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quinta-feira, 18 de junho de 2009

DAVE DOUGLAS & BRASS ECSTASY (GREENLEAF MUSIC [2009])


Com seu pós-quinteto “Milesian”, agora no oitavo ano e seu principal grupo, baseado na eletrônica, no quarto, qualquer um que tenha familiaridade com o trompetista Dave Douglas sabe que há sempre algo diferente. Com um time que dá uma mexida em um velho conceito, “Spirit Moves” é Dave Douglas em sua plena alegria. Só com metais e bateria, é claro o movimento em direção às tradicionais bandas de New Orleans, mas apresentando trompete, trombone, french horn e tuba em sua própria complexidade e estilo.

Com concisas apresentações, persuasivos solos e muita interação excitante, “Spirit Moves” é um álbum para festa, com uma diferença: Há uma plenitude de suingue a ser encontrado graças à cortesia do baterista Nasheet Waits. Entretanto, o tubista Marcus Rojas, que trabalhou na mais marcante atuação experimental de Douglas em “Mountain Passages (Greenleaf-2005), divide igual responsabilidade criando boa música, que vai do pé à cabeça, e atinge o coração. O som rico que estes quatro metais criam, raramente conflitantes, possibilita alguns saltos na estratosfera de Douglas. E quase sempre no contexto de um engajamento rítmico como em “This Love Affair”, no funk visceral “Orujo”, na pegada baladeira de “Twilight of the Dogs”, ou no soul “Mr. Pitful” de Otis Redding/Steve Cropper, que aparecem em um álbum repleto de originais de Douglas.

A inclusão do “frenchornista” Vincent Chancy cria um suave suporte para as apresentações imaginativas de Douglas, seja nas linhas sincopadas que iniciam “Orujo”, como no brilho das harmonias verticais da tranqüila “The View from Blue Mountain”. “Bowie”, onde a forma encontra a liberdade, na peça mais complicada do disco, que é uma inequívoca homenagem ao falecido trompetista Lester Bowie com sua conhecida capacidade para criar complexas colagens com agudo senso de humor e enclicopédica mistura de ideias musicais. “Rava” está característicamente sem adorno e lírica, com a abertura executada por Douglas sobre a voz da tuba. Um tributo profundamente pessoal ao trompetista italiano Enrico Rava, que combina reverência da tradição com os mais modernos conceitos, onde breves dissonâncias criam complexas variações para suportar o vôo improvisacional de Douglas.

Harmonia sofisticada está também no âmago de “The Brass Ring”, a mais longa faixa do disco. Começa como um poema impressionista, mas gradualmente esquenta com a pulsação sincopada de Nasheet Waits com o restante dos metais suportando um derramado blues, representado pelo maravilhoso solo de Douglas, que está entre os seus melhores do álbum. O trombonista, Luis Bonilla, uma sólida âncora do “Brass Ecstasy” apresenta alguns finos solos, especialmente na vivaz “Great Awakening”.

Um participante da série “Icons Among US:Jazz in the Present Tense”, Douglas tem sempre procurado caminhos para casar conceitos tradicionais com uma visão vanguardista. “Spirit Moves” é outro lançamento e capítulo distintivo no seu já volumoso trabalho. Este distingue-se como um dos mais divertidos, sem sacrifício de qualquer toque inovador, que tem marcado sua carreira, desde que surgiu como líder há quinze anos atrás.

Faixas: This Love Affair; Orujo; The View from Blue Mountain; Twilight of the Dogs; Bowie; Rava; Fats; The Brass Ring; Mr. Pitiful; Great Awakening; I'm So Lonesome I Could Cry.

Músicos: Dave Douglas: trompete; Luis Bonilla: trombone; Vincent Chancey: French Horn; Marcus Rojas: tuba; Nasheet Waits: bateria.

Fonte : All About Jazz / John Kelman

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