Marc Copland é um saxofonista que encontrou seu instrumento,
artisticamente confinante, com o propósito de expressar sua visão. Assim, ele
invocou seu treinamento de piano na infância (as memórias sinápticas intactas) para
fazer a passagem para o teclado. Os resultados têm sido mágicos. Sua arte com
os anos 88 perde apenas para o final de Bill Evans, e um argumento para sua
superação de Evans poderia ser feito. Sua discografia ostenta mais que quarenta
álbuns como líder, iniciando em 1988 com “My Foolish Heart (JazzCity)”, mas seu
perfil cresceu acentuadamente, quando ele se conectou com a Pirouet Records,
no lançamento em trio, “Some Love Songs (2005)” e seu tríptico de álbuns do New
York Trio para o selo: “Vol.1 Modinha (2006)”, “Vol. 2 Voices (2007)” e “Vol. 3
Night Whispers (2009)”, com as cadeiras embaralhadas de estelares companheiros
de trio.
O resultado final: Marc Copland é provavelmente melhor
conhecido por seus trabalhos em trio. Com a possível exceção de Bill Evans, ninguém
tem consistentemente trabalhado com tal requinte e sucesso, com um hábil toque
sutil e profunda harmonia, e criou uma beleza estonteante.
Porém, o trabalho de Copland como instrumentista de sopro
não deve ser esquecido. Os trompetistas Ralph Alessi, Randy Brecker e Tim
Hagan, tão bem quanto os saxofonistas Greg Osby e Dave Liebman, contribuíram
com sua capacidade artística para as gravações de Copland. Agora, com “Someday”,
Copland recruta o saxofonista Robin Verheyen, em uma excursão do quarteto, que inclui
o veterano baixista Drew Gress e o baterista Mark Ferber. Considerando os
lançamentos previamente mencionados pela Pirouet, isto é menos
identificável como um caso de todas as estrelas. O baterista Ferber e o saxofonista
Verheyan não têm os perfis sofisticados de companheiros de gravações anteriores
de Copland como o baixista Gary Peacock ou o guitarrista John Abercrombie ou o
baterista Paul Motian. Mas todos os três estão presos na visão de Copland de
como as coisas devem soar—a elasticidade da melodia, fluida espontaneidade, o
gosto pelas surpresas e o abraço da beleza. O resultado: um dos mais finos
trabalhos de Copland e certamente seu melhor lançamento em quarteto até esta
data.
O disco inicia com a familiar "Someday My Prince Will
Come". Copland entra na melodia como se fosse algo sagrado. Verhetyan o
segue lá, abrindo as portas da igreja para Gress e Ferber, que se junta na
criação de oração de quatro vias, sussurrada e reverente. A inédita de Copland
"Spinning Things" segue apresentando interação nervosa de quatro vias.
O trabalho de bateria de Ferber inclina-se para o pouco ortodoxo, com uma
abordagem que traz Paul Motian e Jon Christensen à mente. O solo de Copland
flutua como uma nuvem. Seu toque aqui não é afetado pela gravidade, é delicado
e fluente, mais leve que o ar, como sempre em seus projetos solos —o
maravilhoso “Nightfall (InnerVoiceJazz, 2017)” e o deslumbrante “John
(Illusions Mirage, 2020)”.
"Dukish" foi composta por Verheyen. É um tributo a
Duke Ellington, com o autor soprando em altos registros no saxofone tenor sax com
um toque suave, assumindo a cadeira do saxofonista alto Johnny Hodges em um
arranjo solto.
Incluiu também mais dois standards—"Let's Cool
One" de Thelonious Monk, que soa como se fosse muito divertido tocar, e o encerramento,
"Nardis" de Miles Davis, com Verheyen trazendo Ben Webster à mente.
O teclado que abre a porta para este álbum bem-vindo ao status
de melhor trabalho do quarteto de Copland: a flexibilidade e compatibilidade de
Gress, Verheyan e Ferber com conceito há muito estabelecido de beleza refinada
com melodias memoráveis de Copland incorporadas em ondas de profundidade
harmônica com suas imersões secundárias na magia do líder.
A música é mágica nas mãos deste grupo, e Marc Copland é o
mestre mágico.
Faixas: Someday
My Prince Will Come; Spinning Things; Dukish; Let's Cool One; Round She Goes;
Encore; Day And Night; Nardis.
Músicos: Marc Copland: piano; Robin Verheyen: saxofone; Drew
Gress: baixo; Mark Ferber: bateria.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=fKTONzc4EWQ
Fonte: Dan
McClenaghan (AllAboutJazz)