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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

URI CAINE ENSEMBLE – THE OTHELLO SYNDROME (Winter & Winter)


Uma estátua de cerca de 7,5 metros do compositor italiano de ópera Giuseppe Verdi, que está na West 73rd Street , Broadway, vem a ser o nexo espiritual deste novo e fascinante projeto de Uri Caine. Pegando como mote Otello de Verdi, a figura que tem está na base da esculura e tem a face voltada para o leste, o mitológico mouro de Veneza serve a Caine como ponto de partida temático. Estilisticamente , Caine tem sido mais audacioso, decidindo que se Verdi pode ficar no meio de um local onde estão diversas correntes musicais de Manhattan, então seu Otello pode ser , similarmente, hibridizado em sua reconcepção.

O resultado foi , presumivelmente, mais coerente para a audiência que assistiu a primeira apresentação deste trabalho , em 2003, na “Biennale Festival” em Veneza, onde Caine foi o diretor musical. Italianos que são criados imersos na música de Verdi não tiveram dificuldade em captar, prontamente, as alusões a esta obra prima da arte operística, mas os não-italianos têm mais dificuldades em captar as principais passagens do libreto original de Arrigo Boito, falado pelo ator italiano Marco Paolini, e em inglês pelos poetas e vocalistas da criativa equipe de Caine, incluindo Bunny Sigler, Sadiq Bey e Julie Patton.

Dando primazia ao ritmo e à expressão dramática, Bey é o mais surpreendente dos “Othellos”. Sua interpretação de “Othello’s Confession”, uma excitante lição de como pode ser o hip-hop. Bey interpreta o castigo merecido do mouro em “Iago’s Credo”, mas a esperta e manipulativa vilania é pouco alterada . Com forte dramaticidade, Sigler interpreta o “standard” , “The Death of Othello”, doce , terno e agonizante , após imaginar a enormidade de sua culpabilidade e conseqüências fatais. Sigler também prova está irresistível como intérprete de Philly Sound com seu lastimoso vocal em “She’s the Only One I Love.”

O brilhantismo dos instrumentistas mais que contrabalança os lapsos conceptuais de Caine. Ao lado dos teclados de Caine , na linha de frente estão Joyce Hammann no violino, Achille Succi no clarinete, Ralph Alessi no trompete e Nguyên Lê na guitarra. Gravado em um período de três anos em estúdios de cinco diferentes países, “The Othello Syndrome” é, obviamente, uma peça que exige meticulosa e hábil execução. Enquanto competente e eclético não haverá entusiasmadas controvérsias, pois o coração aponta para a beleza da partitura de Verdi.


Fonte : JazzTimes / Perry Tannenbaum

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