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sábado, 24 de março de 2007

Tânia Maria : Jazz made in Brazil

Fonte : Revista Veja por Ed Motta

Tania Maria: cidadã do mundo e voz de parar o trânsito

Quando fui convidado para escrever na Veja on-line, a idéia era uma coluna sobre gastronomia e suas variantes, vinhos, chás, cervejas. Sendo a música uma necessidade vital em minha vida, sugeri uma trilha semanal para coluna, mostrando a capa do LP (sim na maioria dos casos LP e não CD). Recebo muitos e-mails sobre as músicas, a maioria delas discos que não existem em CD, ou mesmo em vinil. É preciso paciência e sorte de se encontrar nos sebos e feiras de vinil, minhas igrejas de áudio.

Mas escrevo sobre música pela primeira vez na coluna por ser um tópico realmente excepcional. A temporada de duas semanas de Tania Maria no Teatro da Fecap em São Paulo que se inicia nesta quinta, 22 de março.

Brazil With My Soul, da minha coleção

A primeira vez que vi-ouvi Tania Maria foi no programa de Monsier Lima na TV, no começo dos anos 80. Não me lembro da música, mas da imagem da Tania ao piano e fazendo scats. Era um dos meus primeiros contatos com o jazz. Outro momento marcante para mim foi em minha primeira tournê na Europa em 1992. Quando entrei no meu quarto em Londres, liguei o rádio e tocava um samba-jazz rapidíssimo com um solo de piano e voz de parar o trânsito, era Tania Maria, falava o locutor com sotaque do ator Charles Laughton.

Comecei a colecionar os discos dela, os primeiros gravados no Brasil mais ligados à Bossa, os realizados na França quando desde então ela se estabeleceu como cidadã do mundo, e a fase norte-americana com apoio do vibrafonista Cal Tjader, um entusiasta da música brasileira que trabalhou com Chico Batera e João Donato.

O piano internacional de Tania Maria tem uma palheta de rica de influências. Muitos braços do jazz, como a máquina rítmica de Horace Silver ou a mão esquerda eternamente moderna de McCoy Tyner. Ela já me confidenciou que um de seus favoritos é Winton Kelly.

Os discos gravados nos EUA pelo selo Concord, traziam a influência do funk e do jazz moderno, fusion. Esses foram os que comprei inicialmente, Piquant, Taurus, Love Explosion, etc.

Tania Maria: temporada no
Teatro Fecap, em São Paulo

Meu primeiro encontro com ela ficou registrado em meu DVD. Alguém da produção entrou no camarim comentando que a Tania Maria estava lá e queria dar um abraço antes do show. Eu pensei, não é possível. Insisti falando que a Tania morava na França e não acreditava que ela estava lá. Meu DVD não tinha participações, a minha mestra apareceu como um presente dos céus. Improvisamos em cima do tema Funky Tamborim.

Ano passado ela participou do meu show no lendário clube de jazz parisiense New Morning. Inclusive bebemos um Pommard 2003 do Pacalet na passagem de som.

Os shows em Sampa têm a participação de Mestre Carneiro, um percussionista de rara sensibilidade e alma gêmea dos ritmos intrincados de Tania.

Recomendo comemorações pantagruélicas após o concerto da mestra, que é imperdível para os amantes da boa vida.

Um comentário:

Gabriel Góes disse...

Estou mesmo pensando em dar um pulo à SAMPA para assistir a esse show! Alguem me acompanha?