playlist Music

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

KEN PEPLOWSKI – NOIR BLUE (Capri Records [2010])


Ken Peplowski tem muito a dizer. Não é a mera tagarelice incessante, que muitos músicos de sopro ( e em busca de emprego) às vezes fazem. Entretanto, em cultas e ululantes lamentações, e no entusiasmo, com glissandos flutuantes ele expõe a alegria e a tristeza da vida. Isto ele faz através do clarinete ou saxofone tenor, dependendo da repercussão do som e longevidade que deseja em seus monólogos harmônicos. Uma alma antiga, com uma perspectiva espetacular do passado, Peplowski é o “futuro próximo”. Apenas perto o bastante para espantar a cautela, mas frequentemente resvala no presente. Sua música é tingida de sombras de tristeza, mas com sensualidade, ele parece sempre sorrir além da aparência das suas palhetas.

Se tudo isto parece o contrário de um músico escolado em assoalhos engraxados do swing, exibe a característica de Peplowski evitar desnecessárias conversas e buscar loquacidade para significativos tributos sonoros que sempre tem uma confluência harmônica com a poesia da melodia e ritmo completamente surpreendente.
Ele não é um discípulo distante de Duke Ellington e Billy Strayhorn, de Hoagy Carmichael e até de Bix Beiderbecke. Não está copiando a música deles, mas certamente compreendendo a alquimia do som que as faz guias especiais através do oceano da música. Isto porque pode revelar um suave estilo de um bolero misterioso em "Bourbon Street Jingling Jollies", ou onde ele deve saltar e suingar com graça eloquente, incluindo uma rápida citação de Charlie Parker em algum lugar no meio do refrão, como ele executa rápida e facilmente em "Riverboat Shuffle", onde outros concluiriam com extravagância.

Em “Noir Blue”, que deve ser algo a saborear por considerável espaço de tempo, o clarinetista e saxofonista está mais próximo ao profundo céu límpido de Duke, do que imaginava. Não que ninguém esteja acusando "Love Locked Out" de Ray Noble e "Multi-Colored Blue" de Strayhorn de vir complementar sombras de azul escuro, o último elemento de lamentação com uma profunda catarse de pranto no final. "Noir Blue" está igualmente movendo-se e habitando o mesmo campo e ainda dá crédito à velha crença de que o blues não é profundamente triste, quando se volta para a alegria —e na mão de Peplowski, não chega a um décimo daquilo. Tal é sua maestria na emoção e sua habilidade para mover o ar com sentimento.

Peplowski não está só em sua maravilhosa aventura.. Cercado por um grupo de músicos que subscrevem idêntico ponto de vista, ele cria uma aliança que só pode acrescer à sua jubilosa causa. O pianista Shelley Berg, o baixista Jay Leonhart e o baterista Joe La Barbera são velhos companheiros. Eles mergulham nas mesmas emoções com Peplowski, absorvendo e entristecendo nuances e pondo-as para fora, soando nos mesmos borrifos de alegria com ele. Junto eles transformam a experiência de “Noir Blue” em alguma coisa verdadeiramente inesquecível.

Faixas: The Best Thing For You; Home With You; Bourbon Street Jingling Jollies; Riverboat Shuffle; Love Locked Out; If Not For You; Multi Colored Blue; Noir Blue; Nobody Else But Me; Little Dogs.

Músicos: Ken Peplowski: clarinete, saxofone tenor; Shelley Berg: piano; Jay Leonhart: baixo; Joe La Barbera: bateria.

Fonte : All About Jazz / Raul d'Gama Rose

Nenhum comentário: