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terça-feira, 11 de maio de 2010

OSCAR PETERSON & ELLA FITZGERALD / DUKE ELLINGTON AND HIS ORCHESTRA (BISCOITO FINO)




A música nem sempre foi suave. Não, pelo menos, o jazz. Ele nasceu para que os oprimidos dançassem. No início humilhados pelos preconceitos de cor, esses homens e mulheres bailaram rudemente. Com o tempo, o jazz sofisticou-se , os ternos se tornaram solenes e isso significou algo bom para a música. Mas há quem discorde de sua liberação, quem se entedie dela, como Carrie Bradshaw, a glamourosa de Sex and The City. Enquanto se desequilibra sobre os saltos , a personagem detesta o jazz.

Ella Fitzgerald não era Carrie, por certo, mas também tinha glamour. Não nos pés, claro. Na voz. Seu cantar obedecia a dois mandamentos : o de ser entendida e o de superar todo o entendimento. Era nítida ao interpretar tanto a mulher ansiosa de Someone To Watch Over Me quanto menina exigente de A Tisket – A Tasket. Muitas vozes em uma são percebidas no magnífico Oscar Peterson & Ella Fitzgerald, gravado na Lausanne de 1953. Sobre o pianista Oscar Peterson, é preciso dizer que, neste disco, acompanha perfeitamente o humor de sua dama. Ella gostava de sorrir.

A certa altura, o saxofonista Lester Young entra para arrasar. Lírico, também animal, em Lester Leaps In. Os músicos de Peterson brilham naturalmente. Barney Kessel na guitarra, Ray Brown no contrabaixo. Essa alegria controlada pelos grandes também habita Duke Ellington and His Orchestra. Em Zurique ,1950, todos ultrapassam limites, algo antecipando a revolução que viria com Ornette Coleman e seu Free Jazz, em 1961. Até Johnny Hodges, elegância em pessoa, toca o cume do drama ao interpretar Violet Blue. Glamour, quem tem ?.

Fonte : CartaCapital / Rosane Pavam

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