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sábado, 4 de julho de 2009

“TIME OUT ", 50 ANOS


Em 28/06/09, Luiz Orlando Carneiro , estudioso e crítico de jazz , com livros já publicados sobre o assunto, escreveu, no Jornal do Brasil, a bela matéria, que segue, sobre o cinquentenário do disco “Time Out” do famoso quarteto de Dave Brubeck.

“Em 1° de julho de 1959, o já então consagrado quarteto de Dave Brubeck - com o sublime sax alto de Paul Desmond, a refinada bateria de Joe Morello e o baixo esperto de Eugene Wright - gravou Take Five e Strange Meadow Lark, duas das sete faixas do Lp "Time Out" (Columbia), com o qual o pianista - compositor iniciou uma série de três álbuns contendo peças desenvolvidas em compassos até então considerados "incompatíveis" com o beat jazzístico, como 5/4, 9/8 ou 6/4. A única composição de "Time Out" não assinada pelo líder era "Take Five" (5/4), de Desmond, inventada durante um ensaio do grupo, e que se tornaria um dos temas mais populares da história do jazz. Um compacto (single), com os 5m23 de "Take Five" de um lado e os 6m44 de "Blue Rondo à La Turk" (9/8) do outro, foi o primeiro disco instrumental eminentemente jazzístico a atingir a marca de 1 milhão de exemplares vendidos.

Na próxima quarta-feira, o legendário Brubeck, 88 anos, assume o palco principal do Festival de Jazz de Toronto, para celebrar os 50 anos daquela magnífica sessão que - completada por uma anterior (junho) e outra posterior (agosto) - integraria o Lp original (as faixas acima citadas mais "Three to Get Ready" e "Kathy's Waltz", variando entre 3/4 e 4/4; "Everybody's Jumpin" e "Pick Up Sticks", na base do 6/4). E no festival canadense, a lenda viva do jazz não vai apenas ser alvo de homenagens, louvações e ovações mais do que devidas. Vai tocar ao lado do fiel Bobby Militello (sax alto) - parceiro de muitos anos, no "papel" de Desmond (1924-77) - de Michael Moore (baixo) e Randy Jones (bateria), que podem ser apreciados no Cd "London Flat, London Sharp" (Telarc 83625), lançado em 2005, para comemorar o seu 85° aniversário.

Nas notas para a reedição em Cd de "Time Out", em 1997, Brubeck escreveu: "Paul Desmond, uma vez, disse que jamais se esperou que "Take Five" virasse um hit, até porque era para ser um solo de Joe Morello. Algumas pessoas podem até ser capazes de analisar, de modo científico, porque (a peça) conquistou o público, mas eu nunca consegui. Acho que deve ter sido a combinação inesperada de uma atraente melodia, de um ritmo insistente e do clima musical de um modo geral". A Sony vem de lançar um pacote comemorativo dos 50 anos de "Time Out", incluindo uma nova edição remasterizada do álbum original (pouco menos de 40 minutos no total); um Dvd com uma longa entrevista de Brubeck (25 minutos); e um Cd (cerca de 50 minutos) enfeixando oito faixas inéditas de apresentações do glorioso combo no Festival de Newport em 1961, 1963 e 1964.

Os fãs do longevo pianista-compositor devem ter em suas discotecas, certamente, não só "Time Out", mas também "Time Further Out"(1961) e "Time in Outer Space" (1962) - que formam uma antológica trilogia celebratória das riquezas polirrítmicas do jazz, a partir de temas memoráveis. Mas vale a pena encomendar a Legacy Edition da Sony (custo em tomo de US$ 25), principalmente por causa do segundo disco. Trata-se de uma rara documentação do quarteto, ao vivo, contemporânea da célebre trilogia gravada em estúdio, com versões mais longas de "Take Five" (7m18) e de "Blue Rondo à La Turk" (7m22), além das seguintes faixas: "Koto Song" (6m), "Waltz Limp" (4m57) e "Since Love Had Its Way" (6m19), composições do líder; "St. Louis Blues" (7m55), "Pennies From Heaven" (4m49) e "You Go To My Head" (9m36)”.

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