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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

MEMÓRIA : Em Boa Companhia

No Canecão, Tom, Vinicius, Miúcha e Toquinho promoveram um dos shows mais aplaudidos da história da MPB
Foram seis meses em cartaz. Com direção de Aloysio de Oliveira, o Canecão, casa de shows que completou 40 anos em 2007, era incendiado por Tom, Vinicius, Miúcha e Toquinho.

Naquele mesmo 1977 em que os punks mostravam sua cara ao mundo, Tom apresentara uma nova parceira de estúdio, Miúcha, com quem faria ainda outro disco, em 79. Foi dela, então, a voz feminina do encontro de Tom, Vinicius e Toquinho, previsto para durar algumas semanas em cartaz.

Além de ficar em cartaz por bem mais tempo, acabou se deslocando do Canecão para outras cidades e países. Em 79, chegou à Itália, onde foi registrado um material em vídeo, lançado em DVD com o título de “Musicalmente”.

A proposta era um revival da Bossa Nova. Em ótima companhia: os tarimbados Tom (1927-1994) e Vinicius (1913-1980), a já madura irmã de Chico Buarque e o violonista e compositor paulistano Antonio Pecci Filho, então com 31 anos entre uma orquestra com arranjo e regência do maestro Edson Frederico.

A produção e a direção musical eram doutro veterano, do Bando da Lua aos grandes shows e discos de Bossa Nova, do “Chega de Saudade”, de João Gilberto, em 59, ao “show do Carnegie Hall”, em 62: Aloysio de Oliveira.

Na contracapa do disco, lançado em CD no ano de 2000, sob tosco projeto gráfico, o Mago da Bossa-Nova profetizava: “Este show já nasceu feito. Estava somente esperando a hora de ser realizado.

Quando a gente se encontra participando de uma realização dessa natureza, não se tem a mínima idéia do que ela representa. Tenho certeza de que mais tarde chegaremos à conclusão de que participamos de um dos maiores momentos de nossa música”, terminando com o grito de guerra daquela turma: “Estamos aí”, música deles, Chico Buarque e um certo Aloli.

Há algumas incorreções, como ao creditar apenas a Tom Jobim a interpretação instrumental de “Wave”, deixando de lado as referências à orquestra. Antes, “Gente Humilde”, o belo hino de Vinicius, Chico Buarque e Garoto, simplesmente, não faz menção ao canto do próprio Vinicius, referindo-se apenas ao violão de Toquinho.

Também não há referência à terceira voz, desempenhada por Miúcha, ao lado de Tom e Vinicius, em “Garota de Ipanema”, que ganha um surpreendente arranjo soul no seu final.

E há outros hinos: do “Dia da Criação”, com Vinicius, à “Carta ao Tom”, devidamente respondida pelo próprio...
Henrique Nunes, Diário do Nordeste, Fortaleza/Ce

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