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domingo, 6 de fevereiro de 2011

DAVID BINNEY – GRAYLEN EPICENTER (Mythology Records[2011])


O novelista alemão Berthold Auerbach do século XIX é esquecido pelas massas na moderna sociedade , mas sua bem conhecida citação sobre a música , "Música lava a alma da poeira de cada dia da vida", ainda está viva e relembra o fato que a mais fina música pode ser reflexiva sobre cada dia da vida.


A diária experiência da população humana (yin e yang) elabora a criação e a destruição, esperança e desespero, prazer e raiva, simplicidade e complexdade, ordem e caos, e uma variedade de outros contrastantes princípios. “Graylen Epicenter” do saxofonista alto David Binney é um microcosmo de um dia da vida , refletindo todas essas ideias opostas conforme apresentado através desta fascinante música.


Enquanto cada uma das dez peças do álbum ostenta sua impressão digital única, praticamente cada composição é construída em placas tectônicas aurais que se movem, conectadas, e se sobrepõe em fascinantes combinações sem fim. Binney elaborou a planta para cada massivo edifício musical , mas sua turma de construtores é formada por músicos bem capazes que o ajuda no trabalho duro, que faz a música soar com a aura equivalente de "House Of Stairs" de M.C. Escher


A atitude criativa que definiu Aliso (Criss Cross, 2010) é recolocada por arcos evolucionários mais amplos e arranjos detalhados , com as faixas de abertura fornecendo excelentes exemplos da arrojada visão de Binney. "All Of Time" cobre todas as coisas da guitarra paranóica à sucessão rápida das notas do piano, alternando com as linhas mais relaxadas dos intrumentos de sopro , passando pelo furor da bateria , cortesia de Brian Blade e Dan Weiss. A faixa título começa estruturada em ambiente vertiginoso, antes de mergulhar em baixas arritmias. Então a voz de Gretchen Parlato brilha como uma luz na escuridão, que molda a saída do mundo e retorna para uma realidade diferente.


Solos encrespados e acrobáticos ainda encontra seu jeito na música, a despeito de ser denso, bem acomodados sob o esboço de Binney, bem como a audição do diálogo entre o saxofone e o piano sobre o turbulento funk ("Equality At Low Levels") ou algumas competições de solos entre Binney e o saxofonista tenor Chris Potter ("Terrorists And Movie Starts") são tão desfrutáveis quanto os mais cerebrais aspectos de cada performance.


Em muitas situações a pureza do vocal de Parlato é utilizada como modelo para o instrumentista de sopro , mas "Home" é a maior exceção. Enquanto Binney já gravou esta música em outras ocasiões, a letra de Parlato e sua habilidade ajudam a fazer desta versão a mais graciosa da gravação. As contribuições singulares de Parlato são uma parte importante da visão musical de Binney, mas ela é apenas um dos muitos músicos talentosos deste lançamento. O toque do trompetista Ambrose Akinmusire é central para o êxito de "Waking To Waves". O guitarrista Wayne Krantz providencia algumas linhas estonteantes sobre a pegada da bateria em "From This Far" e o pianista Craig Taborn distribui tudo de linhas pulsantes a pesados golpes.


Com um talento tão profundo quanto um oceano, “Graylen Epicenter” define um marco zero para a comunidade da música criativa, porém , mais importante, é que as dez faixas destacam o vasto talento deste impressivo David Binney.


Faixas: All of Time; Graylen Epicenter; Equality at Low Levels; Everglow; From This Far; Terrorists and Movie Stars; Same Stare, Different Thought; Home; Any Years Costume; Waking to Waves.


Músicos: David Binney: saxofones alto e soprano , vocal; Gretchen Parlato: vocal; Ambrose Akinmusire: trompete; Chris Potter: saxofone tenor ; Craig Taborn: piano; Wayne Krantz: guitarra; Eivind Opsvik: baixo; Brian Blade: bateria (1-4, 6, 8-10); Dan Weiss: bateria (1, 5, 6, 9, 10); Kenny Wollesen: percussão, vibrafone; Rogerio Boccato: percussão; Nina Geiger: vocal harmônico (10).


Fonte : All About Jazz / Dan Bilawsky


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