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terça-feira, 17 de novembro de 2009

VILLA-LOBOS : 50 ANOS DE AUSÊNCIA FÍSICA


Há 50 anos, aos 72 anos, partia Villa-Lobos, (na foto), em seu Trenzinho Caipira para a imortalidade. Nascido em 05 de março de 1887 no Rio de Janeiro, aprendeu violoncelo em uma viola improvisada por seu pai, Raul Villa-Lobos, funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador, Sua mãe, Noêmia Monteiro Villa-Lobos, o queria médico.

Em 1912 ficou órfão. Apresentava-se em cafés, teatros e bailes tocando violoncelo.Frequentava a Lapa, bairro boêmio do Rio, onde fez amizade com Donga, João Pernambuco,Ernesto Nazareth, dentre outros expoentes da música popular brasileira. Em contato com os “chorões”, tomou gosto pelo violão. No período de 1905 a 1912 empreendeu suas famosas viagens pelo Brasil travando conhecimento com nossa riqueza musical. Conta-se que ele, literalmente, sumiu por uns três anos, levando sua mãe a providenciar uma missa, imaginando que havia morrido.

Em 1915 realizou seu primeiro concerto com suas composições e, em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, com três espetáculos. Em 1923 viajou para Paris, onde voltaria em 1927, financiado por amigos e pelos irmãos Guinle.

A importância da obra de Villa-Lobos para nossa música é incontestável, como comprovam até hoje as polêmicas sobre ela. Para uns, ele é o criador de uma música essencialmente brasileira, para outros é o símbolo do atraso e do conservadorismo.

O maestro e compositor Gil Jardim, autor de “O Estilo Antropofágico de Villa-Lobos”, crê que já é o momento da obra de Villa-Lobos falar por si mesma. “Temos depurado nossa percepção de seu legado e a obra vem conquistando crescente autonomia pelo seu valor intrínseco”. Já a compositora Jocy de Oliveira utiliza o poeta Ezra Pound para classificar Villa-Lobos. ” Ezra Pound disse que um escritor se divide em três categorias: aquele que inventa e, portanto, muda história; aquele que é um mestre e consegue captar com maestria as idéias dos outros e aquele que copia. Parece que Villa-Lobos foi tudo isso.Ele extrapola rubricas”

A dicotomia nacionalistas versus vanguardistas dificultou a revisão da imagem de Villa-Lobos. Parece que 50 anos depois a imagem ideológica associada a ele está se dissipando, ressurgindo com vigor a essência da sua obra, possibilitando uma melhor compreensão. Isto pode contribuir e muito com a formação de novas bases para a orquestração e estruturação formal das composições.

Parece que o Trenzinho Caipira que o levou já está bem distante, mas há sempre a possibilidade de o encontrarmos na próxima estação.

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