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quarta-feira, 6 de abril de 2011

SANDRO ALBERT – VERTICAL (Daywood Drive Records [2010])



Desde as excursões do guitarrista Charlie Christian na banda de Benny Goodman tocando o instrumento como se fosse de sopro, a linguagem e a literatura da guitarra mudou para sempre. Os expoentes de hoje , de Pat Metheny a Fred Frith, tem estendido suas fronteiras , embora de diferentes perspectivas do espectro musical. Sandro Albert assenta em algum lugar no dinâmico panteão dos guitarristas, um instrumentista que vem de uma longa linhagem de músicos da fértil tradição de violonistas brasileiros , entre os quais estão Laurindo Almeida, Carlos Barbosa-Lima e Anibal "Garoto" Augusto Sardinha. Albert levou seu instrumento mais longe dentro do domínio da sonoridade, como Frith. Entretanto, ele utiliza dissonâncias mais moderadas . Sua inclinação pelo uso de complexas camadas de cores e texturas é repleta de perícia. Sua percepção do valor do timbre das notas e sua flexível convivência com estruturas harmônicas , capacita-o a enriquecer a melodia e a harmonia, bem como o ritmo de tudo que toca.


“Vertical” é uma elevada ode para a cidade de Nova York e sua intrépida paisagem. Mas é, também, um impressionante exercício de harmonia, o plano vertical de toda música. Albert tem composto alguns dos mais charmosos, ainda que desafiantes materiais, compartilhando-os com o flautista Ricardo Ursaia, o baixista Michael O'Brien e o percussionista Richie Barshay. As interpolações dos músicos são quase telepáticas , assim como eles fazem mesuras e tecem em torno de cada um como uma espécie de cadeia rítmica de DNA , porém as mais excitantes são as que envolvem Ursaia e Albert. Estes músicos dançam constantemente ao redor de cada um em "Elastic Nature" e "Right Angles." Albert usa seus dedos, entre eles o polegar, com grande audácia. Ademais, com incomum toque e divina intervenção , ele faz seus dedos cantar. Na ausência de vocais, ele participa em empolgantes arias com Ursaia, para que escreveu as mais excitantes partes contrapontuais, e eles o fazem isto com perfeição em "Vertical", uma vertiginosa e extasiante excursão harmônica que dança ilimitadamente com o baixo de O'Brien's e a bateria de Barshay.


Albert continua misturando suas raízes brasileiras com a sensibiidade harmonica européia e elementos suingantes como em "Obrigado Villa", um tributo ao grande músico brasileiro Heitor Villa-Lobos. Em "JW's Baiao", dedicada a Jimmy Wyble, ele utiliza uma série de mudanças nos acordes, que mais uma vez demonstra o grande guitarrista que ele é, e vai mais longe em um dançante e de espírito livre maracatu de Belo Horizonte. Em "The Medusa", ele incorpora elementos que definem o bebop. Em "Where I Belong" ele está majestoso, e quase exagerado,na forma como utiliza os efeitos da harmonia barroca. Por mais que esteja fazendo, Albert está sempre lisonjeando incrivelmente a voz humana dos seus complementos das guitarras.


Seu quarto álbum, “Vertical”, é, possivelmente, seu mais ambicioso e polido trabalho, e bem meritório para aumentar sua reputação, que por certo obterá.


Faixas: Some Days; Vertical; Elastic Nature; Where I belong: JW's Baiao (Dedicated to Jimmy Wyble); Obrigado Villa; Waiting for Victoria; Right Angles; My Little Girl's Lullaby; Zigzag; Take Your Pick; The Medusa; I Can See You From Here.


Músicos: Sandro Albert: guitarra; Rodrigo Ursaia: flauta; Michael O'Brien: baixo; Richie Barshay: bateria.


Fonte : All About Jazz /Raul d'Gama

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