Um dos maiores casos de amor na música está entre a música popular e a dança. Este relacionamento extremamente dissimulado tem se espalhado bem na música contemporânea, principalmente em excursões musicais na Europa (onde Igor Stravinsky as glorificou com suas composições) e na América Latina. Um dos mais queridos destes casos é o do tango: uma voluptuosidade nascida em paises tão distantes como Finlândia, Espanha e França, misturada com vibrações da África, e então transportada através dos oceanos para desbravar um novo mundo, onde deram uma parada principalmente na Argentina e Uruguai, onde o romance se desenvolveu até alcançar peso estonteante nas mãos de Carlos Gardel e Astor Piazzola. Este caso de amor continua até hoje com músicos como o baixista Pablo Aslan, que tem continuado a expandir o papel da literatura da música.
O cubano e residente nos Estados Unidos, Paquito D'Rivera é conhecido por seu interminável namoro com o tango, com o disco “Tango Jazz: Live at Lincoln Center” apresenta uma culminação qualificada e um tributo ao seu papel neste caso de amor. D'Rivera traz sua doce maleabilidade para este projeto, apresentando cada pedaço da sua maestria no saxofone alto, bem como uma entonação sonhadora e consistente em seu clarinete, que parecem nascidos para o tango. Seu fraseado é imaculado e ondula com o ritmo do seu coração. Linhas e frases deslizam entre si com vigor, às vezes iniciando como um choro agudo de prazer, então rodopia e faz piruetas na forma como soam e flutuam no seu jeito inevitável de obter soluções. Neste álbum, ele toca espetacularmente com o brilhante trompetista Gustavo Bergalli e os bandeneóns de Michael Zisman e Raul Juarena.
A provocante luminosidade de "Viejo Smocking" é memorável, bem como a impetuosa indolência de "Milonguinha" e "Close Encounters of the Fourth Kind". O romance sombrio de "Bandoneón" é um dos pontos altos do programa, bem como o hipnótico turbilhão de "Verano Porteño". Deste modo, na criatividade de "Tanguajira" é onde D'Rivera casa bem a pegada cubana, argentina e uruguaia. E como faz em "Beto", aplica a mesma combinação de idiomas em “Goodbye" com o difundido tango. É quase impossível parar de arrastar o pé e bater os pés com a música da forma como eles preparam para deslizar e guiar o corpo dentro da rainha das danças latino-americanas.
Não tem erro. Esta jornada é quase tanto de Pablo Aslan, quanto de Paquito D'Rivera. O baixista está construindo sua imagem no mundo do tango moderno, bem como da música como um todo. Sua destreza no instrumento e virtualmente em todas as formas de música e dança é ampla. Aqui, está em toda a música guiando o vigoroso trabalho de Michael Zisman e do baterista Daniel Piazzolla através deste notável álbum.
Faixas: Viejo Smocking; Beto; Bandoneón; Milonguinha; Close Encounter of the Fourth Kind; Verano Porteño; Tanguajira; Goodbye.
Músicos: Paquito D'Rivera: saxofone alto e clarinete; Gustavo Bergalli: trompete; Pablo Agri: violino (6); Nicholas Danielson: violino (7); Michael Zisman: bandoneón; Raul Juarena: bandoneón (7); Abel Rogantini: piano; Pablo Aslan: baixo; Daniel Piazzolla: bateria.
Fonte : Raul d´Gama Rose
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