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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

PAUL BLEY - SOLO IN MONDSEE


Muitos dos inovadores da geração de Paul Bley encontram reconhecimento pelo clamor da atenção ou difíceis invenções. Muito da arte é indicativa de genialidade. As miniaturas intrincadas de Bley tendem a não ser reconhecidas. Uma vergonha porque ele é um dos primeiros artistas do jazz a cultivar a eloqüência do silencio.

Sua particular qualidade meditativa é fácil de apreciar em peças curtas. Assim, surpreendemente, “Solo in Mondsee” é seu primeiro álbum solo editado pela ECM em 35 anos. Nas dez faixas a essência de Bley é transparente, impositiva e atemporal, ainda que não estática. Presumivelmente improvisada, suas idéias dividem-se em dez segmentos. Cada uma assemelha-se com as outras, criando a ilusão de consonância.

Bley cria temas incessantemente quase contidos.Quando ele começa esculpindo uma melodia , você se encontra envolvido, certo de que está seguindo uma trilha , só que, repentinamente, o mapa da estrada desaparece, deixando você sem um marco e perdido em meio a várias possibilidades.

A faixa sete, abre com um figura brilhante , dentro dos espertos “standards” de Bley. Por um momento você se sente como se estivesse na canção “The Song is You” , mas então mergulhamos em uma descendente em fração de segundos , da base do teclado até colidir com crescentes acordes como um inesperado banco de areia movediça. A partir daí outra melodia tenta tomar forma, mas é dissolvida pelos devaneios de Bley.

Um dos paradoxos é que Bley encontra um sentimento de imobilidade e contemplação através do esquema de cruzamentos lentos com ocasionais agitações e explosões em contrapontos desarticulados, como na faixa oito, através do cenário da sua imaginação. Cada momento é um trabalho de arte, não um componente a ser copiado ou repetido. Este é o espírito de “Solo in Mondsee”. É familiar , ainda que único.

E então como as últimas notas decrescem , fui !

Fonte : Downbeat / Robert Doerschuck
Cotação : ****(Muito Bom)

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