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sexta-feira, 31 de julho de 2009

JANE DUBOC – CANÇÃO DA ESPERA (BISCOITO FINO)


O compositor e instrumentista brasileiro Egberto Gismonti, apesar de hoje estar muito mais envolvido com a música instrumental e erudita, lá pelas décadas de 1970 e 80, chegou a compor várias canções. Elas foram gravadas por ele mesmo e também por cantoras como Elis Regina, Wanderléa,Olívia Byington e Jane Duboc, entre outras. Trata-se de uma obra densa, repleta de melodias difíceis, sinuosas, harmonias ricas e inesperadas e letras rebuscadas quase todas do poeta e amigo Geraldo Carneiro.

A mesma Jane Duboc, amiga e parceira do compositor desde o lindo “Água e Vinho”, de 1972, acaba de lançar “Canção da Espera”, em que celebra e reinterpreta a obra senpre atual de Gismonti. Uma ousadia e tanto que a cantora supera com o talento de sempre. O próprio músico, reconhecidamente perfeccionista, não só gostou como fez questão de dar os parabéns a todos os músicos envolvidos na empreitada.

Com este disco, Jane Duboc nos leva de volta para o futuro. Navega por canções inesquecíveis como “Bodas de Prata”, a linda “Auto-Retrato”, do antológico e cândido disco “Branquinho”, que traz também “Saudações”, em parceria com Paulo César Pinheiro, que ela regrava lindamente, entre muitas outras.

E entre os acompanhantes estão pelo menos dois dos parceiros antigos de Gismonti: o baixista Zeca Assumpção e o flautista e saxofonista Mauro Senise. Além deles, tocam no disco João Cortês, na bateria, Jorge Hélder , também no baixo, Pantico Rocha bateria e percussão, o Quarteto Bresser e Hugo Pilger no cello.

Para reger essa orquestra de bambas, Duboc convocou três arranjadores: Gilson Peranzetta, Fernando Merlino e Lula Galvão. Além desses todos, ela ainda conta com a participação do brasiliense Hamilton de Holanda no bandolim e dos cantores Peri Ribeiro, seu filho Jay Vaquer e da amiga Olívia Byington.

Num primeiro momento, o disco causa estranheza aos fãs da música de Egberto Gismonti. Toda a sua obra está extremamente ligada às suas interpretações instrumentais. A forma como toca piano e violão é inconfundível, imprimindo nelas sua marca definitiva. O compositor, no entanto, não está nas gravações. Apesar disso, a produção artística da própria Jane cria uma atmosfera própria, com personalidade forte. Mesmo com arranjadores diferentes, músicos que se alternam e um repertório tão marcante, nunca deixamos de ouvir a cantora no melhor do seu talento.

Para quem ainda não conhece as canções de Egberto Gismonti esta é uma oportunidade única, através de um disco primoroso. Para quem já ouviu, restam duas coisas: A primeira, mais óbvia, é se deleitar com as discretas reinvenções de Jane Duboc. A outra é lamentar, assim como fez a cantora, de que não caberia no disco toda a obra do compositor.

Fonte: Revista Fórum / Julinho Bittencourt (Coluna Toques Musicais)

NR : Este disco está disponível na Pérola Negra, localizada à Rua Marechal Floriano,28, Loja 01, Canela, Salvador.

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