playlist Music

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

RELEMBRANDO LANÇAMENTOS – SIR ROLAND HANNA


Em 30 de Setembro de 2003 foi lançado pelo IPO o disco de Sir Roland Hanna, “Tributaries: Reflections On Tommy Flanagan”, que foi resenhado na DownBeat por John Corbett, obtendo a cotação de **** (Muito Bom). Segue a crítica deste belo disco.

"Os pianistas Tommy Flanagan e Roland Hanna são originários de Detroit e emergiram como figuras importantes na cena jazzística na segunda metade dos anos 50. Foi o toque de Flanagan que puxou Hanna da atuação na música clássica para o jazz, sendo esta a razão de alguma tristeza em seu tributo. Flanagan morreu no final de 2001. Tristeza, entretanto, com um claro sinal de que a posição entre antigos jazzistas é estreita, pois Hanna faleceu um ano após Flanagan e só cinco meses depois de gravar este disco. É muito bom, que selos como o IPO façam belas documentações de um período, como neste caso.

A imersão inicial de Hanna na música clássica, ele estudou na “Eastman” e na “Julliard”, deixou uma notável marca em seu toque, particularmente evidenciada em contextos de solo.Ele possui o indelével suingue que os pianistas de sua geração necessitam para sobreviver, um bem construído sentido de tempo, que brilha, mesmo em movimentos sombrios, que não são muitos, ou solene, que são mais frequentes e contemplativos.

O programa é embasado em composições de Flanagan e outras peças associadas ao lirismo do mestre, incluindo “The Cup Bearers” de Tom McIntosh, cujos primeiros acordes demonstram a orientação clássica de Hanna, tornando-se depois brilhante, próximo ao inusual, com um inesperado desvio para um acento árabe, que quase leva a música para “Night In Tunísia”. Momentos impressionistas surgem inesperadamente, na leitura suave de Hanna para “A Child Is Born”, mas de tal forma, que demonstra competentemente, que aquele impressionismo tem uma profundidade que muitos pianistas contemporâneos esquecem, quando usam tais evocações. Debussy não necessariamente foi ácido ou agridoce, nem fez Hanna perder as latentes sutilezas emocionais nas baladas, como em “Never Let Me Go”. O que faz com o início de “I Concentrate On You” poderia ter vindo de um compositor romântico russo, mas Hanna de alguma forma faz uma junção com a clássica canção de Cole Porter. E faz com perfeição.

Há mais que um toque de blues em “Tributaries”, também, como na agitada “Tis” de Thad Jones e em “Things Ain´t What They Used To Be” de Mercer Ellington. Relevante e de alta classe. Tudo em um só momento.

Raízes no bop são evidenciadas em “Robin´s Nest”, que é energética e pulsante, enquanto a versão de “Body And Soul” permite a Hanna mover-se para longe do tema , desviando-o completamente à la Hawk. Esta é uma tática que ele usa frequentemente nos materiais mais familiares, tornando-o em um consistente estofo para a improvisação. Não apenas um modelo para contar a mesma velha estória.Um tributo para Flanagan sim, mas este disco é um tributo para Hanna,cujas atuações farão muita falta."

Nenhum comentário: