Anos atrás, no The Tonight Show, o apresentador Johnny Carson perguntou ao convidado Frank Sinatra que música ele desejaria ouvir “naqueles momentos românticos” . Sinatra, para surpresa do apresentador, respondeu que ele particularmente preferia ouvir trabalhos de Debussy, Ravel e outros impressionistas e românticos. Com “A Time for Love”, a legenda do trompete Arturo Sandoval salta do rápido, do pesado suíngue Afro-Cubano e do bebop ardoroso pelo qual ele é conhecido e apresenta 14 peças românticas com alma de uma carta de amor. Esta bela audição, não importa que momento ou aquele de Sinatra, que certamente conhecia seus trompetistas, deve ser desfrutado.
Com “A Time for Love”, Sandoval, mais uma vez, arrebata a coroa como o rei do trompete. Alavancando um sedutor e inteligentemente refinado arranjos orquestrais do mago das cordas Jorge Calandrelli e o sempre maravilhoso Shelly Berg, Sandoval usa seu largo som marcante, insinuante entonação e completa maestria na dinâmica e nuances melódicas para envolver esta seleção do grande e clássico repertório popular norte-americano com fervor e alma.
Desde que Charlie Parker apresentou décadas atrás o seu “Charlie Parker with Strings (Mercury, 1950)”, os músicos de jazz têm se colocado nos mais serenos ambientes, emulando artistas de concerto e sendo acompanhados por orquestras de cordas. Clifford Brown foi um dos primeiros trompetistas do jazz a fazê-lo também. Wynton Marsalis e Roy Hargrove os seguiram décadas mais tarde. Mais comercialmente, os álbuns de the Jackie Gleason com o som de Bobby Hackett fizeram o mesmo.
Para um trabalho de um jazzista este é o tipo de ambiente, onde a exibição de sua habilidade é restrita: a capacidade de pegar as coisas em amplo tempos baixos, tocar com lirismo e dentro da melodia — tecer maravilhas com o som. Sandoval faz tudo isto com brilhantismo. E, tal qual Louis Armstrong, Bunny Berigan, Chet Baker e Jack Sheldon fizeram, Sandoval também canta ("Estate").
Chris Botti, outro trompetista estelar que também participa do jogo da balada e do romance muito bem, aparece como convidado. Monica Mancini, um maravilhoso talento vocal, oferece uma bela interpretação de "Oblivion".
Poderia haver uma tendência para um sentimentalismo exagerado em um cenário orquestral, com açucarada intervenções das cordas e desnecessários exageros. Não aqui. Sandoval comanda o trompete e o trabalho, expondo nada mais que alma em seu maneiroso flugelhorn, mais aberto ou o trompete surdinado. Os arranjos estão muito bem construídos. A seção rítmica apresenta-se de maneira bonita e sem exageros, com um bom suporte musical e com o toque de ouro do piano de Berg.
A única pequena crítica é o enorme tamanho do CD — doze músicas mais duas faixas bônus, que apresenta os pianistas Berg e Kenny Barron, respectivamante. Apesar da música ser maravilhosa, há um pouco demais de coisa boa.
“A Time for Love” é um elegante e belo trabalho da capacidade artística de um verdadeiro mestre. Por enquanto Sandoval deve estar no tempo para o amor. Seu trabalho aqui é um maravilhoso mais do mesmo. Assim , baixem as luzes, brindem e saboreiem — e, por esta noite, deixe Frank na estante.
Faixas: Apres Un Reve (After the Dream); Emily; Speak Low; Estate; A Time for Love; Pavane pour une Infante Defunte (Pavane for a Dead Princess); I Loves You Porgy; Oblivion (How to Say Goodbye); Pavane; Smile; All the Way; Smoke Gets in Your Eyes; Windmills of Your Mind; Every Time We Say Goodbye.
Músicos: Arturo Sandoval: trompete, flugelhorn, vocal; Shelly Berg: piano; Chuck Berghofer: baixo; Gregg Field: bateria, percussão; Chris Botti: trompete (6); Monica Mancini: vocal (8); Kenny Barron: piano (14).Jorge Calandrelli: maestro; Bruce Dukov: primeiro violino; Natalie Legget: violino; Phillip Levy: violino; Charlie Bisharat: violino; Darius Campo: violino; Liane Mautner: violino; David Ewart: violino; Tamara Hatwan: violino; Razdan Kuyumijian: violino; Searmi Park: violino; Songa Lee: violino; Kevin Connolly: violino; Tiffany Yi Hu: violino; Robin Olson: violino; Darren McCann: viola; Harry Shirinian: viola; Keith Greene: viola; Alma Fernandez: viola; Dennis Karmazin: cello; Vanessa Freebairn-Smith: cello; Trevor Handy: cello; Christine Ermacoff: cello.
Fonte : All About Jazz / Nicholas F. Mondello
Com “A Time for Love”, Sandoval, mais uma vez, arrebata a coroa como o rei do trompete. Alavancando um sedutor e inteligentemente refinado arranjos orquestrais do mago das cordas Jorge Calandrelli e o sempre maravilhoso Shelly Berg, Sandoval usa seu largo som marcante, insinuante entonação e completa maestria na dinâmica e nuances melódicas para envolver esta seleção do grande e clássico repertório popular norte-americano com fervor e alma.
Desde que Charlie Parker apresentou décadas atrás o seu “Charlie Parker with Strings (Mercury, 1950)”, os músicos de jazz têm se colocado nos mais serenos ambientes, emulando artistas de concerto e sendo acompanhados por orquestras de cordas. Clifford Brown foi um dos primeiros trompetistas do jazz a fazê-lo também. Wynton Marsalis e Roy Hargrove os seguiram décadas mais tarde. Mais comercialmente, os álbuns de the Jackie Gleason com o som de Bobby Hackett fizeram o mesmo.
Para um trabalho de um jazzista este é o tipo de ambiente, onde a exibição de sua habilidade é restrita: a capacidade de pegar as coisas em amplo tempos baixos, tocar com lirismo e dentro da melodia — tecer maravilhas com o som. Sandoval faz tudo isto com brilhantismo. E, tal qual Louis Armstrong, Bunny Berigan, Chet Baker e Jack Sheldon fizeram, Sandoval também canta ("Estate").
Chris Botti, outro trompetista estelar que também participa do jogo da balada e do romance muito bem, aparece como convidado. Monica Mancini, um maravilhoso talento vocal, oferece uma bela interpretação de "Oblivion".
Poderia haver uma tendência para um sentimentalismo exagerado em um cenário orquestral, com açucarada intervenções das cordas e desnecessários exageros. Não aqui. Sandoval comanda o trompete e o trabalho, expondo nada mais que alma em seu maneiroso flugelhorn, mais aberto ou o trompete surdinado. Os arranjos estão muito bem construídos. A seção rítmica apresenta-se de maneira bonita e sem exageros, com um bom suporte musical e com o toque de ouro do piano de Berg.
A única pequena crítica é o enorme tamanho do CD — doze músicas mais duas faixas bônus, que apresenta os pianistas Berg e Kenny Barron, respectivamante. Apesar da música ser maravilhosa, há um pouco demais de coisa boa.
“A Time for Love” é um elegante e belo trabalho da capacidade artística de um verdadeiro mestre. Por enquanto Sandoval deve estar no tempo para o amor. Seu trabalho aqui é um maravilhoso mais do mesmo. Assim , baixem as luzes, brindem e saboreiem — e, por esta noite, deixe Frank na estante.
Faixas: Apres Un Reve (After the Dream); Emily; Speak Low; Estate; A Time for Love; Pavane pour une Infante Defunte (Pavane for a Dead Princess); I Loves You Porgy; Oblivion (How to Say Goodbye); Pavane; Smile; All the Way; Smoke Gets in Your Eyes; Windmills of Your Mind; Every Time We Say Goodbye.
Músicos: Arturo Sandoval: trompete, flugelhorn, vocal; Shelly Berg: piano; Chuck Berghofer: baixo; Gregg Field: bateria, percussão; Chris Botti: trompete (6); Monica Mancini: vocal (8); Kenny Barron: piano (14).Jorge Calandrelli: maestro; Bruce Dukov: primeiro violino; Natalie Legget: violino; Phillip Levy: violino; Charlie Bisharat: violino; Darius Campo: violino; Liane Mautner: violino; David Ewart: violino; Tamara Hatwan: violino; Razdan Kuyumijian: violino; Searmi Park: violino; Songa Lee: violino; Kevin Connolly: violino; Tiffany Yi Hu: violino; Robin Olson: violino; Darren McCann: viola; Harry Shirinian: viola; Keith Greene: viola; Alma Fernandez: viola; Dennis Karmazin: cello; Vanessa Freebairn-Smith: cello; Trevor Handy: cello; Christine Ermacoff: cello.
Fonte : All About Jazz / Nicholas F. Mondello
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