playlist Music

domingo, 12 de abril de 2009

JEFF “TAIN” WATTS – WATTS (TAINISH CHAMBER MUSIC)


Tanto quanto Charles Mingus, Jeff “Tain” Watts pensa e escreve tão firme como toca. Esta combinação de cuidadosa consideração e execução intensa possibilita ao dinâmico e veterano baterista fazer sentir sua presença firme ou suave neste seu audacioso álbum. Watts, que tem como companheiro o saxofonista Branford Marsalis, um compadre musical desde os tempos em que participou do quinteto de Wynton Marsalis no início dos anos 1980. O ás do trompete Terence Blanchard e o robusto baixista Christian McBride completam a poderosa linha de frente, que atua com fogosidade, suavidade e calibrado senso de destreza na improvisação, que às vezes margeia o campo da telepatia, nunca deixando de lado as surpresas.

A comparação com Mingus é mais que incidental.Watts cita como chave para sua inspiração o álbum do gigante do baixo lançado em 1960, “Charles Mingus Presents Charles Mingus”, ambos com um visceral quarteto sem piano e devoção similar para o uso da música como potente denunciador das iniqüidades e sofrimentos do dia a dia. Watts também compartilha com Mingus a habilidade de simultaneamente saudar e estender diversas tradições do jazz, em formato de aberturas e conclusões, que encoraja constantes aventuras.

Felizmente, para desfrutar do novo trabalho de Watts você não necessita conhecer sobre a influência de Mingus, ou ser capaz de reconhecer, neste vívido álbum, o retrato da “ Watts Towers” em Los Angeles, uma das mais voláteis comunidades da era dos direitos civis. Nem necessita saber o que especificamente o inspirou para compor qualquer uma das dez canções. Porque o que faz Watts se mover é a combustão do consistente instrumental através dos perfis individuais e visões compartilhadas dos quatro músicos do disco.

Lá se vão 18 anos desde que Watts gravou como líder, e seu crescimento e confiança como baterista e compositor são palpáveis. Seu toque propulsivo, bem como seu modo de compor , encontra um fino equilíbrio entre o muscular e o cerebral, alegre e comovente. Ele não sola até próximo do fim da quinta faixa, “Dancin’ 4 Chicken” , que apresenta influência sulina e inicia com um delicioso solo de McBride, mas a presença de Watts é fortemente sentida.

Como os ícones da bateria, a exemplo de Art Blakey, Max Roach, Elvin Jones, Tony Williams e Jack DeJohnette, Watts está em constante movimento. Ele se engaja no trabalho, dialoga com seus colaboradores, que sustentam a impetuosidade da abertura de “Return of the Jitney Man”, culminando com a ação em uníssono do trompete e do saxofone em “The Devil’s Ring Tone” uma hora mais tarde.

Homenagens musicais abundam em Watts, mesmo que sejam dissimuladas, como o “Thelonious Monkismo” de “Dingle-Dangle”, o banho de blues que saúda Ornette Coleman em “Brekky with Drekky”, que apresenta um esplêndido solo de Branford Marsalis, que soa relaxado mesmo nos mais acelerados momentos, ou a arrepiante “Katrina James”, onde James Brown se encontra com New Orleans, que permite aos nativos Blanchard e Marsalis pagar um comovente tributo à sua sofrida cidade natal com particular eloqüência.

O quarteto é competentemente acrescido pelo pianista Lawrence Fields em “Owed … ”. Uma melíflua balada, que oferece uma bem colocada mudança para a tranquilidade e a benvinda lembrança da rara habilidade de Marsalis executar o sax soprano em temas suaves, sem saturar ou ser previsível.

Watts vacila só em “Devil’s Ring Tone: The Movie”. Os ouvintes serão capazes de rapidamente determinar a identidade do insosso “Mr. W” nas partes faladas nesta espinhosa sátira político-social. A canção leva aproximadamente sete minutos, diluindo seu impacto, inclusive no contexto do álbum. Por outro lado, Watts é realmente provocativo e inspirador.

Fonte: JazzTimes / George Varga

2 comentários:

fabiopires disse...

Tudo bem ??Conheci seu blog através do 'Farofa Moderna', parabéns pela iniciativa e gostaria de convidá-lo à comentar em meu blog: www.istoejazz-fabiopires.blogspot.com com o intuito de levar a nobre arte musical, em especial o jazz, aos mais longínquos lugares da web (rsrs).Visitarei mais vezes o SPADJ.Abraços...

Edson Santos disse...

Fabio

É um prazer recebê-lo em noso blog.Visitaremos o seu, e, se possível, participaremos dele.

Saudações Musicais