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terça-feira, 3 de agosto de 2010

GREG REITAN - ANTIBES (Sunnyside Records [2009])


Greg Reitan iniciou o ano de 2009 com "Some Other Time (Sunnyside)", um disco espetacularmente gracioso. Ele finalizou o mesmo ano com outro álbum no mesmo nível, se não superior, de maturidade. “Antibes” é um trabalho de minuciosa performance pianística e expansiva grandeza. A gravação afasta a noção de que a música de Reitan é um amálgama de suas influências (Bill Evans e Keith Jarrett). Reitan é um pianista singular com uma técnica que o leva a ser um virtuoso na mais alta ordem.

Seu controle sobre o fraseado e a dinâmica é sublime. Seus dedos apresentam um toque forte, mas também o seu completo controle do som que deseja extrair de cada nota. Reitan extrai brilho de cada nota, aguda ou nas claves do baixo, ou se enfatiza uma parte de uma frase, a pressão varia do soberbamente firme para o pesado ou percussivo. Tudo dentro do mais apropriado sentido para a música.

"Antibes" e "Salinas" são dois exemplos. Ambas descrevem paisagens amadas pelo pianista, mas as músicas emergem dependendo do seu envolvimento com o ambiente. Em "Antibes" há um fino senso de leve beleza e vistas arrebatadoras, deste modo o pianista é delicado e bizantino em sua quase detalalhada descrição de cenas maravilhosas. Em "Salinas" os ataques do piano de Reitan são mais notáveis e firmes, deliberadamente repetitivos e arredondados, encorajados por um certo senso de descortínio de amplas paisagens. Durante seu acompanhamento do solo do baixista Jack Daro em "Salinas" cada nota é tocada com deliberada magnificência, encaixando-se na técnica singular de Reitan. O pianista emprega pressão exata com seus pulsos e dedos para cada nota, mesmo que deva tocar duas vezes uma sétima de dó no mesmo tema, o sentimento e a emoção de cada nota é sutilmente alterada para ganhar um efeito diferente em cada tempo.

Em “Antibes”, Reitan também emerge como um ótimo compositor. Sua música pode ser intensamente sensível. "Waltz for Meredith" é carregada de uma miríade de emoções sentimentais, e "One Step Ahead" é estimulante e desafiante, e suavemente balançada em "Giant Steps" de John Coltrane. "Late Summer Variations" é positivamente resplandecente. "September" é delicada. E, claro, "Antibes" e "Salinas" são épicas e pictóricas

Assim como ele está propenso a buscar oportunidades com compositor, Reitan ,o intérprete, dirige-se corajosamente além dos limites da segurança da melodia exata. Em "Time Remembers One Time Once" ele sintoniza Debussy através de Denny Zeitlin. "Fall" mostra uma profunda compreensão de Wayne Shorter. "Sympathy" tem um matiz respeitoso vindo de Jarrett.

Na reinterpretação de "In The Wee Small Hours Of The Morning" Reitan faz uma espetacular transposição, diminuindo o tempo da canção para um hipnótico torvelinho. Esta peça é a que melhor define a técnica de Reitan ao longo deste memorável disco, uma técnica que utiliza cada músculo e nervo do corpo para expressar o dinamismo da música.

Faixas: Antibes; For Heaven's Sake; Waltz for Meredith; One Step Ahead; Fall; Time Remembers One Time Once; Sympathy; September; Re: Person I Knew; Late Summer Variations; Salinas; In The Wee Small Hours Of The Morning.

Músicos: Greg Reitan: piano; Jack Daro: baixo; Dean Koba: bateria.

Fonte : All About Jazz / Raul d'Gama Rose

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