playlist Music

segunda-feira, 23 de junho de 2008

JAMES CARTER - PRESENT TENSE [EMARCY/UNIVERSAL (2008)]


O Multi-saxofonista James Carter tem sido prontamente reconhecido como mestre em muitos instrumentos e estilos desde sua auspiciosa primeira gravação no início dos anos 90, freqüentemente operando fora do alcance dos radares , enquanto mantém um consistente e qualitativo conjunto de performances.

Com o lançamento de “Present Tense”, Carter deixa-nos saber exatamente onde ele se encontra em um belo conjunto de músicas com lirismo e concisas performances , colhendo um profundo senso de “swing” e deixando sua curiosa imaginação viajar livre com a assistência de uma ótima banda.

As músicas , a maioria das quais com duração de 4 a 7minutos, apresentam um concentrado e disciplinado enfoque. “Rapid Shave” é um antigo “swing” mostrado em um tempo fulgurante, com Carter tocando saxofone barítono , acompanhado pelo toque percussivo e pesado do pianista D.D. Jackson, apresentando uma influência abstrata e embasada no blues de Don Pullen. A similaridade do tempo bop de Gigi Gryce, na sua composição “Hymn of the Orient”, demonstra que a banda está totalmente no ponto com arranjo angular, não desperdiçando tempo com firulas desnecessárias , então, repentinamnete , o abandona com um floreio de uma suave coda.

Os pontos altos do set incluem duas execuções no clarinete baixo .“Bro. Dolphy” expressa a admiração de Carter pela singular influência de Eric Dolphy no instrumento em questão. A firme pegada bop surge em uma elegante balada, antes de se perder em uma vasta referência impressionística ao clássico de Dolphy, “Out to Lunch (Blue Note, 1964)”. E , como Dolphy, o baixo clarinete de Carter soa aveludado, emocionalmente expressivo e tecnicamente ágil.

O mesmo ocorre em “Shadowy Sands,” de Jimmy Jones, que foi uma rara apresentação da estrela da orquestra de Duke Ellington , Harry Carney , no baixo clarinete . Uma confortável alternativa ao fluido fraseado de Carter na linha melódica , é o sublime som do trompete de Dwight Adams, que transita de uma lânguida batida latina para firmes artifícios sonoros.

O álbum apresenta poucas faixas adocicadas, como a versão de “Pour Que Ma Vie Demeure” de Django Reinhardt , que encontra Carter oferecendo algum “romance” no soprano , coadjuvado pelo primoroso acompanhamento de Jackson. A batida do estilo abolerado espanhol de “Sussa Nita” é suportada pela bela harmonização do guitarrista convidado Rodney Jones, cujos solos dá ares sofisticados como de músicos como Kenny Burrell e Melvin Sparks, enquanto o percussionista Eli Fountain adiciona um benvindo toque colorido nas harmonias. O álbum encerra com “Tenderly” , que parece uma impecável peça de uma trilha sonora de um filme “noir”, evocando a tentativa de pegar , à noite , um táxi no subúrbio ou algum verão úmido.

As ecléticas escolhas de Carter continuam em uma inflexão hip-hop na faixa “Song of Delilah,” com alegres, rápidos e simultâneos solos entre o sax e o trompete e uma benvinda lembrança da pouca conhecida “Dodo's Bounce”, uma pérola da era bebop do pouco reconhecido pianista Dodo Marmarosa, que tem Carter na flauta, Adams usando a surdina e a deliciosa intervenção de Victor Lewis.

Esta sólida apresentação na linha tradicional soa como antigo (no melhor sentido), com profundas raízes no blues e “swing” e um exploratório, mas nunca sacrificante , enfoque pessoal de Carter , enquanto mantém seu lugar na tradição do jazz .

Fonte : All About Jazz - Greg Camphire

Nenhum comentário: