Vânia Bastos é uma das grandes cantoras brasileiras e Edu Lobo, um dos nossos melhores compositores. Com os dois juntos temos o disco NABOCADOLOBO, e o resultado é muito melhor do que se poderia supor. São dois nomes de gerações e origens distintas. Edu veio da era dos festivais, lá na década de 60 e, com canções como “Arrastão” e “Ponteio”, é considerado por muitos o inventor do que hoje chamam de MPB. Vânia veio da vanguarda paulistana, sucesso de crítica da década de 80. Participou, entre outros, do fabuloso e inovador “Tubarões Voadores” de Arrigo Barnabé.
Os dois apesar de terem traçado caminhos diferentes, se encontram claramente no que hoje podemos reconhecer como a fina flor da nossa música. Aquela que se faz com talento e muito reconhecimento musical. Uma canção ao mesmo tempo cheia de beleza e bom gosto, mas também um prato cheio para estudantes e apaixonados pela linguagem. Uma canção urbana e contemporânea, mas desprovida de modismos e truques, arranjos eletrônicos e interjeições de música pop.
Com este perfil, os dois artistas se fixaram confortavelmente em um patamar em que não ocorrem grandes explosões de sucesso, mas mantém um perfil que chega a ser invejado. Quando Vânia se lançou no projeto com as canções de Edu ninguém, em sã consciência, poderia imaginar que ela conseguiria, ao mesmo tempo, ousadia e respeito à obra do compositor.
De início, que ninguém espere ouvir neste NABOCADOLOBO os grandes sucessos do compositor. Nada de “Ponteio” ou “Prá Dizer Adeus”. No lugar, ela desencavou achados e perdidos como “Glória”, “Negro, Negro” e, principalmente, “Upa Neguinho”, talvez a mais “manjada” de todas, mas , e talvez, por isso mesmo, também, a que sofreu a cirurgia mais profunda, até virar um lindo samba de roda. Uma quase obviedade que ninguém, até então, havia dado conta.
A direção musical de Ronaldo Rayol é impecável. Os arranjos e, particularmente, a interpretação de Vânia, são comoventes. Um ótimo exemplo é a linda “Glória”, a qual além da sua interpretação solo, tornando a canção um pouco mais lenta e litúrgica, traz também o belo coral, violões e percussão, que completam um raro e refinado trabalho orquestral. Esta canção é um trecho da inesquecível “Missa Breve”, disco que Edu fez em 1973 sob a nítida influência de seus estudos na América. Deste mesmo disco Vânia ainda gravou “Vento Bravo” e “Viola Fora de Moda”, esta com a excelente participação de Passoca na viola caipira.
Outra canção que passou por uma transformação acentuada foi “Negro,Negro”, do disco “Limite das Águas”, ganhando ritmos caribenhos. Além disso, o próprio Edu Lobo participa com sua voz no frevo “Gingado Dobrado”, outra lançada originalmente no mesmo disco e regravada agora pelo compositor no seu recente “Tantas Marés”.
Enfim, um disco lindo e impecável, que faz qualquer um contrariar as regras do bom jornalismo e inundar o texto com adjetivos.
Fonte : Julinho Bittencourt / Revista Fórum (Coluna Toques Musicais)
Os dois apesar de terem traçado caminhos diferentes, se encontram claramente no que hoje podemos reconhecer como a fina flor da nossa música. Aquela que se faz com talento e muito reconhecimento musical. Uma canção ao mesmo tempo cheia de beleza e bom gosto, mas também um prato cheio para estudantes e apaixonados pela linguagem. Uma canção urbana e contemporânea, mas desprovida de modismos e truques, arranjos eletrônicos e interjeições de música pop.
Com este perfil, os dois artistas se fixaram confortavelmente em um patamar em que não ocorrem grandes explosões de sucesso, mas mantém um perfil que chega a ser invejado. Quando Vânia se lançou no projeto com as canções de Edu ninguém, em sã consciência, poderia imaginar que ela conseguiria, ao mesmo tempo, ousadia e respeito à obra do compositor.
De início, que ninguém espere ouvir neste NABOCADOLOBO os grandes sucessos do compositor. Nada de “Ponteio” ou “Prá Dizer Adeus”. No lugar, ela desencavou achados e perdidos como “Glória”, “Negro, Negro” e, principalmente, “Upa Neguinho”, talvez a mais “manjada” de todas, mas , e talvez, por isso mesmo, também, a que sofreu a cirurgia mais profunda, até virar um lindo samba de roda. Uma quase obviedade que ninguém, até então, havia dado conta.
A direção musical de Ronaldo Rayol é impecável. Os arranjos e, particularmente, a interpretação de Vânia, são comoventes. Um ótimo exemplo é a linda “Glória”, a qual além da sua interpretação solo, tornando a canção um pouco mais lenta e litúrgica, traz também o belo coral, violões e percussão, que completam um raro e refinado trabalho orquestral. Esta canção é um trecho da inesquecível “Missa Breve”, disco que Edu fez em 1973 sob a nítida influência de seus estudos na América. Deste mesmo disco Vânia ainda gravou “Vento Bravo” e “Viola Fora de Moda”, esta com a excelente participação de Passoca na viola caipira.
Outra canção que passou por uma transformação acentuada foi “Negro,Negro”, do disco “Limite das Águas”, ganhando ritmos caribenhos. Além disso, o próprio Edu Lobo participa com sua voz no frevo “Gingado Dobrado”, outra lançada originalmente no mesmo disco e regravada agora pelo compositor no seu recente “Tantas Marés”.
Enfim, um disco lindo e impecável, que faz qualquer um contrariar as regras do bom jornalismo e inundar o texto com adjetivos.
Fonte : Julinho Bittencourt / Revista Fórum (Coluna Toques Musicais)
Um comentário:
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