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quinta-feira, 18 de março de 2010

RALPH BOWEN – DUE REVERENCE (Posi-Tone Records [2010])


“Due Reverence” é uma maravilha do começo ao fim. Todas as cinco composições do seu protagonista, o saxofonista tenor Ralph Bowen, apresentam altas doses de prazer de excelentes criações e execução impecável. São composições eruditas, pesquisando não só os aspectos musicais, mas algo mais, enfatizando-as, colocando emoção como se estivesse em um trapézio com mudanças evolutivas na entonação e modo de tocar. E, o melhor de tudo, há uma incrível invenção rítmica em cada elegia musical — de um trotante suingue para uma desafiante execução do ritmo de maneira não convencional.

Parece que Bowen é um magnificente observador e prospectador profundo da mente musical daqueles que ele deseja glorificar. Sua ágil canção "Less Is More", dedicada ao estimado guitarrista Ted Dunbar, começa com uma parcimoniosa apresentação do tema pelo guitarrista Adam Rogers. Isto é seguido pela maravilhosa banda, que inclui um espetacular uso do arco no baixo por John Patitucci, sombreado sutilmente pelo guitarrista Rogers nas passagens em tempo médio da música, com o baterista Antonio Sánchez, entrando por último no processo, atuando graciosa e soberbamente. É um aconchegante e prazeiroso início para este trabalho. "This One's For Bob", um tributo para o renomado saxofonista e astro das big bands Bob Mintzer, é uma composição estonteante, repleta de deliciosos movimentos e volteios rítmicos, apresentando um especialmente estelar Sánchez.

"Phil-osophy" é um tributo para o reverenciado compositor e clarinetista canadense, Phil Nimmons. A música disseca a arte de Nimmons com grande fervor e fino senso estético. Talvez o aspecto mais marcante da canção é o uso do colorido tonal, com o saxofone tenor tocando solenemente contra os movimentos extravagantes da guitarra de Rogers, enquanto o resto da banda providencia um vívido acompanhamento. "Mr. Scott" é memorável também. Contra a marcha clássica e o saltitante suíngue do ragtime, Bowen devenvolve um inesquecível encontro com James Scott, o pianista e compositor cuja música vem nas sombras da composição. É um bom veículo para o trompetista Sean Jones, que surge soando com graça. "Points Encountered" conta a estória de como o flautista Robert Dick reinventou a arte da respiração que influenciou um geração completa de instrumentistas de sopro que foram por ele despertados.

Ao longo do álbum Bowen é uma voz imponente cuja entonação atraente capta estridentes embalagens sonoras. Ele é gracioso e erudito, tocando longas linhas com classe e soberbo controle, sem indicação de qual será o próximo movimento. Ele está envolvido em sua exposição que o movimenta de forma linear, mas frequentemente move-se verticalmente e às vezes alcança vôos imaginativos, que são surpreendentemente memoráveis. Esta é uma gravação corajosa que apresenta grande profundidade e escopo, chamando a atenção para aspectos musicais que foram perdidos para o modismo e o glamour do comercialismo.

Faixas: Less is More (for Ted Dunbar); This One's For Bob (for Bob Mintzer); Phil-osophy (for Phil Nimmons); Mr. Scott (for James Scott); Points Encountered (for Robert Dick).

Músicos: Ralph Bowen: saxofone tenor; Sean Jones: trompete; Adam Rogers: guitarra; John Patitucci: baixo; Antonio Sánchez: bateria.

Fonte: All About Jazz / Raul d'Gama Rose

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