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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

SOM DE CONCERTO



Quando Benjamim Taubkin (na foto) decidiu levar o piano a sério, talvez fosse tarde. Ele tinha 18 anos e não arranjava professor. Mas seguiu em frente sozinho, inspirado naquilo que disse Radamés Gnatalli na tevê. Música dá trabalho, mas também dá para brincar com ela.

Não que o conciso e emotivo disco de Taubkin A Pequena Loja da Rua 57 revele algo além do grande prazer de quem toca. Mas também se pode ver ali a dificuldade oferecida pelo repertório. Oito das 11 composições são do próprio instrumentista e as três restantes – de John Coltrane, Vinicius e Tom, Pixinguinha e Lacerda – evocam o melhor passado recente da música. O disco não tem cantor (veja vídeo http://www.youtube.com/watch?v=UofX-rzkQBU) .


Taubkin toca as peças, antigas ou não, a seu modo contemporâneo, enfático no ritmo, mas também com leveza, sem se esquecer de que lida com melodias quase encantadas. Ele as tira da linha do tempo. “Não paro de descobrir coisas novas em Beethoven”, diz a CartaCapital. “Uma árvore é antiga? O nosso olhar é que pode ser ou não.”

Buscou no piano italiano Fazioli um modo de ser mais brasileiro. O projeto nasceu de concertos que fez durante um Fazioli Saloon, em 2007. Mais tarde, foi chamado a gravar em quatro modelos diferentes da marca.

Fazioli é um mito novo para os pianistas. A fábrica se estabeleceu nos anos 80 e a sonoridade de seus pianos resultou incomparável.

O título do álbum refere-se ao endereço da loja de Nova York, mas também remete à novela A Loja de Pianos da Rive Gauche, de T. E. Carhat, na qual um americano redescobre em Paris o prazer musical.

Um bom piano, para Taubkin, é um amigo. Seu disco não tem edições, vem feito na duração de um concerto. Nele há respeito pela música, esta da qual nos aproximamos frequentemente com “pouca sabedoria e muita prepotência”. Curador e empreendedor, o músico está feliz com sua arte, e também esperançoso de que o governo recoloque a criação no centro dos interesses da cultura, como prometeu a ministra Ana de Hollanda em seu discurso de posse.

Fonte : Carta Capital / Rosane Pavam

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