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quinta-feira, 11 de março de 2010

DAVE HOLLAND OCTET – PATHWAYS (Dare2 Records)


Dave Holland, mais que um gigante do baixo, é um compositor e bandleader, antes dele só Charles Mingus, que pensa e ouve tão intensamente quanto toca. Assim, este britânico luminar, estabelecido em Nova York, cria o máximo impacto emocional e significado com cada nota cuidadosamente produzida por ele. Ao menos em uma instância em “Pathways”, a influência de Mingus é literal, bem como conceitual. Está presente a maneira esperta em que a seção intermediária em que seu telúrico e eloquente solo em “How’s Never” alude à influência gospel de Mingus em suas linhas de abertura em “Better Git It in Your Soul” em 1959.

Um mestre da concisão, coesão e propulsão— três qualidades muito evidenciadas em “Pathways” — Holland evoca, também, a música social no espírito de Miles Davis, em cuja banda ele trabalhou entre 1968 e 1970. Sua atuação incluiu os históricos álbuns “In a Silent Way “ e “Bitches Brew”, bem como uma performance com Miles Davis no histórico festival inglês na Ilha de Wight em 1970.

Verdadeiramente um músico para todas as estações, Holland, 63 anos, trabalhou com Ben Webster, Coleman Hawkins, Anthony Braxton, Bonnie Raitt, Carlos Santana, Cassandra Wilson, o mestre tunisino do oud , Anouar Brahem, Pat Metheny dentre outros. Ele tem, também, dois álbuns solos em seus créditos (o belo “Emerald Tears” de 1977 e o similarmente impressivo “Ones All” de 1993), junto com um álbum solo de cello (“ Life Cycle” de 1982). “Pathways” é seu segundo álbum da década passada a ser gravado no Birdland em Nova York. É o seu primeiro com seu octeto, que ele competentemente ancora com o dinâmico baterista Nate Smith e Steve Nelson no vibrafone e na marimba. Eles estão junto aos veteranos companheiros de banda de Holland, o saxofonista tenor e soprano Chris Potter e o trombonista Robin Eubanks. Este núcleo central é acrescido competentemente pelo saxofonista barítono Gary Smulyan, pelo trompetista/flugelhornista russo Alex Sipiagin e pelo saxofonista alto Antonio Hart, que regularmente substitui Potter no quinteto de Holland. Juntos estes oito músicos combinam a flexibilidade e uma série tonal e qualificada de uma polida big band com a intimidade e o risco momentâneo de um pequeno grupo que trabalha por telepatia.

Isto está aparente no início da primeira música, a segura faixa-título “Pathways”. Ela demonstra a força do solo do saxofone barítono de Gary Smulyan, um veloz ataque do trompete de Alex Sipiagin e o primeiro de várias oportunidades para Holland, cuja sólida consistência no trabalho do baixo tem uma admirável sensibilidade e livres invenções adicionais. Mesmo antes do álbum atingir o clímax com “Shadow Dance” um opus de 15 minutos que encontra Antonio Hart e Chris Potter engajados em um galvanizante diálogo de saxes, seguindo o habilmente modulado solo de bateria de Nate Smith , é uma bem sucedida performance clara de um dos mais bem equipados grupo de jazz. Atual e vital, o octeto soa firme e organizado, mesmo nos momentos mais agitados. A barulheira , sustentando “Ebb and Flow” sugere o que deve acontecer se a cidade de New Orleans fosse temporariamente relocada para o Brasil, enquanto a suntuosa balada “Blue Jean” oferece um solo engenhoso do sempre surpreendente Steve Nelson.

Como Holland tem, virtualmente, feito com suas bandas anteriores, ele providencia uma plataforma para que seus colegas de “Pathways” atuem em um individual e coletivo senso de cooperação. O resultante espírito de generosidade e cooperação, enfaticamente, serve a cada composição, vai do começo ao fim em cada uma das sete canções do álbum (cinco assinadas por Holland), que crava cerca de 75 minutos , mas não contém uma simples nota estranha ou gesto. Miles e Mingus adorariam.

Faixas

1. Pathways 10:46
2. How's Never? 13:03
3. Sea of Marmara 9:02
4. Ebb and Flow 10:48
5. Blue Jean 7:28
6. Wind Dance 9:10
7. Shadow Dance 15:06

Fonte: JazzTimes / George Varga

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