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segunda-feira, 12 de julho de 2010

ROBERTO FONSECA – AKOKAN


Acompanhando seu lançamento de 2007, ” Zamazu (Enja/Justin Time)”, o mestre cubano do piano, Roberto Fonseca, realça sua jornada dentro de uma pesquisa quase mística.Como a mítica Gilgamesh, o pianista se envolveu em uma jornada aparentemente sem fim, um salto de fé em algo desconhecido musicalmente, para encontrar o centro tonal da dor e do prazer, angústia e êxtase — e sim, na tradição do mito infinito, ele estabelece o enigma e a magia de um trabalho artístico que corre através de suas veias sob suas mão até as pontas dos seus dedos. Aqui ele junta notas em um belo colar de sons em busca do mistério do desafio humano, que produziu muita dor e triunfo.

“Akokan”, ele anuncia com prazer, é uma palavra em Yorubá que pode ser traduzida como “do fundo do coração”. Assim, Fonseca conduz sua banda de músicos favoritos através de uma trilha que examina relacionamentos, dos mais preciosos entre uma mãe e uma criança até baladas tristonhas. O resultado é música de esperança tocada em uma rica mistura de idiomas que vão do Yorubá para o espanhol e palavras típicas de Cuba. O jazz que Fonseca faz é unicamente seu. Sua música reflete uma entonação singular, envolta em emoções profundas que emerge de um sentimentalismo tributário das qualidades infantis para o questionamento de uma mente adulta. Os solos são cuidadosamente profundos, quase enfadonhos, com ideias que fluem lentamente, que ascendem como questões eternas e, então, descendem em ricas possibilidades musicais, que desempenha com técnica muscular e elegância textural. Ele traz a tradição de Peruchin e Emiliano Santiago, mesclada indelevelmente com o idioma do jazz do grande Frank Emilio Flynn. Entretanto, quando ele anuncia uma frase, idéia ou uma brilhante abordagem, tudo é Roberto Fonseca.

Como ele fez em “Zamazu”, o álbum começa com uma homenagem à sua mãe, a celebrada cantora Mercedes Cortes Álfaro que, apenas como ela fez no início do disco, parece abençoar o novo projeto do seu filho cantando um fragmento de uma canção popular com venerável sentimento. Fonseca então desfia — quase como uma suíte —sua réplica à benção para a sua jornada musical. Ele alimenta a energia daqueles que o mantém focado em uma terna resposta para a sua mãe com "Lo Que Me Hace Vivir". Seu deslumbrante perfil é quase imediatamente apresentado quando ele esquadrinha o âmago da canção. Sua fascinante característica percussiva, com a exploração do improviso na linha do baixo que acompanha o trabalho da mão direita, define seus pensamentos que emergem do densos grupos de notas.

Há espaço para Fonseca, que implacavelmente aprofunda suas ideias musicais — seus tons e texturas — para celebrar suas descobertas. Há também a reverente transcrição que torna um repertório clássico como seu. A bela versão de "Drume Negrita", mantida unida pela brilhante atuação de Javier Zalba no clarinete, é verdadeiramente inesquecível. "Siete Potencias" apresenta a vocalista Mayra Andrade, que vocaliza misticamente a litania dos santos; magnificente e etérea, ela adiciona ao álbum o que é perfeito em concepção e execução.

Faixas: Fragmento de Misa, Lo Que Me Hace Vivir; Drume Negrita; Siete Potencias (Bu Kantu); Bulgarian; Cuando Uno Crece; Lento y Despacio; Como En Las Peliculas; Pequeños Viajes; La Flor Que No Cuidé El Ritmo de Tus Hombros; Everyone Deserves A Second Chance; Cuando Una Madre Llama A Su Hijo.

Músicos: Roberto Fonseca: piano, voz; Javier Zalba: flauta (10), clarinete (3, 5), saxofone barítono (11); Omar Gonzalez: baixo (1--12); Ramsés Rodriguez: bateria (1--12); Joel Hierrezuelo: percussão(1--5, 7, 11, 12); Mayra Andrade: vocal (4); Raul Midon: guitarra, vocal (12);Mercedes Cortes Álfaro: vocal (1).

Nota : Este disco foi originalmente lançado pela ENJA Records e lançado no Brasil pela Biscoito Fino. Pode ser encontrado, em Salvador, na loja Pérola Negra, localizada na Rua Marechal Floriano, 28, Lj 01, Ed Norma Camozzato, Canela

Fonte:All About Jazz / Raul d'Gama Rose

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