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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

HOMENAGEM A NORMAN GRANZ


Norman Granz ,(na foto), é um dos nomes mais relevantes da história do Jazz , mesmo sem ser músico. Sua participação como produtor musical foi importantíssima para a consolidação do Jazz no panorama da música. Fã de Jam Sessions, gravou diversas , que só foram lançadas com a criação do LP , já que a duração das apresentações não cabia nos formatos existentes anteriormente. Foi o fundador dos selos Verve e Pablo e tido como o descobridor de Oscar Peterson. Hoje faz seis anos que ele faleceu. Segue um belo artigo de Nat Hentoff, colunista da JazzTimes , publicada na edição de março de 2002 .


NORMAN GRANZ: ADEUS, MEU AMIGO


“Não há na história do Jazz , disse-me , Clark Terry , alguém que tenha mais respeito pelos músicos que Noman Granz. Uma vez , alguns de seus contratados, Ella Fitzgerald ,Dizzy Gillespie, Benny Carter e eu iríamos nos apresentar em um local na Itália , onde não havia um camarim. Nós teríamos que nos trocar no frio. O produtor não entendia porque estávamos contrariados. Norman, simplesmente , disse : “Okay , Vamos ! “. O produtor estava gritando com Norman e ele com seu jeito implacável exclamou : “Vamos embora . Eu não exponho meu pessoal a este tipo de tratamento”.

Norman, também, respeitava os espectadores. “Quando promovo um concerto, ele me disse, eu tenho obrigação com aqueles que compraram o ingresso. Assim, a primeira coisa que faço é banir os fotógrafos que atrapalham o show em busca dos melhores flagrantes. A segunda coisa, e isto acontece quando há uma transmissão de TV ou gravação , é não permitir que haja amadorismo. O melhor concerto é aquele realizado como os músicos gostariam de fazê-lo”.

Mantinha, também, o respeito pelos futuros ouvintes. “Na Verve , Norman relembrou, a meu contador eu invariavelmente dizia. “Bem, porque você quer que eu demita Roy Eldridge e Ben Webster ?” A resposta era. “Eles não vendem”. E eu dizia : “Eles não vendem , mas são importantes e devem ser gravados. Eles simbolizam a Verve, assim não temos mais nada para discutir.”

Norman morreu em 22 de novembro de 2001, com 83 anos, em Genebra, após complicações decorrentes de um câncer, mas seu legado para o Jazz sobreviveu para sempre. Imaginem como seria a história do Jazz sem as gravações que Norman fez. Em 1954 eu escrevi na Downbeat. “Granz mais que qualquer outra simples força no Jazz apoiou aqueles artistas que formam a corrente principal da tradição do Jazz, artistas cujas raízes são a vida profunda deste gênero musical. Sem eles não haveria o moderno Jazz com suas diversas correntes”.

Muito se escreveu sobre a prisão de Norman e de seus músicos, que formavam a “Jazz at The Philarmonic” por detetives em Houston nos bastidores do palco onde se apresentariam em 07 de outubro de 1955. Como sempre Norman insistia que não haveria segregação racial na platéia. Ele mesmo removeu os cartazes de brancos e negros do auditório. Haveria dois shows naquela noite e, após o primeiro, os músicos estavam jogando cartas no camarim. Três detetives dizendo-se fãs de Jazz, surgiram, repentinamente, jogaram o dinheiro no chão e prenderam todos. Os policiais dirigiram-se ao banheiro, mas Norman bloqueou a passagem;”O que você está fazendo aí” , perguntou um dos detetives. “Observando você”, Norman respondeu. “Eu quero me assegurar que você não vai plantar alguma coisa” “Eu posso matá-lo”, disse o detetive pressionando o revólver contra o estômago de Granz.”Bem” ,Norman disse, “Se você irá atirar em mim, atire.” O policial retrucou que todos iriam para a delegacia. Norman alertou que 3000 ingressos haviam sido vendidos para a segunda apresentação. “Vocês terão o maior tumulto das suas vidas”, ele afirmou, ”porque eu estou indo para o palco dizer que o show foi cancelado e as razões.”

Um acordo, então, foi firmado. Os assistentes de Norman, Ella Fitzgerald e Illinois Jacquet foram presos com o compromisso que retornariam após o espetáculo. Eles ficaram na delegacia por uma hora e meia.

Sondado pela imprensa, Dizzy Gillespie foi perguntado sobre seu nome. Ele respondeu : “Louis Armstrong”. E assim apareceu nos jornais. Norman pagou U$50 de fiança e eles voltaram para o auditório, não sem antes um detetive pedir um autógrafo de Ella Fitzgerald. Norman pagou o melhor advogado que pode encontrar. As acusações foram retiradas e Norman obteve o dinheiro da fiança.

Como John Thurber escreveu no obituário de Granz no Los Angeles Times : “A crença de Norman era : Se você , geralmente , não sabe o que quer , esteja pronto para caminhar. E não olhe para trás “. Eu frequentemente entrevistei Norman e os músicos que com ele viajavam. Parte de alguns desses artigos está em “Let Freedom Swing: Norman Granz and Jazz at Philarmonic (1944-1957)”, uma tese em ciências humanas escrita por Tad Hershon, da Universidade de George Mason, que agora é o arquivista do Instituto de Estudos do Jazz. Eu sou grato a Tad por preservar as estórias porque sou um péssimo arquivista. Ele está trabalhando em uma completa biografia de Norman Granz , a ser publicada pela Harper Collins.”

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