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domingo, 17 de abril de 2011

ELDAR DJANGIROV – THREE STORIES (Sony BMG Masterworks [2011])



Desde seu surgimento na cena jazzística mundial em 2004, o pianista Eldar Djangirov tem obtido elogios pela sua habilidade em trazer ao jazz padrão e composições próprias, o perfil clássico. Com “Three Stories”, Eldar dedica-se ao repertório clássico, misturando um par de peças de Bach ,algumas de Alexander Scriabin, com standards de Sammy Cahn, Charlie Parker, Thelonious Monk e George Gershwin, e poucas composições suas. As três estórias—clássica, standards (ou música popular —ele também apresenta uma canção de Dave Matthews ) e composições de sua lavra—são narradas com uma voz consistente que serve para entrelaçar e misturar as narrativas não de modo diferente à ficção de Claude Simon. A propósito, a penúltima, "Rhapsody in Blue", gira em torno do inventivo amálgama de um concerto de jazz de Gershwin, que pode ser ouvido de uma nova maneira.


Este álbum é a primeira gravação solo de Eldar e a primeira , incidentalmente, a apresentar seu nome completo na capa (se este sinal é uma tentativa de mudar o uso de um único nome, como ele fez anteriormente, não fica claro). Ele inicia, de forma bastante apropriada, com completos e valorosos minutos de floreados clássicos, antes de investir na melodia de "I Should Care" em um modo sustentado. Porém , o curso linear é breve . A música tendo sido estabelecida, Eldar está livre para a corrida, mas é um galope pescoço a pescoço entre motivos clássicos e do ragtime. Uma breve pausa é tudo que separa este standard de uma música popular de Bach, "Prelude in C# Major"— a exuberante sucessão de notas que suporta a peça de Bach, aparentemente , abrindo caminho de Cahn para o coração germânico e emerge não muito depois como uma algazarra de Tchaikovsky em "Sugar Plum Fairy" ,aspergindo sobre "Darn That Dream" de Van Heusen. O objetivo máximo , produzindo sons estridentes que forma a melodia sonolenta de "Dream" constitui, talvez, o mais inspirado cruzamento de caminhos musicais.


Outros pontos de destaque são uma peça clássica celebratória do repertório de Monk, "In Walked Bud", aqui apresentada com uma profunda propensão ao sofrimento, uma duradoura melancolia (se ainda causa espanto toda nossa miséria), em um ataque desinteressante mas coerente com o ir e vir diário – de sentar, de esperar, de entrar—mesmo que o movimento surja inevitavelmente à frente. "Embraceable You" de Gershwin é extremamente bela , romântica e, talvez, bastante sentimental para alguns — uma espécie de esmagar de rosas perfumadas —porém a peça nunca apresenta lapso de inteligência. E quando Eldar chega ao auge de "Rhapsody" , a completa elaboração das estórias musicais vem para parecer um desnudamento da mente de Gershwin, seu cérebro no excelente “caleidescópio musical da America" em um trem em direção a Boston. Tchaikovsky e Scriabin estão mortos. Stravinsky desabrocha. E a corrida nas trilhas da América para todos os solitários vagabundos que estão a bordo. Eldar costura seu concerto solo com suficiente improviso orquestral, possibilitando um olhar rápido sobre um tempo, não muito distante, quando o solista atacava furiosamente sobre a pompa das sinfonias— inpirado ou não no ragtime. Não parece ser um acidente que o pianista encerre o álbum com uma música de Charlie Parker.


Faixas: I Should Care; Prelude in C# Major; Darn That Dream; Windows; Etude Op. 2 No. 1; In Walked Bud; Three Stories; So Damn Lucky; Embraceable You; Russian Lullaby; Air on a G String; Impromptu; Rhapsody in Blue; Donna Lee.


Músico: Eldar Djangirov, piano.


Fonte : All About Jazz / Matt Marshall