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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

BUD SHANK – FASCINATING RHYTHMS (Jazzed Media [2010])


No velho oeste, quando um caubói morre enquanto executa o seu trabalho, se arrebanhando o gado, marcando um touro ou envolvido em um tiroteio, o dito popular diz que ele morreu em atividade por estar “usando as suas botas”. O adágio aplica-se bem ao renomado saxofonista alto Bud Shank, que gravava o que seria seu último album, “Fascinating Rhythms”, no “The Jazz Bakery” em Culver City, Califórnia, entre 29 e 31 de dezembro de 2009, menos de três meses antes da sua morte com a idade de 82 anos após uma longa batalha contra um enfisema. Bud Shank não só estava em utilizando suas botas como as tinha, especialmente, polido-as para a ocasião.

Não há nenhum sinal da doença de Shank aqui, só a música sublime de um dos mestres do seu instrumento liderando um ótimo quarteto diante de uma entusiasta e reconhecedora plateia. Desde a abertura de sua composição em estilo de bossa, "Chicane", está claro que Shank está no topo do seu jogo, como estão os membros do seu grupo de trabalho regular, o pianista Bill Mays, o baixista Bob Magnusson e o baterista Joe La Barbera. Juntos eles percorrem um variedade de caminhos rítmicos, cada um absorvendo do seu próprio jeito e sempre sagazmente sublinhado pelo indomável saxofone alto de Shank. Mays providencia uma robusta segunda voz solo, completamente persuasiva e especialmente em "Night and Day" de Cole Porter e em seu excitante dueto com Shank em "Lover Man" .

Há uma segunda bossa, "Lotus Bud", escrita para Shank em 1954 por Shorty Rogers como um mostruário para a flauta. Está unida a "No More Blues" de Antonio Carlos Jobim , executada de forma convencional. Ao lado das músicas mencionadas, o quarteto enriquece os standards "Fascinating Rhythm" e "Over the Rainbow", a peculiar "In Walked Bud" de Thelonious Monk (escrita para Bud Powell) e a feérica "Manteca" de Dizzy Gillespie. Mesmo assim, o nome de Shank está na marquise, e este grupo encerra uma harmoniosa seção rítmica como alguém poderia desejar.

Nos anos iniciais na West Coast, Shank era mais conhecido pela beleza da sua entonação no sax alto, bem como pelo seu singular talento para a improvisação. Enquanto a entonação passou por diversos números de modificações ao longo do tempo, indo do belo para o granuloso, o potencial de Shank como improvisador cresceu aguçadamente e de forma mais enfática, como pode ser prontamente ouvida em “Fascinating Rhythms”. São prodigiosas sua intensidade e integridade, e ninguém poderia suspeitar que Shank estivesse doente, em se tratando de um octagenário. Ele deu à musica que amava tudo que tinha a oferecer e, quase que literalmente, morreu “usando suas botas”. De fato ele estava gravando, outra vez, em Los Angeles, um dia antes da sua morte. E ele entregou um maravilhoso legado para aqueles que estão aqui e para outros que virão. Fascinante, sim, e muito bom ritmicamente.

Faixas: Chicane; Over the Rainbow; Fascinating Rhythm; Night and Day; Lotus Bud/No More Blues; In Walked Bud; Lover Man; Manteca.

Músicos: Bud Shank: saxofone alto ; Bill Mays: piano; Bob Magnusson: baixo; Joe La Barbera: bateria.

Fonte : All About Jazz / Jack Bowers

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