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domingo, 23 de agosto de 2009

FRED HERSCH POCKET ORCHESTRA - LIVE AT THE JAZZ STANDARD


Este álbum especial encaixa-se na categoria do tipo “tudo por ele mesmo”. Uma esperta e artística apresentação de composições originais do pianista Fred Hersch evocando imagens musicais de uma América que já se foi, talvez do início de 1900 a 1950, quando a vida era mais inocente do que hoje. Claramente jazzístico, incorpora elementos clássicos e outras estruturas e alusões musicais. Gravado ao vivo no “Jazz Standard”, todas as peças são composições de Hersch, manifestando suas atuais referências para complementar o espectro da música norte-americana.

A noção da “Pocket Orchestra” é uma boa e nostálgica música. A frase tem a conotação de uma música antiquada, bem como de um tempo anterior ao advento da gravação do som, quando a música era feita em casa com o pianista no centro e, talvez, um vocalista e outro instrumentista unindo-se ao grupo. A ausência do baixo em um grupo de jazz dá a Hersch a oportunidade para uma ampla variação de estilos musicais.

Os músicos têm boas performances e interagem bem entre si. Acompanhando Hersch ao piano estão o vocalista australiano Jo Lawry, que é muito sofisticado, servindo virtualmente como co-instrumentista, e havendo ou não uma influência australiana, algo há a ser considerado. O trompetista Ralph Alessi apresenta maravilhosas improvisações, enquanto o percussionista Richie Barshay dá suporte efetivo ao grupo, sendo comedido e utilizando toques e ornamentações padronizadas na bateria.

"Stuttering" move-se entre um “boogie rag” e “hard bop”. Seguindo a introdução de Hersch, há um dueto com Alessi com movimentos lentos, com pausas e recomeços repetidos e qualidade divergentes, sugerindo um tartumudeio."Child's Song" oferece um doce canto latino por Lawry, seguido por uma improvisação de Alessi, que, talvez, reflita o mais problemático lado da infância. "Song without Words #4: Duet" consiste em um tema estabelecido por Lawry com elaborações e variações instrumentais.

"Light Years" é um divertido jogo de palavras. O lirismo de Hersch evoca memórias de um despertar próprio da consciência. É um poético canto “à capellla” sobre aquelas primeiras experiências de sombra e luz: O que você pensa que é?. É a magia da vida refletida na luz e sombria penumbra. "Down Home" começa como uma canção “country” e envolve a evocação de uma banda de rua similar a "Putnam's Camp" de Charles Ives em “Three Places in New England”, onde o compositor criou o memorável efeito de duas bandas marchando e passando uma pela outra.

"Invitation to the Dance (Sarabande)" é uma peça luminar que sugere Bach com toques barrocos. A dança é um atrativo para o romance: "Só quando ele toma a mão dela, faz a vida iniciar". "Lee's Dream" é um testamento pré-bop com um entusiasmado acento. Estaria o compositor pensando em Lee Morgan? Talvez, talvez não. O “scat” uníssono no final dá um toque de qualidade ao número. "Canzona" é uma canção muito simples, sem palavras em estilo italiano. "Free Flying" é uma homenagem ao Cravo Bem Temperado de Bach, com grandes contrapontos das Fugas. Finalmente, "A Wish (Valentine)" vem a ser uma composição ao estilo de Hersch , com a letra muito bem interpretada por Lawry.

Faixas: Stuttering; Child's Song; Song without Words #4: Duet; Light Years; Down Home; Invitation to the Dance (Sarabande); Lee's Dream; Canzona; Free Flying; A Wish (Valentine).

Músicos: Fred Hersch: piano; Ralph Alessi:trompete; Jo Lawry:vocais; Richie Barshay: percussão.

Fonte : All About Jazz / Victor L. Schermer

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