Os fãs de Egberto Gismonti provavelmente esperavam que ele tocasse em seu novo CD duplo como o álbum de 1997, “Meeting Point”, lançado pela ECM, com a participação da “Lithuanian State Symphony Orchestra”, com as convenções clássicas sobrepujando as tradições jazzísticas. Gismonti é apenas o compositor de “Sertões Veredas: Tributo à Miscigenação” (“Desert Paths: A Tribute to Miscegenation”), no primeiro disco. Seu piano e violões clássicos, excelentemente elaborados com 14 cordas, estão ausentes. Os músicos são conduzidos por Zenaida Romeu e sua orquestra feminina de cordas, a Camerata Romeu. O segundo disco, entitulado “Duetos de Violões” (“Guitar Duets”), é um duo realizado com o filho de Gismonti, Alexandre. Já que as notas do disco não nos explica quem está nos canais direito e esquerdo, nós avaliamos os artistas e deduzimos que Egberto toca primeiro em todas as faixas de duetos.
Comparado com o álbum “Meeting Point” , a suíte os “Sertões” é mais simples , mas alegre em sua simplicidade, ainda que apresente uma elaboração mais difícil. Gismonti compõe maravilhosamente e adequadamente para uma orquestra com cordas, começando com um tema soando como uma rabeca “Appalachiana” e posteriormente evocando vaqueiros brasileiros , choros, filmes, circo e danças rituais dos índios do Xingu . Mas a monotonia da textura das cordas impede os impulsos coloridos do compositor, quando comparamos esta nova peça com os trabalhos de Sol Do Meio Dia, Dança Das Cabeças, Mágico ou Infância. Como a miscigenação que Gismonti celebra é a diversidade cultural e geográfica de sua terra natal, a escolha da instrumentação permanece um paradoxo. O excelente encarte apresentado por Lilian Dias, generosamente suplementado com extratos das partituras, permite-nos avaliar as inspirações para as intenções de Gismonti e que ele as busca em Beethoven,Villa-Lobos, Bach, Stravinsky e no Xingu.
O CD “Guitar Duets” está mais parecido com a estética sonora de Infância, mas há diversas músicas reprisadas, incluindo “Lundú,” “Palhaço” e “Dança dos Escravos”, que os antigos fãs de Gismonti já ouviram antes. Após mais de 75 minutos de “Sertões”, a simples amostra de pingo de chuva que nos acolhe a partir do canal esquerdo no início de “Lundú” são instantaneamente refrescantes. As acessíveis notas baixas dos violões construídos para os Gismontis vêm a ser mais evidenciadas na seção de baladas da faixa seguinte, “Mestiço & Caboclo”, antes do duo ganhar velocidade e nós sermos brindados com agitações harmônicas. Eletricidade e repetição de uma batida regular alcança proporções de Keith Jarrett com previsível encanto obtido através da execução de Alexandre no canal direito. Pulando para “Escravos” (a única faixa em dueto onde Egberto toca no canal direito) você encontrará a plenitude de uma fascinante percussividade e ações com toques rápidos de notas sucessivas. Em duas composições, uma do pai “Palhaço” e outra sua ,“Chora Antônio”, Alexandre prova ter sua própria força artística. As faixas carregam um sabor de bossa nova, mas a esperta citação de “Concierto de Aranjuez” de Rodrigo na segunda metade de “Antônio”, também mostra que Alexandre, como seu pai, está firmemente ligado nos clássicos.
CD1:
SERTÕES VEREDAS I-VII – Tributo à miscigenação
Camerata Romeu
Zenaida Romeu - condutor
Faixas :
01. Sertões Veredas I 13:27
02. Sertões Veredas II 12:34
03. Sertões Veredas III 9:03
04. Sertões Veredas IV 10:44
05. Sertões Veredas V 10:43
06. Sertões Veredas VI 9:54
07. Sertões Veredas VII - Palhaço Na Caravela 8:56
CD2:
DUETOS DE VIOLÕES – Guitar Duets
Alexandre Gismonti - violão
Egberto Gismonti - violão
01. Lundú 4:00
02. Mestiço & Caboclo 13:04
03. Dois Violões 5:15
04. Palhaço (solo: Alexandre Gismonti) 6:52
05. Dança Dos Escravos 8:12
06. Chora Antônio (solo: Alexandre Gismonti) 6:17
07. Zig Zag 10:05
08. Carmen 4:56
09. Águas & Dança 6:31
10. Saudações (solo: Egberto Gismonti) 4:31
Gravado em Agosto de 2006 e Abril/Maio de 2007
Data de Lançamento: 19 de Junho de 2009
Fonte : JazzTimes / Perry Tannenbaum
Comparado com o álbum “Meeting Point” , a suíte os “Sertões” é mais simples , mas alegre em sua simplicidade, ainda que apresente uma elaboração mais difícil. Gismonti compõe maravilhosamente e adequadamente para uma orquestra com cordas, começando com um tema soando como uma rabeca “Appalachiana” e posteriormente evocando vaqueiros brasileiros , choros, filmes, circo e danças rituais dos índios do Xingu . Mas a monotonia da textura das cordas impede os impulsos coloridos do compositor, quando comparamos esta nova peça com os trabalhos de Sol Do Meio Dia, Dança Das Cabeças, Mágico ou Infância. Como a miscigenação que Gismonti celebra é a diversidade cultural e geográfica de sua terra natal, a escolha da instrumentação permanece um paradoxo. O excelente encarte apresentado por Lilian Dias, generosamente suplementado com extratos das partituras, permite-nos avaliar as inspirações para as intenções de Gismonti e que ele as busca em Beethoven,Villa-Lobos, Bach, Stravinsky e no Xingu.
O CD “Guitar Duets” está mais parecido com a estética sonora de Infância, mas há diversas músicas reprisadas, incluindo “Lundú,” “Palhaço” e “Dança dos Escravos”, que os antigos fãs de Gismonti já ouviram antes. Após mais de 75 minutos de “Sertões”, a simples amostra de pingo de chuva que nos acolhe a partir do canal esquerdo no início de “Lundú” são instantaneamente refrescantes. As acessíveis notas baixas dos violões construídos para os Gismontis vêm a ser mais evidenciadas na seção de baladas da faixa seguinte, “Mestiço & Caboclo”, antes do duo ganhar velocidade e nós sermos brindados com agitações harmônicas. Eletricidade e repetição de uma batida regular alcança proporções de Keith Jarrett com previsível encanto obtido através da execução de Alexandre no canal direito. Pulando para “Escravos” (a única faixa em dueto onde Egberto toca no canal direito) você encontrará a plenitude de uma fascinante percussividade e ações com toques rápidos de notas sucessivas. Em duas composições, uma do pai “Palhaço” e outra sua ,“Chora Antônio”, Alexandre prova ter sua própria força artística. As faixas carregam um sabor de bossa nova, mas a esperta citação de “Concierto de Aranjuez” de Rodrigo na segunda metade de “Antônio”, também mostra que Alexandre, como seu pai, está firmemente ligado nos clássicos.
CD1:
SERTÕES VEREDAS I-VII – Tributo à miscigenação
Camerata Romeu
Zenaida Romeu - condutor
Faixas :
01. Sertões Veredas I 13:27
02. Sertões Veredas II 12:34
03. Sertões Veredas III 9:03
04. Sertões Veredas IV 10:44
05. Sertões Veredas V 10:43
06. Sertões Veredas VI 9:54
07. Sertões Veredas VII - Palhaço Na Caravela 8:56
CD2:
DUETOS DE VIOLÕES – Guitar Duets
Alexandre Gismonti - violão
Egberto Gismonti - violão
01. Lundú 4:00
02. Mestiço & Caboclo 13:04
03. Dois Violões 5:15
04. Palhaço (solo: Alexandre Gismonti) 6:52
05. Dança Dos Escravos 8:12
06. Chora Antônio (solo: Alexandre Gismonti) 6:17
07. Zig Zag 10:05
08. Carmen 4:56
09. Águas & Dança 6:31
10. Saudações (solo: Egberto Gismonti) 4:31
Gravado em Agosto de 2006 e Abril/Maio de 2007
Data de Lançamento: 19 de Junho de 2009
Fonte : JazzTimes / Perry Tannenbaum
Um comentário:
Isso é música de verdade, não só brasileira, mas universal, como expressão única da suprema arte!
Pudera um dia os vorazes consumidores de mídia parassem para ouvi-la com o senso crítico que nos separa dos outros animais...
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