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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

SEAMUS BLAKE – BELLWETHER (Criss Cross) [2009]


Este é um grande período para tenoristas, com alguns dos melhores em nosso meio: Chris Potter, Jimmy Greene, Donny McCaslin, Marcus Strickland e Seamus Blake, dentre outros. Surfando na “Mingus Big Band” durante os anos 90, o toque agressivo de Blake era impressivo em um grupo onde ninguém era prisioneiro. O saxofonista tenor mantém sua pegada. Recentemente, ele parece ter refinado e elaborado seu estilo improvisacional , enquanto promove o desenvolvimento do seu perfil composicional.

Com “Bellwether”, Blake traz um número de movimentos perspicazes e extensões para o contemporâneo, o gênero post-hard bop. Este é mais do mesmo do altamente respeitado “Way Out Willy (Criss Cross, 2007)”. Só o baixista australiano Matt Clohesy é novo.

Reivindicando a sua atração pelo disco de John Scofield, "Dance Me Home", para tocar suas alegres modulações, Blake transforma a faixa de abertura ,um funk, em uma vivaz interpretação. Esta é mais previsível peça do álbum. Na composição de Blake, "A Beleza Que Vem", uma relaxada homenagem à música brasileira, o pianista David Kikoski estabelece uma adorável entonação em um quase formal tripé com ritmo de casa de dança. A balada de Blake, "The Song That Lives Inside", revela ecos do clássico de Thelonious Monk, "'Round Midnight", e inclui um belo solo de guitarra acústica de Lage Lund. A faixa título transita facilmente, movimentando-se em 5/4, enquanto opera um tempo acelerado, e em "Minor Celebrity" o baterista Bill Stewart mostra surpreendentes e complexas sonoridades.

A real surpresa vem no fim da gravação: O quarteto de Debussy, "String Quartet in G". É uma maravilhosa improvisação dos músicos , que, no repertório de quarteto de cordas, ainda não havia sido explorada , apresentando grande quantidade de melodias e harmonias que parecem tecidas por um artesão para o desenvolvimento de instintos e complexidades de um grupo de jazz . Aqui Blake maneja o terceiro movimento e retrabalha alguns dos seus acordes dentro de uma seção média recorrente na moldagem dos solos. Com o sax soprano e o piano dominando, a peça mostra Kikoski, que conhece bem este território e incorpora estas distintas e irresistíveis harmonias impressionistas..

De alguma forma, possivelmente, a linha de frente formada pelo tenor e guitarra encabeça algo que deve ser familiar. Agora é um estilo popular , com muitos grupos como os de Kurt Rosenwinkel e Mark Turner, Adam Rogers e Chris Potter e Joshua Redman e Ben Monder utilizando o mesmo enfoque.

Mas há bastante diferenças sutis dentro das performances e composições que distingue este álbum de outras variações usuais em seções da Criss Cross. A peça brasileira evita o tratamento típico da bossa nova. A variedade de tempos é intrigante e inovadora. O encerrramento de Debussy é uma jóia. Embora não haja nada de inexplorado aqui, exceto, talvez, por Debussy, “Bellwether” vem a ser mais atraente e satisfatório em cada audição.

Faixas: Dance Me Home; A Beleza Que Vem; Subterfuge; The Song That Lives Inside; Bellwether; Minor Celebrity; String Quartet in G Minor,Opus 10.


Músicos: Seamus Blake: saxofones tenor e soprano; Lage Lund: guitarra; David Kikoski: piano; Matt Clohesy: baixo; Bill Stewart: bateria

Fonte: All About Jazz / Robert Dugan

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