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sábado, 7 de agosto de 2010

STEVE COLEMAN AND FIVE ELEMENTS – HARVESTING SEMBLANCES AND AFFINITIES (Pi Recordings [2010])


Como fundador do movimento M-Base, o saxofonista alto Steve Coleman tem estado na linha de frente dos avanços das composições jazzísticas por 25 anos. Apartado das tradições com raízes nas diversas músicas da diáspora africana, a fusão intricada dos ritmos sincopados do M-Base e harmonias polirítmicas tem providenciado uma entusiástica e alternativa avançada para superar velhas convenções por quase duas décadas.

Um veterano como líder e mentor, Coleman tem colaborado com carreiras de companheiros como Geri Allen, Greg Osby e Cassandra Wilson, bem como nutrido o sedenvolvimento de pesos pesados modernistas como Vijay Iyer, Steve Lehman e Rudresh Mahanthappa. As seminais inovações de Coleman são também manifestas em trabalhos de ex-alunos tais como Ravi Coltrane e Jason Moran, ainda que em anos anteriores seus trabalhos tenham sido esparsos.

Um álbum conceitual inspirado pela passagem do tempo e renovação sazonal, “Harvesting Semblances and Affinities” é o primeiro lançamento de Coleman, largamente disponível, em uma década, e uma persuasiva lembrança de sua visionária arte. Um erudito filosófico, Coleman transpõe a progressão cíclica das estações dentro de labirínticas progressões tetracórdicas, polifonia contrapuntal e alterações polirítmicas. Arranjando estas multi-configuradas composições dentro de uma suíte fluidamente expansiva ele evita noções pré-concebidas de impenetrabilidade cerebral com um programa acessível que alterna graciosamente da primal ("Beba") à sublime ("Clouds").

A postura ritualística do album é soberbamente executada por estelar encarnação do venerável grupo Five Elements de Coleman. O trompetista Jonathan Finlayson, o trombonista Tim Albright e a vocalista Jen Shyu são veteranos desta excelente unidade, enquanto o baixista Thomas Morgan e o baterista Tyshawn Sorey são onipresentes parceiros rítmicos na cena novaiorquina. De todos os acompanhantes, Sorey tem acumulado aclamações como emergente compositor, entretanto seu perfil como improvisador permanece como seu principal talento. Expandindo-se em redemoinhos de virtuosismo sem restrição nas seções funkeadas, ele revela um largo débito com o M-Base com algumas das suas melhores atuações na gravação.

Aglutinando-se em uma formação caleidoscópica de timbres, o vocalise melífluo de Shyu providencia constante countraponto à tormentosa interação em staccato dos três instrumentos de sopro que compõem a linha de frente. Suas vocalizações sem palavras, trazidas das tradições folclóricas globais, contrabalança a tonalidade urbana do sexteto com um ar mais humanístico. Em uma brilhante interpretação do compositor dinarmaquês Per Norgard, "Flos Ut Rosa Floruit" , ela transcende conceitos das harmonias do Oriente e do Ocidente com sua melodiosa dicção de um texto latino, embebendo o álbum com exclusiva espiritualidade universal.

Coleman possibilita aos seus companheiros módicos espaços para solos, contribuindo com uma própria exibição estupefaciente de notas em baixos e altos registros. O foco do projeto é uma dinâmica atuação em grupo, entretanto cada peça é concisa e tematicamente referenciada ao material escrito, afastadas da informalidade de uma sessão de sopro. Preenchida com ritmos balançantes , melodias interconectadas e harmonias oblíquas, “Harvesting Semblances and Affinities” é um dos mais competentes discos da carreira de Coleman e forte prova da sua contiuada importância no desenvolvimento do jazz contemporâneo.

Faixas: Attila 02 (Dawning Ritual); Beba; Clouds; 060706-2319 (Middle of Water); Flos Ut Rosa Floruit; Attila 04 (Closing Ritual); Vernal Equinox 040320-0149 (Initiation).

Faixas: Steve Coleman: saxofone alto; Jonathan Finlayson: trompete; Tim Albright: trombone; Jen Shyu: vocal; Thomas Morgan: baixo; Tyshawn Sorey: bateria; Marcus Gilmore: bateria (5); Ramon Garcia Perez: percussão (5).

Fonte : All About Jazz / Troy Collins

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