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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

PATRICIA BARBER – THE COLE PORTER MIX (BLUE NOTE)


Patricia Barber e Cole Porter não devem ter espíritos assemelhados, mas suas almas musicais estão em considerável sintonia. Nascidos no meio-oeste com aproximadamente um século de diferença, cresceram espantosamente eruditos, espirituosos e inteligentes (muitas vezes ao ponto da fria indiferença) e , ainda, quase cegamente românticos. Assim, parece singular, que no curso de duas décadas, a cantora, compositora e pianista tenha apenas uma vez utilizado o repertório de Porter, incluindo “Easy to Love” em seu álbum de estréia em 1989 , “Split”.

Agora , por fim, ela faz um longo mergulho na obra de Porter e o resultado é revigorante . Deixe Barber interpretar “I Get a Kick Out of You” como um sonolento acenar de cabeça de amantes satisfeitos, então ouça “In the Still of the Night” em um vigoroso trote e revisite “Easy to Love” como uma sombria bossa nova que escala da sensualidade calorosa a um belicoso abandono. A nova letra adicionada a “You’re the Top,” incluindo referências para Alice Waters, a Princesa Diana e os Clintons, é a mais imaginativa desde que Anita O’Day reinventou “You’re the Bop” há cinco décadas atrás.

Brilhantemente acompanhada pelo seu trio regular já há alguns anos—o baixista Michael Arnopol, o guitarrista Neal Alger e o baterista/percussionista Eric Montzka (com Neil Smith, um recém integrado ao grupo de Barber , aparecendo em três faixas)— ela também recebe uma estelar assistência do saxofonista Chris Potter em cinco músicas enriquecendo as oito gemas apresentadas . Barber adiciona três composições próprias , todas buscando capturar a alma de Cole .

Entretanto Porter, um mestre da elegância proveitosa, jamais escolheria o título desajeitado “I Wait for Late Afternoon and You” para estruturar uma canção (completa com rimas internas que ele adorava) e tema sofisticado (um clandestino encontro amoroso) como um puro Cole. Também, a composição de Barber “Snow” , habilmente, ecoa seu ardor para o rol das músicas constantes do CD. O encerramento com “The New Year’s Eve Song” é a menos afinada com o estilo de Porter, ainda que provocantes fantasias clichês da meia-noite são vigorosamente espertas. Se há um desapontamento com “ The Cole Porter Mix” é que Barber não revolve o material utilizado mais profundamente. Considerando o agudo e sofisticado senso de humor, deveríamos ouví-lo e dizer “Always True to You in My Fashion” ou “I Hate Men.”

Fonte : JazzTimes /Christopher Loudon

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