureza da associação titular.

Embora ouvidos e mentes possam optar por processar incessantemente essa conexão entre nomes e sons, esta pode desviar a atenção da substância da música. E não há dano sobre o poder que Pilc tem a oferecer neste quesito. "Discovery" encontra o pianista expandindo um arco de possibilidade através de conexões mais profundas do movimento, magia do tempo e consequência. "The Encounter" torna-se um espaço terno e melodioso, cresce para criar tensão e oferece libertação. "First Dance" move-se do balanço estável ao movimento dos dedos, ao toque percussivo antes de se refrescar. "Just Get Up" inicia com curiosidade e sobe a escada da intensidade e imensidão antes de limpar sua própria lousa, iniciando novamente e, em última análise, movendo-se na direção oposta.

"Way To Go" abrindo em um glissando que chama a atenção, abraça uma ampla história do jazz no esquema de Jaki Byard, enquanto permanecendo verdadeira a própria linguagem singular de Pilc. "Understanding" assombra com passagem lenta de simples verdades e o que está abaixo deles. Uma cativante "Waltz for Xose" magistralmente coalesce através de atos de autonegociação. "Not Falling This Time" oferece bravata, exibe o virtuosismo de Pilc em alta velocidade com acontecimentos e encantos com brincadeiras blues em diferentes marchas. E o pianista amarra um laço em volta de tudo com a elevação de "I'll Be Back". Maravilhosamente, imprevisível e completamente de acordo com a tendência de Pilc investir plenamente em cada momento, “Symphony” é um presente de um artista em evolução permanente.

Faixas: Leaving; Discovery; The Encounter; First Dance; Just Get Up; Way To Go; Understanding; Waltz For Xose; Not Falling This Time; I'll Be Back.

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=F8ChscEekWY

Fonte: Dan Bilawsky (AllAboutJazz)

 

 

 

ANIVERSARIANTES - 24/04

Collin Walcott (1945-1984) - percussionista,

Doug Riley (1945- 2007) – pianista,

Fabio Morgera (1963) – trompetista,

Frank Strazzeri (1930) - pianista,

Jana Harzen (1959) – guitarrista,vocalista,

Jeff Darrohn (1960) – saxofonista,

Joe Henderson (1937-2001) – saxofonista(na foto e vídeo) http://www.youtube.com/watch?v=JhXpwtXaJHk,

Johnny Griffin(1928-2008) – saxofonista,

Patápio Silva (1880-1907) – flautista,

Peter Curtis (1970) – guitarrista,

Rebecca Martin(1969) – vocalista,

Ricardo Leão(1959) – pianista,

Stafford James (1946) – baixista

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

MENDOZA / HOFF/ REVELS – ECHOLOCATION (AUM Fidelity)

Entre os principais guitarristas da atualidade que fundem o poder do rock e do jazz de vanguarda —uma lista que tem que incluir Nels Cline, Marc Ribot, Mary Halvorson e Brandon Seabrook—Ava Mendoza pode ser aquela que tem a ligação mais forte com a tradição punk. Todas as evidências que precisamos estão em “Echolocation”, um projeto do Revels, sua colaboração com o baixista Devin Hoff, no qual a dupla está reunida ao saxofonista James Brandon Lewis e ao baterista Ches Smith. Com oito músicas elaboradas de forma tortuosa, navegando habilmente na fronteira entre o free jazz e a intensidade do rock pesado e arrasador, este é um lançamento garantido para chamar a atenção, recusando-se a desistir até que tenha expressado seu ponto de vista enfaticamente.

Mendoza perseguiu sua musa errante sobre esforços que variam de “Mayan Space Station (Aum Fidelity, 2021)”, William Parker e ao seu próprio Avant-Rock Rock não naturais, enquanto o currículo de Hoff inclui passagens com todos, desde Yoko Ono a Joshua Redman e Mike Watt, do Minutemen, junto com seu próprio lançamento folclórico e idiossincrático de 2021, “Voices from the Empty Moor (Kill Rock Stars)”. Mendoza e Hoff, cada, compuseram metade das oito faixas de “Echolocation”. Os interesses de seus colegas são igualmente amplos, com Smith expondo muito tempo-Idiomático em sua própria abordagem, mostrada mais recentemente em sua interpretação em Piroclástica (2022), e Lewis continua a surpreender com suas incursões ocasionais em terrenos inflexíveis de rocha, como o olho de “Anti-“(2023), que incluía o trio de avant-rock Messthetics.

O título do álbum é uma escolha inspirada, evocando esta miraculosa qualidade cujas criaturas, desde morcegos até baleias, são capazes de se comunicar e manobrar, intuindo a proximidade de seus vizinhos. Os músicos, aqui, claramente possuem este perfil, fundindo seus impulsos individuais perfeitamente. No processo eles transcendem gêneros, criando algo totalmente distinto. Os estrondosos acordes poderosos, que anunciam a abertura de "Dyscalculia", são acompanhados pelo ostinato do baixo escorregadio de Hoff, O funk ímpar de Smith e os repiques alternadamente líricos e escaldantes de Lewis; a música surge com um fervor punk corajoso, mas com um espírito de free-jazz, especialmente quando os quatro vão além da batida e levam sua improvisação para os limites externos. Grande parte da música do álbum encontra seu apelo através da tensão entre seus modos díspares; a irresistibilidade do balanço e da melodia em "Interwhining" torna-se ainda mais atraente quando é compensada pelos momentos de liberdade que surgem no final da faixa, quando os músicos estão simplesmente avançando, desatentos aos confinamentos da métrica e da estrutura. "Babel-17", dedicada ao mestre da ficção científica, Samuel Delany, é outro exemplo, onde uma cabeça extremamente intensa, novamente impulsionada pelos acordes poderosos de Mendoza, logo se move para reinos mais amorfos, enquanto Smith afrouxa o pulso o suficiente para dar a Mendoza a chance de se entregar a uma exploração interestelar de guitarra-surf, antes de regenerar o impulso para catalisar um solo tórrido de Lewis.

Embora sua ferocidade seja bastante implacável, a música ocasionalmente oferece um pouco de descanso ao ouvinte, como na faixa título, onde o melodismo de Lewis vem à tona quando o saxofonista voa pela música cativante de Mendoza sobre um ritmo mais moderado. "Ten Forward" inicia em uma veia igualmente reflexiva, conforme o acompanhamento espartano de Mendoza sofre gritos lamentosos de Lewis, embora o baixo de Hoff distorça e as tendências rítmicas inquietas de Smith logo empurram Lewis em alguns de seus mais ferozes sopros, conduzindo Mendoza para seguir o exemplo brilhantemente. Ele fornece o acabamento perfeito para um álbum empolgante que exige encontros repetidos.

Faixas: Dyscalculia; Echolocation; Interwhining; Babel-17; New Ghosts; Diablada; The Stumble; Ten Forward.

Músicos: Ava Mendoza (guitarra); Devin Hoff (baixo); James Brandon Lewis (saxofone tenor); Ches Smith (bateria).

Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)