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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A HISTÓRIA ORAL DA BOSSA NOVA


A interminável comemoração dos 50 anos da bossa nova tem produzido alguns lampejos consistentes e, ao redor deles, estardalhaço, redundância , até falsas polêmicas. O livro "Eis aqui os Bossa-Nova" (Martins Fontes, 238 págs., R$ 37,50), de Zuza Homem de Mello, pertence ao primeiro grupo. É obra construída entre 1967 e 1969 e lançada originalmente em 1976, que só agora recebe uma primeira reedição, revista e ampliada pelo escritor e musicólogo. Repetindo um trabalho que havia feito com o jazz, ele montou uma espécie oral do movimento, a partir da fala direta dos próprios participantes.


No decorrer das páginas, intercalam-se 24 dos principais nomes da música brasileira do intervalo 1958-1968 , de Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes e Nara Leão a Elis Regina, Geraldo Vandré e Caetano Veloso. João Gilberto, já evasivo naquela época, concedeu entrevista ao autor, mas não permitiu que fosse gravada e utilizada.


Nota-se que desde então se consolidavam formulações de consenso sobre o que havia sido a bossa nova, o que faz com que narrativas e interpretações reapareçam de modo repetido nas vozes de vários participantes.


Zuza, por seu turno, opta por uma intervanção discreta, com algumas notas curtas entre as falas dos artistas. Mas intervém de modo implícito, principalmente no modo de encadear os depoimentos. É fácil perceber sua interpretação oculta, por exemplo, no começo do livro, focado em Johnny Alf (na foto), " o grande guru" do início segundo Carlos Lyra, e no final ocupado por um longo depoimento de Milton Nascimento.


Fonte : Carta Capital / Pedro Alexandre Sanches

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