playlist Music

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

DAVID MURRAY & BLACK SAINT QUARTET - SACRED GROUND


David Murray lançava discos confusos , que veio a ser duro se manter atento às faixas. Poucos dos seus CD’s da década de 90 têm importância. Sua atitude contrária ao produzido pelos grandes selos , como “Ming and Home” , tem acalmado , e não para melhor , apesar da sua busca para se distanciar da sua fase inicial associada à “avant-garde” .

Mas sua recente produção no selo canadense “Justin Time”, com o qual tem uma parceria ideal , é um retorno à forma. “Sacred Ground” é uma esplêndida gravação. Ela oferece uma oportunidade, rara nestes dias, de se ouvir Cassandra Wilson em uma menos produzida sessão de Jazz. A combinação de sua voz rouquenha com o som denso e choroso de Murray é algo belíssimo. Neste contexto não pop é permitido perceber toda a excitação inicial que havia com Cassandra Wilson. Ela está convincente na interpretação da música de Ishmail Reed, velho amigo de Murray, sem exceder na dramatização, à maneira que Abbey Lincoln fez certa ocasião ao interpretar “Driva Man”. Com uma doce modulação ela dá um caráter mítico próprio ao blues ‘The Prophet of Doom”, escrito especificamente para ela por Reed , com referência entretanto a outra Cassandra.

Murray colocou um belo programa entre as vocalizações, com cinco peças originais com um dos seus melhores quartetos , o “Black Saint”. O pianista Lafayette Gilchrist deixa claro porque ele é o homem da hora com uma convincente performance. O baixista Ray Drummond e o baterista Andrew Cyrille atuam juntos com tamanha comunhão , que fazem as coisas fluírem naturalmente, desde uma peça mais “brilhante” como “Transitions” até uma marcha com influência do Tango em “Believe in Love”.

O líder por sua parte soa bem com experiência e entusiasmo jovial . Isto permite a Murray manter a qualidade dos seus solos, que ele nem sempre apresenta. Ele é um ótimo músico , e é prazeiroso ouvir o vibrato do seu clarinete-baixo em “Banished” ou seu fraseado característico em “Family Reunion”.

Classificação: **** (Muito Bom)

Fonte: DownBeat/John Corbett

Nenhum comentário: