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quarta-feira, 22 de julho de 2009

RECORDANDO LANÇAMENTOS – JOEL FRAHM


Inauguramos neste espaço a seção “RECORDANDO LANÇAMENTOS” com o álbum de Joel Frahm “Don´t Explain”, lançado em 13 de Janeiro de 2004. Periodicamente divulgaremos resenhas de discos interessantes lançados em anos anteriores ao corrente, que podem, por algum motivo, ter passado despercebidos aos amantes do jazz ou que sirva aos pesquisadores, nos quais me incluo, de “velhas” novidades. Afinal os “normais” têm suas manias.

Joel Frahm with Brad Melhdau – Don’t Explain (Palmetto 2004)

Encontrei Joel Frahm, pela primeira vez, em Washington D.C., em uma noite, após a competição “Thelonius Monk”, em que ele não foi classificado, apesar de ter tocado bem. Eu falei para ele, que havia soado forte naquela tarde. “Sim”, ele disse “mas como fiz a música se expressar?”.

Sempre um inspirado improvisador, Frahm tem buscado a correta mistura de emoção e técnica nos dois álbuns como líder, “Sorry, No Decaf” e “The Navigator”. Entretanto, a boa construção tem sido sua marca, deixando, às vezes, pouco espaço para a paixão. Seus álbuns anteriores foram embasados no formato clássico de um quarteto com piano. “Don´t Explain” é um dueto com Brad Mehldau e, comparativamente, é um enfoque único, que o leva a um novo nível de eloquência. É uma íntima troca de ideias entre dois velhos companheiros, que ilumina o lado sensível de Frahm. Elaboração cuidadosa será sempre a chave para o seu trabalho. Este álbum é marcado por um incomum entusiasmo.Talvez seja pela ternura dos “standards” que a dupla uiliza. “Smiles”, de Charles Chaplin, resulta em uma performance agridoce e juntos estabelecem uma tonalidade que aponta para os dois lados da moeda. A estruturação dos seus solos é exata.Eles criam uma peça completamente conversacional. Algo similiar acontece em “Mother Nature´s Son” onde a elaboração é marcada com episódios tristes e alegres. Mehldau está brilhante.Seja na rearmonização de “Oleo” ou na criação de linhas labirínticas em “East of The Sun”. Seu toque é fluido e abrangente e seu tempo é inequívoco.

A abertura de “Round Midnight” é um bom momento para mostrar a esperteza de Frahm. Antes que o tema chegue, ele constrói um gancho que o leva suavemente para a ação subseqüente. Seu sax tenor é claro e picante, especialmente na revisão que fazem da composição de Ornette Coleman, “Turnaround”. A melodia principal é uma mera sugestão. As construções são suaves e profundas.Chame-a de uma fantasia em blues e , finalmente, credite a Frahm o cultivo do sentimento que ele está procurando.

Fonte: Downbeat (Fevereiro de 2004) / Jim Macnie
Cotação: *** ½ (Bom)
NR: Creio que houve preciosismo do crítico. Cravo **** (Muito Bom).

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