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domingo, 2 de setembro de 2007

Johnny Alf


Johnny Alf é mais um caso de genialidade subestimada. Precursor da bossa nova, Alf começou a influenciou os músicos da bossa nova Tom Jobim, Luís Eça, Carlos Lyra e Luís Bonfá, entre outros.
Tendo ficado viúva quando o músico tinha apenas três anos, a mãe de Johnny Alf conseguiu um emprego de lavadeira em uma família endinheirada que logo passou a tratar o menino da mesma maneira que tratava o filho, Luís Paulo Ribeiro, sendo os dois criados como irmãos.
Alf desde de cedo demonstrou aptidão para a música e aos nove anos começou a ter aulas de piano com uma amiga da família. Já entrando na adolescência começou a descobrir os compositores americanos Cole Porter e os irmãos Gershwin, além dos brasileiros Lúcio Alves, Custódio Mesquita, Garoto e Dick Farney. Aos quartorze anos de idade formou seu primeiro grupo, apresentando-se em festinhas nos finais de semana.
Neste período, trabalhando como assistente de contador e já escrevendo música, o aluno do colégio Pedro II foi convidado por alguns colegas a participar de encontros promovidos pelo Ibeu (Instituto Brasil-Estados Unidos) onde discutiam jazz, as músicas de cinema e assistiam concertos.
Depois de servir o exército, Alf passou a frequentar um outro grupo de amigos, fãs de Dick Farney, que costumava reunir-se para ouvir o ídolo. Sendo também admiradores de Frank Sinatra nomearam a confraria de Sinatra-Farney Fan Club. Aos encontros constumavam comparecer Nora Ney, Tom Jobim, Luís Bonfá e outros nomes que mais tarde deixariam o anonimato para dar corpo à bossa nova.
Certo dia ouvindo um LP de Red Rodney na casa de um amigo da família, a segunda faixa do disco era uma versão jazzeada da valsa Minute de Chopin, ao começar a terceira faixa alguém comentou- Isso dá samba! E Alf interveio, essa não, mas a anterior dá. Alguém lançou o desafio a Alf que foi para o piano e em quinze minutos compôs letra e música para seu samba “Seu Chopin, desculpe”.
Alguns poucos meses mais tarde o amigo de um amigo de Luís Paulo, César de Alencar contou que estava abrindo um novo nightclub e procurava um pianista que soubesse cantar tanto em português quanto em inglês. Feitas as devidas conexões, poucos dias depois Johnny Alf estava empregado na Cantina do César. Tom Jobim costumava passar por lá depois de se apresentar em bares só para ouvir o pianista tão cheio de novidades. O Tom, então um mero desconhecido, chegou a perdir-lhe para que o ensinasse seu estilo composicional e suas modernas e intrincadas harmonias.
Dois anos mais tarde, em 1952, na mesma cantina, Alf foi abordado pela recém eleita Rainha do Rádio, a atriz Mary Gonçalves, que incluiria em seu disco de estréia, Convite ao Romance, três composições do pianista: “Escuta”, “O que é amar”, “Estamos sós” e “Podem Falar”. Em setembro do mesmo ano fez sua primeira gravação, Falsetta, acompanhado pelo lendário Garoto ao violão e Vidal no contrabaixo. Passou a tocar em diversas boates como: Clube da Chave, Mandarim, Drink e também no nascedouro da bossa nova a boate Plaza, na avenida Princesa Isabel.
Em 1954, sentindo-se segregado da cena musical carioca, resolveu se mudar pra São Paulo ao ser convidado para abrir o bar Baiuquinha, na Major Sertório. No ano seguinte gravou um disco, para a gravadora Copacabana Brasil, que é considerado por muitos musicólogos como sendo o primeiro disco de bossa nova a ser gravado, três anos antes do álbum de estréia de João Gilberto, Chega de Saudade. Em 1961 foi convidado a participar da famosa noite da bossa nova no Carnegie Hall, mas recusou o convite. No mesmo ano gravou seu primeiro LP, “Rapaz de Bem”, fazendo no ano seguinte uma temporada carioca no Bottle’s Bar ao lado de grupos de sucesso da época, Sérgio Mendes, Luis Carlos Vinhas, Tamba Trio e outros. Seu trio era formado pelo extraordinário Edison Machado na bateria e Tião Neto no contrabaixo.
“Eu e a brisa”, provavelmente a música de maior sucesso do compositor, concorreu em 1967, na voz da cantora Márcia, do III Festival de MPB da TV Record, vencido pela efervecência tropicalista de Caetano e Gil com as canções “Alegria Alegria” e “Domingo no Parque”, respectivamente. A música viraria sucesso passado um mês do festival.
Nos anos 70 gravou os discos Ele é Johnny Alf pela Parlophon, (71), Nós (Odeon, 74) e Desbunde Total (Chantecler, 78) e passou toda a década seguinte longes dos estúdios voltando a gravar em 1990 o álbum Olhos Negros.
Em 1997, acompanhado do pianista e arranjador Leandro Braga prestou sua homenagem ao sambista Noel Rosa, gravando um álbum só de composições suas, desfazendo as críticas que o taxavam como um músico americanizado. Homenageou ainda naquele ano, em uma série de shows, o compositor de Aquerela do Brasil, Ary Barroso. Em 1999 ganhou um prêmio Shell por sua carreira e agradeceu: “ao público que sempre prestigiou minha música sofisticada e pouco comercial”.


Fonte : Site Ejazz

Um comentário:

Anônimo disse...
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