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domingo, 25 de outubro de 2009

VIJAY IYER TRIO - HISTORICITY (ACT Music [2009])


Há muita coisa que é excitante no trabalho do pianista Vijay Iyer e, da mesma forma, há muita coisa irritante. A excitação está na música e a irritação está no excesso de toques cerebrais que o cerca. A mais recente prova da última observação vem na apresentação de “Historicity”. Qualquer título de álbum que requer longas notas para enfatizá-lo, e que inicia elipticamente e gratuitamente com uma citação do filósofo italiano Antonio Gramsci, extraída do seu livro Cadernos do Cárcere, faz soar o alarme. Particularmente, quando a explanação dada está contida em palavras de uma linguagem simples: “Nós somos parte da maré da história”. E tudo isto para validar a inclusão de músicas conhecidas e dois originais, gravados anteriormente.

Como Iyer e seus publicitários frequentemente nos lembra, antes de vir a ser um músico em tempo integral, Iyer estudou matemática e física em Yale e na UC Berkeley. O rapaz tem inteligência. Nós podemos prosseguir ?. Porém, se ele não for cuidadoso, estará fazendo companhia ao saxofonista Anthony Braxton com sua postura seca e acadêmica e afastando-o de considerável audiência que sua música pode alcançar.

Aquilo que Iyer busca, claro, não é qualquer coisa em sua nova gravadora, ACT, que está a encorajá-lo. Desde a inesperada morte de Esbjorn Svensson, o selo alemão tem, presumivelmente, buscado um trio pianístico para substituir o E.S.T. de Svensson. O grupo de Iyer formado com o baixista Stephan Crump e com o baterista Marcus Gilmore é o achado. Como Svensson, a música de Iyer é sonoramente poderosa, é apresentada com intensidade, é tributária de outros estilos da música moderna e é, quase sempre, propelida por ritmos simples, mesmo quando usa tempos complexos. Sua música impacta, como a de Svensson fez, ou como Iyer expôs em algum momento: “ é como deixar as estruturas racionais passarem a ser intuitivas”.

Os pontos altos e bem desfrutáveis de “Historicity” são as músicas já conhecidas, a despeito da balançante faixa título, que é uma grande competidora. "Somewhere" de Leonard Bernstein, que a segue, é impulsionada pela percussiva combinação de um triplo e quádruplo tempo de Iyer sobre a sólida Crump, quatro em um acorde, seguindo o baixo. Uma grande faixa dada sua irresistível recalibragem. A próxima é "Galang” do artista hip hop M.I.A, com o apropriado subtítulo "Trio Riot Version", que verdadeiramente está no original e a impulsiona para longe.

Outras conhecidas composições são "Smoke Stack" de Andrew Hill, "Big Brother" de Stevie Wonder, "Mystic Brew" de Ronnie Foster e o destaque entre os destaques, "Dogon A.D.” de Julius Hemphill que, se o compositor tinha em mente a música misteriosa e a tradição das máscaras do povo Dogon do Oeste da África, acertou o alvo precisamente.

Um álbum galvanizante. Sem mais explicações. Por favor.

Faixas: Historicity; Somewhere; Galang (Trio Riot Version); Helix; Smoke Stack; Big Brother; Dogon A.D.; Mystic Brew (Trixation Version); Trident 2010; Segment For Sentiment #2.

Músicos: Vijay Iyer: piano; Stephan Crump: baixo; Marcus Gilmore: bateria.

Fonte : All About Jazz / Chris May

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