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terça-feira, 12 de outubro de 2010

CHARLES LLOYD QUARTET – MIRROR (ECM Records) [2010]


Às vezes a confiança na sabedoria pode produzir mais que o excitamento de um território mapeado. Charles Lloyd incrementa a energia vinda de “Rabo De Nube (ECM, 2008)”, um dos mais excitantes álbuns de fluir livre e dos novos grupos do saxofonista em metade da carreira. Confiando na crescente e profunda química do quarteto, e na maior parte com material reciclado ao invés de ser pautado largamente por composições originais como em “Rabo De Nube”, Lloyd continua sua ascendente trajetória; sua natureza intrinsicamente espiritual, uma força que o move, algo reminiscente ao disco “The Water is Wide (ECM, 2000)”. O multigeracional quinteto de “The Water is Wide” constituído por notáveis e estrelas, entretanto a partir de material selecionado de pouco importância de uma gravação mais longa, que também permitiu que a energia seguisse, “Hyperion with Higgins (ECM, 2001)”. Ao contrário, “Mirror”junta forças com três ativos músicos ,dos cerca de trinta, que estão na vanguarda do jazz norte-americano no século XXI.

Armazenando uma série de cuidados com seus discos próprios, Jason Moran tem provado que é mais do que esperto acompanhante, em particular em seu recente trabalho com Lloyd e companheiro do selo ECM ,Paul Motian, cujo “Lost in a Dream (2010)”, verte nova luz na miscelânea de angularidades “monkianas”, curso livre e extremo improvisacional e impressionismo lírico. Ele traz a mesma sensibilidade para “Mirror”, mas em geral com ênfase nas baladas, e o suingue lento cria um trabalho com demandas extemporâneas, entretanto ele voa para espaços mais longínquos na versão da tradicional "Lift Every Voice and Sing" registrada em “Lift Every Voice (ECM, 2002)”, e "Being and Becoming," de “Which Way is East (ECM, 2004)”, o duo intimista registrado no álbum de Lloyd com Billy Higgins, gravado pouco antes da morte do famoso baterista em 2001.

Posicionadas próximas à conclusão de "Mirror", estas faixas contrastam poderosamente com a faixa título, originalmente apresentada na sua estreia na ECM em 1989 com o álbum “Fish Out of Water”, mas mostrado aqui com um toque mais energético e pleno de compromisso e um olhar igualmente direto em "Desolation Sound" de “Canto (ECM, 1994)”. Através das anteriormente visitadas composições de Lloyd, os tradicionais spirituals e standards, Harland e o baixista Reuben Rogers impelem a música com mais atratividade. Duas músicas de Monk — a balada "Ruby, My Dear" e o rubato "Monk's Mood", demonstram as inescapáveis raízes de Moran, enquanto Lloyd altera "Caroline, No," do clássico disco dos The Beach Boys, “Pet Sounds (Capitol, 1966)”, dentro de algo com suave beleza.

Deixando o melhor para o fim , a delicada narração de Lloyd em "Tagi" de “ Which Way is East", posta sobre a cortina armada pelo arco de Rogers e o pianismo impressionista de Moran, é curta mais transcendental. Aclamando e fluindo com profundidade espiritual, Lloyd muda o saxofone para um solo modal conduzido por uma intensa pulsação de Harland, antes do quarteto se dispersar em uma tranquila coda, levando "Mirror" a completar o círculo.

Enquanto que retornando completamente à liberdade desabrida de “Rabo De Nube”, os maiores sucessos de "Mirror" tem um palpável e crescente senso de firmeza , permitindo a liberdade para explorar sem a compulsão para reunir o óbvio ou o melodramático. Em vez disto, os menores gestos vêm a ser ampliados, como em “Mirror” ,que continua a amparar um dos mais belos grupos de Lloyd e certamente, o mais solto, em sua longa carreira.

Faixas: I Fall in Love Too Easily (For Lily); Go Down Moses; Desolation Sound; La Llorona; Caroline, No; Monk's Mood; Mirror; Ruby, My Dear; The Water is Wide; Life Every Voice and Sing; Being and Becoming, Road to Dakshineswar With Sangeeta; Tagi.

Músicos: Charles Lloyd: saxofones tenor e alto, voz ; Jason Moran: piano; Reuben Rogers: baixo; Eric Harland: bateria.

Fonte : All About Jazz / John Kelman

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