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domingo, 23 de novembro de 2008

ELIANE ELIAS - BOSSA NOVA STORIES (Blue Note Records[2008])


Para a maioria das pessoas, a bossa nova começou em 1962, o ano em que o disco do saxofonista Stan Getz “Jazz Samba (Verve, 1962)” e o compacto em 45rpm "Desafinado" revolucionou os álbuns pop e as paradas de sucesso dos “singles”. Naquele outono, "Desafinado" vendeu aproximadamente 500.000 cópias e até o final do ano a América viveu a loucura da bossa nova . Mas em seu nascimento no Brasil, a bossa nova emergiu por volta de 1958, e 2008 tem sido declarado o seu 50° aniversário. O ano tem tido um incontável lançamento de discos de bossa nova, alguns divinos outros nem tanto.

“Bossa Nova Stories” toca os extremos. A vocalista e pianista , nascida em São Paulo, Eliane Elias cresceu com a bossa nova e, desde que migrou para Nova York no início da década de 80, tem gravado diversos álbuns celebrando o estilo. Entre os que obtiveram sucesso está “Sings Jobim (Blue Note, 1997)”, apresentando o trabalho seminal do compositor Antonio Carlos Jobim (autor de Desafinado e co-autor de "The Girl From Ipanema"), em que foi acompanhada por Michael Brecker,no saxofone tenor, pelo violonista Oscar Castro Neves, pelo baixista Marc Johnson e pelo baterista Paulo Braga.

O grupo retorna com “Bossa Nova Stories”, sem o saxofonista (falecido em 13/01/2007 após complicações com leucemia [NR]), mas com a adição de uma orquestra de cordas em metade das 14 faixas. Sete canções são clássicas, a maioria familiar, incluindo "Desafinado" e "The Girl From Ipanema." As outras sete são recolhidas do grande repertório norte-americano. Elias canta as bossas novas em português e os “standards” em inglês. Seu melífluo, mas muscular piano, com seu opulento bloco de acordes, aparece em diversos solos, mas é geralmente subserviente à sua vocalização, que é rica, calorosa e mais atraente que em “Sings Jobim”.

O álbum divide-se quase que precisamente à metade , com a primeira das seis faixas obtendo mais sucesso que as oito subsequentes. "The Girl From Ipanema" e "Desafinado" têm leituras suntuosas , ambas fazendo bom uso dos arranjos de corda de Rob Mathes e em "Desafinado" há alguns dos mais fortes trabalhos de piano de Elias. Duas outras amadas bossas novas, "Chega De Saudade" e "Estate" são incluídas, junto com um par de “standards”, que se encaixam bem ao estilo leve do ritmo. Se você nunca ouviu antes "The More I See You" de Warren e Gordon e "They Can't Take That Away From Me" de George e Ira Gershwin, provavelmente assumirá que foram escritas originalmente como bossa nova.

Estas seis primeiras faixas são um sonho, exuberante e amoroso, um bálsamo para as almas fatigadas. Mas a disposição não é sustentada durante a execução da segunda parte do disco. Os ‘standards” não combinam bem com a bossa nova, muito menos os arranjos, e as interpretações de Elias do material brasileiro são comuns.

A metade das faixas que abrem o álbum empurram-no para fora da zona morta. Entrementes, uma completa comemoração do 50° aniversário da bossa nova espera o lançamento de “Stan Getz: The Bossa Nova Albums (Verve, 2008)”,uma caixa incluindo cinco discos de Getz, gravados entre 1962 e 1963.

Faixas: The Girl From Ipanema; Chega De Saudade; The More I See You; They Can't Take That Away From Me; Desafinado; Estate (Summer); Day In Day Out; I'm Not Alone (Who Loves You?); Too Marvellous For Words; Superwoman; Falsa Baiana; Minha Saudade; A Rã (The Frog); Day By Day.

Músicos: Eliane Elias: vocal e piano; Oscar Castro Neves: violão; Marc Johnson: baixo; Paulo Braga: bateria e percussão; Toots Thielemans: gaita (7, 13); Ivan Lins: vocal (8); Orquestra arranjada e conduzida por Rob Mathes (1, 3, 5, 6, 8, 9, 14).

Fonte: All About Jazz / Chris May

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