Há pessoas que não fazem ideia de como tão boas elas são. Iremos parafrasear o saxofonista tenor Sonny Rollins comentando sobre o pianista britânico Stan Tracey, que liderava a banda do clube Ronnie Scott´s em Londres na década de 1960. "Ele imagina como tão bom ele é?". A pergunta de Rollins ainda é uma questão atual ( e décadas mais tarde, o endosso é ainda apresentado por jornalistas britânicos de música).
Assim, os Estados Unidos imaginam como são bons o trompetista Wynton Marsalis e a Jazz at Lincoln Center Orchestra ?. Visto de Londres, observa-se, mais particularmente o seu diretor, Marsalis, que em sua casa são atacados pelo seu conservadorismo (verdade) e falta de criatividade (ridiculamente falso) mais do que são louvados por seus méritos decorrentes da emocionalidade da música, da celebração da glória da tradição e da valorização do público para o desenvolvimento do jazz. Marsalis deve, certamente, ser um sincero e crítico severo do que ele denomina "a assim chamada avant-garde" , mas acusá-lo, como fazem alguns, de atrasar o curso do jazz é exagerar a sua importância. Gostaríamos que uma instituição como a Jazz at Lincoln Center existisse em Londres
O disco duplo “Vitoria Suite” é uma homenagem conjunta ao jazz, ao blues, ao flamenco do sul da Espanha e ao norte espanhol (a música folclórica basca). A primeira coisa a dizer é que não é uma revisitação a “Sketches of Spain (Columbia, 1960)” do trompetista Miles Davis. Enquanto o álbum de Davis foi construído sobre composições de autores espanhóis, Joaquin Rodrigo e Manuel de Falla (e outras do arranjador Gil Evans), “Vitoria Suíte” é inteiramente composta por Marsalis. Enquanto as palmas do flamenco, os jaleos (exortações vocais) e o cajón são motivos recorrentes em “Vitoria Suíte”, a mistura das influências do norte da Espanha e dos Estados Unidos não são profundas e nem têm relação de descendência como em “Sketches of Spain”. Ao contrário, Marsalis utiliza o toque espanhol, principalmente, para colorir a música.
Dito isto, há um pouco de ressonância nas faixas. O violonista Paco de Lucia participa em duas destas, transformando maravilhosamente a atmosfera com seu solo em "Buleria El Portalon" sobre uma feérica peça, palmas e uma seção rítmica de cajón. Marsalis, que sola somente três vezes no álbum, exibe seu talento na taciturna "Blood Cry", outra faixa antenada com o elemento flamenco.
O restante dos solos—e cada faixa é eriçada com improvisações— é compartilhado com o saxofonista e flautista Ted Nash, o saxofonista barítono Joe Temperley, o trombonista Chris Crenshaw, o pianista Dan Nimmer e o saxofonista tenor e clarinetista Victor Goines dentre diversos luminares da banda.
“Vitoria Suite” é inventivo, vitalizante, soberbamente apresentada e totalmente comprometida ao longo dos seus mais de 90 minutos de gravação.
Não será boa o bastante?.
Faixas: CD1: Big 12 (Gran Doce); Smooth In The Night (Suave En La Noche); Jason and Jasone (Jason y Jasone; Buleria El Portalon; Blood Cry (La Llamada De La Sangre); Inaki's Decision (La Decision De Inaki). CD2: The Tree Of Freedom (El Arboi De La Libertad; Askatasunaren Zuhaitza); Deep Blue From The Foam (Profundo Lamento Desde La Espuma); This Land And The Ocean (Esta Tierra y El Mar); Dato Street Fiesta (Fiesta En La Calle Dato); Basque Song (Cancion Vasca; Euskal Abestia); Mendizorrotza Swing.
Músicos: Wynton Marslis: trompete, diretor musical; Sean Jones: trompete; Ryan Kisor: trompete; Marcus Printup: trompete; Vincent Gardner: trombone; Chris Crenshaw: trombone; Elliot Mason: trombone; Sherman Irby: saxofone alto ; Ted Nash: saxofones alto e soprano, flauta, clarinete; Walter Blanding Jr: saxofones tenor e soprano; Victor Goines: saxofones tenor e soprano, clarinete, clarinete baixo; Joe Temperley: saxofones barítono e soprano, clarinete baixo; Dan Nimmer: piano; Carlos Henriquez: baixo; Ali Jackson: bateria.
Convidados: Paco de Lucia: violão acústico; Chano Dominguez: piano; Israel Suarez "El Pirana": percussão; Tomas Moreno "Tomasito": jaleos, palmas, stamps; Blas Cordoba "El Kejio": jaleos, palmas.
Fonte :All About Jazz / Chris May
Assim, os Estados Unidos imaginam como são bons o trompetista Wynton Marsalis e a Jazz at Lincoln Center Orchestra ?. Visto de Londres, observa-se, mais particularmente o seu diretor, Marsalis, que em sua casa são atacados pelo seu conservadorismo (verdade) e falta de criatividade (ridiculamente falso) mais do que são louvados por seus méritos decorrentes da emocionalidade da música, da celebração da glória da tradição e da valorização do público para o desenvolvimento do jazz. Marsalis deve, certamente, ser um sincero e crítico severo do que ele denomina "a assim chamada avant-garde" , mas acusá-lo, como fazem alguns, de atrasar o curso do jazz é exagerar a sua importância. Gostaríamos que uma instituição como a Jazz at Lincoln Center existisse em Londres
O disco duplo “Vitoria Suite” é uma homenagem conjunta ao jazz, ao blues, ao flamenco do sul da Espanha e ao norte espanhol (a música folclórica basca). A primeira coisa a dizer é que não é uma revisitação a “Sketches of Spain (Columbia, 1960)” do trompetista Miles Davis. Enquanto o álbum de Davis foi construído sobre composições de autores espanhóis, Joaquin Rodrigo e Manuel de Falla (e outras do arranjador Gil Evans), “Vitoria Suíte” é inteiramente composta por Marsalis. Enquanto as palmas do flamenco, os jaleos (exortações vocais) e o cajón são motivos recorrentes em “Vitoria Suíte”, a mistura das influências do norte da Espanha e dos Estados Unidos não são profundas e nem têm relação de descendência como em “Sketches of Spain”. Ao contrário, Marsalis utiliza o toque espanhol, principalmente, para colorir a música.
Dito isto, há um pouco de ressonância nas faixas. O violonista Paco de Lucia participa em duas destas, transformando maravilhosamente a atmosfera com seu solo em "Buleria El Portalon" sobre uma feérica peça, palmas e uma seção rítmica de cajón. Marsalis, que sola somente três vezes no álbum, exibe seu talento na taciturna "Blood Cry", outra faixa antenada com o elemento flamenco.
O restante dos solos—e cada faixa é eriçada com improvisações— é compartilhado com o saxofonista e flautista Ted Nash, o saxofonista barítono Joe Temperley, o trombonista Chris Crenshaw, o pianista Dan Nimmer e o saxofonista tenor e clarinetista Victor Goines dentre diversos luminares da banda.
“Vitoria Suite” é inventivo, vitalizante, soberbamente apresentada e totalmente comprometida ao longo dos seus mais de 90 minutos de gravação.
Não será boa o bastante?.
Faixas: CD1: Big 12 (Gran Doce); Smooth In The Night (Suave En La Noche); Jason and Jasone (Jason y Jasone; Buleria El Portalon; Blood Cry (La Llamada De La Sangre); Inaki's Decision (La Decision De Inaki). CD2: The Tree Of Freedom (El Arboi De La Libertad; Askatasunaren Zuhaitza); Deep Blue From The Foam (Profundo Lamento Desde La Espuma); This Land And The Ocean (Esta Tierra y El Mar); Dato Street Fiesta (Fiesta En La Calle Dato); Basque Song (Cancion Vasca; Euskal Abestia); Mendizorrotza Swing.
Músicos: Wynton Marslis: trompete, diretor musical; Sean Jones: trompete; Ryan Kisor: trompete; Marcus Printup: trompete; Vincent Gardner: trombone; Chris Crenshaw: trombone; Elliot Mason: trombone; Sherman Irby: saxofone alto ; Ted Nash: saxofones alto e soprano, flauta, clarinete; Walter Blanding Jr: saxofones tenor e soprano; Victor Goines: saxofones tenor e soprano, clarinete, clarinete baixo; Joe Temperley: saxofones barítono e soprano, clarinete baixo; Dan Nimmer: piano; Carlos Henriquez: baixo; Ali Jackson: bateria.
Convidados: Paco de Lucia: violão acústico; Chano Dominguez: piano; Israel Suarez "El Pirana": percussão; Tomas Moreno "Tomasito": jaleos, palmas, stamps; Blas Cordoba "El Kejio": jaleos, palmas.
Fonte :All About Jazz / Chris May
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