Parte do comentário de João Marcos Coelho para o Estadão.com.br.
Clássico, aliás, é o adjetivo que pode qualificar o excepcional CD Trio + 1 (selo Núcleo Contemporâneo), que está sendo lançado neste fim de semana com shows no Auditório Ibirapuera (hoje é o último deles, às 19 horas). É uma espécie de súmula de uma vida artística. No caso, a do pianista, compositor e arranjador Benjamin Taubkin. Ele alcança a plenitude da música improvisada ao lado de feras como Zeca Assumpção ao contrabaixo, o refinadíssimo Sérgio Reze na bateria/percussão e um convidado especialíssimo, o trompetista alagoano Joatan Nascimento. Todos têm muitos anos de estrada. Como a dupla Mehmari/Mirabassi, eles não carregam a angústia, mas sim a alegria e a espontaneidade de quem tem o que dizer ao fazer música improvisada. Ninguém precisa provar nada ou fazer pirotecnias vazias.
Gravado ao vivo, o CD traz apenas seis faixas, três delas assinadas por Taubkin (seu piano, aliás, tem a densidade e o toque emocional de um Keith Jarrett, sem, no entanto, limitar-se a uma clonagem); Reze, aleluia, tem a sutileza que raramente se vê em bateristas brasileiros; do Zeca, não há o que falar, ele é absoluto em seu instrumento. Mas o destaque fica com o trompete de Joatan. Nos quatro temas autorais (Joatan assina o delicioso Baianinho) respira-se a rítmica nordestina; o baião e o xaxado ora afluem à superfície, ora são contidos.
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