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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

SÉRGIO MENDES – BOM TEMPO


Já sem dramas e nem mentiras, chega às lojas “Bom Tempo”, o novo disco de Sérgio Mendes. Não traz nada de novo, exatamente, mas isso, em se tratando de Sérgio Mendes, é um grande trunfo. O disco tem um belo repertório de canções brasileiras ricas em ritmos, participações de conhecidos cantores e compositores como Milton Nascimento, Carlinhos Brown, Seu Jorge e Gracinha Leporace, e também uma capa exótica, em que o arranjador e produtor aparece de terno e chapéu azul-marinho entre motivos tropicais.

A despeito das críticas, Sérgio Mendes é um selo de qualidade da nossa música em todo o mundo. Seus discos universalizam o nosso som, colocam nossa música em qualquer mercado a partir do americano. Este “Bom Tempo” não é diferente disso. Com as melhores condições que o dinheiro pode comprar, os melhores músicos e estúdios e, bom que sempre se repita, um indiscutível bom gosto e talento, Sérgio Mendes nos traz mais um excelente e irresistível disco.

Não há como negar as recorrentes críticas ao trabalho do músico. Seu som é, de fato, como a melhor torta de uma famosa delicatessen. É feito mesmo para agradar ao maior número de paladares possível e ponto. O ônus disso é que não incomoda nem inova. No entanto, não há músico ou especialista que ouça, por exemplo, seus arranjos para “Emoriô”, de Gilberto Gil e João Donato (ouçam o áudio [ http://www.youtube.com/watch?v=mq2-S1KzCe8]), com a participação de Nayanna Holley e Carlinhos Brown, sem se estarrecer com a qualidade. O equilíbrio perfeito entre o uso de samplers, teclados e instrumentistas, a sagacidade em tomar emprestado o melhor de cada artista, enfim, a absoluta maestria do fazer musical, que transforma qualquer argumento contrário em pura abobrinha.

Sérgio vai do mais exótico, como “País Tropical”, de Jorge Ben Jor ou “Maracatu Atômico”, de Nelson Jacobina e Jorge Mautner, até o preciosismo harmônico de “Caminhos Cruzados”, de Tom Jobim e Newton Mendonça, ou “Caxangá” de Milton Nascimento e Fernando Brant, esta com uma incrível participação do autor, com destreza absoluta. Sabe como encaixar todas estas canções, cada uma com um apelo amplamente diferente, dentro de um mesmo espectro, para que possam ser consumidas pelo rico mercado mundial.

O lançamento se desdobra no “Bom Tempo Brasil Remix” que, como o nome diz, traz várias versões das mesmas canções do original remixadas pelos DJs mais famosos e requisitados do mundo, como Paul Oakenfold, Roger Sanchez, Paul Harris, entre vários outros. O resultado, mesmo que soe terrivelmente chato ao ouvinte tradicional, tem o mérito de colocar grandes compositores de nossa música no circuito da garotada.

No resumo da ópera, Sérgio Mendes faz neste “Bom Tempo” e “Bom Tempo Brasil Remix” o que sempre fez de melhor. Coloca a nossa música dentro de uma embalagem segura para que embarque em qualquer voo para qualquer parte.

Fonte : Revista Fórum / Julinho Bittencourt (Toques Musicais)

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