
Na “Segunda Feira é do Músico” comemorou-se o dia do músico. Nada mais especial do que os protagonistas da noite que trouxeram à baila o enigma da esfinge musical baiana, em relação à chamada “Axé Música”. O bate papo esteve a cargo de Saulo Fernandes, vocalista da Banda Eva, que tratou logo de subverter a ordem das coisas, apresentando composições suas e de outros autores, com as quais tem afinidade, deixando para o final a conversa, acompanhado pelos seus companheiros de trio elétrico, tendo como participante Emerson Taquari ( na foto), percussionista que faria o show da noite. Outro ponto importante. Emerson tem origem, que ele não esconde, no pagode, tão execrado por aqueles que se dizem admiradores da boa música. Estava posto na mesa o célebre conflito: música de qualidade X música sem qualidade.
Saulo apresentou suas composições, todas em parceria com o pessoal da banda Eva, que apresentam as influências da cultura baiana, que ele sempre ressalta que tem no tambor sua principal impulsionadora. Poderíamos colocá-las, se a questão é um rótulo, como MPB. É um amálgama de diversas influências, incluindo o pop, onde se encontra muita coisa boa. Não podemos esquecer que os grandes standards do jazz têm origem no grande repertório norte-americano, que não é essencialmente jazzístico. Destaque para uma música chamada, salvo falha de memória, “Pegada do Senegal”, que tem um suíngue fantástico, aliado à qualidade dos instrumentistas e ‘É Preciso Perdoar” de Alcivando Luz e Carlos Coqueijo, onde Saulo faz uma inserção de um rap de Mano Brown. Simplesmente maravilhoso.
As composições e interpretações apresentadas por Saulo Fernandes fogem ao padrão “músicas de carnaval”, sempre bem acompanhado pela sua banda. A pergunta é: ele teria espaço para registrá-las para que obtivessem uma maior divulgação fora do esquema carnavalesco?.Lembro que há um disco, que espero há anos, pois quem teve acesso às fitas diz que é um primor, de Cássia Eller cantando blues e acompanhada por Victor Biglione. A gravadora detentora dos direitos não o libera. Os executivos falam que ele foge ao perfil que a gravadora estabeleceu para Cássia Eller, que já faleceu há um bom tempo. Eu que conheci Cássia interpretando blues de forma visceral, imagino o tesouro que está criminosamente escondido.
Porém na discussão sobre este “enigma musical baiano”, Léo integrante da banda de Saulo, fez uma observação importante. A dita Axé Music é uma realidade, está aí, tem público, muitas pessoas a querem assim para meramente se divertir, e eu acrescentaria para ganhar dinheiro, mas não pode levar os músicos a se acomodarem e ficarem apenas se queixando. Têm que fazer seus trabalhos paralelos, buscar seus espaços e não sucumbir à mesmice. E quem viu a apresentação de Saulo observou que naquele palco estava um exemplo do que dizia, que seria complementado pelo show do Emerson Taquari.
A banda de Emerson assumiu o comando com Ênio Taquari e Ricardo Braga na percussão, Beto Martins na bateria, Cesário Leone no contrabaixo, Zito Moura nos teclados, Marcelo Rosário no violão e Ane Morgana na flauta. Iniciou com “Free Choro N° 1”, passou para “Manga Espada” de Zito Moura, uma bela composição, e para a deliciosa Suave Percussiva, onde Ane Morgana faz uma belíssima apresentação na flauta. Emerson expressou que o “Suave” foi posto na música em razão da interpretação de Morgana. Veio então um momento fantástico de exibição percussiva. A música “Pandería” feito pelos irmãos Emerson e Ênio Taquari, onde três pandeiros se apresentam. Estonteante. E para não deixar pedra sobre pedra, foi mostrada outra música com ênfase na percussão, “Trio Baiano”, feita para os três instrumentos básicos da nossa percussão : repique, timbau e surdo. Aos irmãos Taquari juntaram-se Rudson, Daniel e Boaventura. Pura festa. A platéia foi ao delírio.
Chegou a vez de Ricardo Silveira, excelente guitarrista, e convidado da noite. Levando o maestro Zeca Freitas a comentar; “Ele é um instrumentista de poucas notas, mas sempre bem colocadas. Gosto deste estilo”. O que me fez retrucar, lembrando uma estória contada pelo nosso amigo Sérgio Franco, presidente da SOJAZZ, sobre alguém que observou a Antônio Carlos Jobim, que utilizava poucas notas e fazia coisas belas, e ele respondeu: “É que coloco as notas certas”.
Saulo apresentou suas composições, todas em parceria com o pessoal da banda Eva, que apresentam as influências da cultura baiana, que ele sempre ressalta que tem no tambor sua principal impulsionadora. Poderíamos colocá-las, se a questão é um rótulo, como MPB. É um amálgama de diversas influências, incluindo o pop, onde se encontra muita coisa boa. Não podemos esquecer que os grandes standards do jazz têm origem no grande repertório norte-americano, que não é essencialmente jazzístico. Destaque para uma música chamada, salvo falha de memória, “Pegada do Senegal”, que tem um suíngue fantástico, aliado à qualidade dos instrumentistas e ‘É Preciso Perdoar” de Alcivando Luz e Carlos Coqueijo, onde Saulo faz uma inserção de um rap de Mano Brown. Simplesmente maravilhoso.
As composições e interpretações apresentadas por Saulo Fernandes fogem ao padrão “músicas de carnaval”, sempre bem acompanhado pela sua banda. A pergunta é: ele teria espaço para registrá-las para que obtivessem uma maior divulgação fora do esquema carnavalesco?.Lembro que há um disco, que espero há anos, pois quem teve acesso às fitas diz que é um primor, de Cássia Eller cantando blues e acompanhada por Victor Biglione. A gravadora detentora dos direitos não o libera. Os executivos falam que ele foge ao perfil que a gravadora estabeleceu para Cássia Eller, que já faleceu há um bom tempo. Eu que conheci Cássia interpretando blues de forma visceral, imagino o tesouro que está criminosamente escondido.
Porém na discussão sobre este “enigma musical baiano”, Léo integrante da banda de Saulo, fez uma observação importante. A dita Axé Music é uma realidade, está aí, tem público, muitas pessoas a querem assim para meramente se divertir, e eu acrescentaria para ganhar dinheiro, mas não pode levar os músicos a se acomodarem e ficarem apenas se queixando. Têm que fazer seus trabalhos paralelos, buscar seus espaços e não sucumbir à mesmice. E quem viu a apresentação de Saulo observou que naquele palco estava um exemplo do que dizia, que seria complementado pelo show do Emerson Taquari.
A banda de Emerson assumiu o comando com Ênio Taquari e Ricardo Braga na percussão, Beto Martins na bateria, Cesário Leone no contrabaixo, Zito Moura nos teclados, Marcelo Rosário no violão e Ane Morgana na flauta. Iniciou com “Free Choro N° 1”, passou para “Manga Espada” de Zito Moura, uma bela composição, e para a deliciosa Suave Percussiva, onde Ane Morgana faz uma belíssima apresentação na flauta. Emerson expressou que o “Suave” foi posto na música em razão da interpretação de Morgana. Veio então um momento fantástico de exibição percussiva. A música “Pandería” feito pelos irmãos Emerson e Ênio Taquari, onde três pandeiros se apresentam. Estonteante. E para não deixar pedra sobre pedra, foi mostrada outra música com ênfase na percussão, “Trio Baiano”, feita para os três instrumentos básicos da nossa percussão : repique, timbau e surdo. Aos irmãos Taquari juntaram-se Rudson, Daniel e Boaventura. Pura festa. A platéia foi ao delírio.
Chegou a vez de Ricardo Silveira, excelente guitarrista, e convidado da noite. Levando o maestro Zeca Freitas a comentar; “Ele é um instrumentista de poucas notas, mas sempre bem colocadas. Gosto deste estilo”. O que me fez retrucar, lembrando uma estória contada pelo nosso amigo Sérgio Franco, presidente da SOJAZZ, sobre alguém que observou a Antônio Carlos Jobim, que utilizava poucas notas e fazia coisas belas, e ele respondeu: “É que coloco as notas certas”.
A primeira música que Ricardo apresentou foi “Portal da Cor”. Ela teve uma versão instrumental, com outro título, em seu primeiro disco solo “Bom de Tocar”, ganhando posteriormente letra de Milton Nascimento e mudando o nome. Bela apresentação. Seguiu-se “Psicodreams” de Emerson e “Afoxé” de Ricardo Silveira, que demonstrou toda a sua qualidade musical
Para finalizar a noite festiva, Emerson apresentou um frevo e uma composição que sintetiza o espírito da noite: “Pagodão”. A música utiliza a base rítmica do pagode, com requintado toque percussivo e um show de flauta de Morgana, que suaviza tudo, e do baixo de Cesário Leone.
As fronteiras foram cruzadas sem necessidade de apresentação de passaportes, e que isto permaneça. Entre mortos e feridos todos se salvaram.
Para finalizar a noite festiva, Emerson apresentou um frevo e uma composição que sintetiza o espírito da noite: “Pagodão”. A música utiliza a base rítmica do pagode, com requintado toque percussivo e um show de flauta de Morgana, que suaviza tudo, e do baixo de Cesário Leone.
As fronteiras foram cruzadas sem necessidade de apresentação de passaportes, e que isto permaneça. Entre mortos e feridos todos se salvaram.
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