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domingo, 1 de abril de 2007

Assessora de Encrenca - João Gilberto e um show privê

Pessoal,
Depois de muita procura nas livrarias de Salvador, não consegui comprar o interessante e engraçado livro "Assessora de Encrenca" por aqui. Comprei pela Internet pela "americanas.com". Chegou rapidinho, sem problemas.

Neste livro, a Gilda Mattoso, assessora de imprensa, conta, com muita desenvoltura e detalhes, casos de bastidores peculiares e intrigantes envolvendo personagens da nossa música. Vinícius de Morais, Tom Jobim, João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, entre outros são humanizados. Ao término de cada crônica, entre boas gargalhadas, ficamos conhecendo um pouco mais do ser humano atrás da personagem idolatrada.

Vale a pena!

"João Gilberto em um show privê.
É enorme o folclore que cerca João Gilberto e todo mundo tem um caso para contar sobre ele. Comigo não é diferente. Durante muito tempo (não sei se ainda hoje), João Gilberto raramente saía de casa de dia, mas fazia grandes passeios de carro à noitinha, ele próprio ao volante, pelos mais diversos lugares do Rio. Durante um período, logo depois da morte de Vinicius, João teve por hábito me fazer longos telefonemas para falarmos de Vinicius. Um dia, convidou-me para um daqueles passeios. Argumentei que tinha que acordar cedo no dia seguinte pra trabalhar, mas dada a insistência, topei. Ele me pegou na Gávea, onde eu morava, e seguimos pela orla por São Conrado, Barra, Prainha, Grumari. Chegando à serra da Grota Funda, paramos num quiosque quase deserto (naquela época podia-se fazer isso). De dentro de uma casinha muito simples surgiu um senhor que, ao que parecia, mantinha os melhores cocos verdes pra servir a João, freguês assíduo, mas em horários superimprováveis. Paramos o carro pra tomar a água de coco e o senhor começou a bater papo conosco. Pelo andar da conversa vi que ele não tinha qualquer idéia de quem João fosse. Fiquei na minha até que o senhor perguntou:
— Seu João, e a viola? Não veio?
João abriu a mala do carro, tirou seu violão e começou a tocar e cantar para aquele fã único e privilegiado que, soube depois, já merecera vários concertos privês de João. Enquanto João cantava e tocava, pensei em quantos milhões de pessoas no mundo dariam tudo pra ouvir um show exclusivo como aquele. A certa altura do concerto, o senhor se aproximou de mim e comentou:
— Seu João toca que é uma beleza, mas canta tão fraquinho!
— E virando-se para João e aplicando-lhe uns leves tapas nas costas, reclamou:
— Canta seu João, mas canta forte!" Gilda Mattoso em Assessora de Encrenca, páginas 45 e 46.

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