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quinta-feira, 26 de maio de 2011

CHARLES PILLOW – VAN GOGH LETTERS (ELCM Records [2011])






Aqueles que gostam dos Noturnos de Debussy , admirarão o que este trio faz na interseção de “Van Gogh Letters”. Três excelentes músicos se aventuram nos delicadamente articulados,impressionísiticos/minimalistas poemas sonoros do saxofonista Charles Pillow. Inspirado em cartas de Vincent Van Gogh, Pillow traduz frases e sentenças do grande artista em sons coloridamente evocativos de uma época mais tranquila e menos aflitiva. O trio embarca em uma jornada através de variados locais e estados de espírito que suave, religiosamente e de forma problemática , Van Gogh viu e pintou com intensa beleza e emoção. O impressionismo musical francês , que evoluiu contemporâneamente com a arte de Van Gogh,foi o gênero que sugeriu a escala pentatônica aos músicos de jazz, e Pillow homenageia esta conexão..


"Painters Love Nature" (todas as faixas são citações de Van Gogh traduzidas em inglês) jviaja através do país com Van Gogh, como os sons da floresta do teclado de Jim Rid e o acordeão de Gary Versace, relembra o "Prelúdio a l'apres midi d'un faun" de Debussy . “Did I tell you about the storm?" inicia com um tema do clarinete baixo sobre alguns sussurrantes sons do acordeão e do sintetizador, evocando uma calma agourenta como nuvens escuras se acumulando para uma tempestade. Há improvisações pungentes sugerindo animais na floresta , envolvendo um ritmo sincopado com a sombra de “ A Love Supreme (Impulse!, 1964” de Coltrane), motivo recorrente em vários movimentos. Um oboé evoca uma estrela solitária no céu em "Over these roofs, one single star", um simples ritmo ¾ movendo-se maliciosamente através da noite. O quase ofuscante brilho das estrelas da famosa pintura "Starry Night" de Van Gogh vem à mente , se só por contraste , e a canção é embasada em Don McLean.


O English horn de Pillow dá um sentimento contemplativo, delicados toques são traçados na tela em "My brush goes between my fingers like the bow on a violin", enquanto "That same night I looked from my window" apresenta Versace moldando um quebra cabeça em acordes em clave maior, ainda com um insignificante sentimento insone de desconforto, seguido por várias transições modais que vão bem além de Debussy em sua modernidade.


Ecos de “A Love Supreme” são, outra vez, ouvidos, em "The sea was yellowish near the shore" em registro baixo do clarinete baixo, enquanto um oboé “canta” em contraste ao pouco brilho sonoro que empresta um senso de quietude a "At the horizon, a streak of light" , abrindo extensos espaços como o mar. O dueto de oboé/acordeão em "He who dances" segue uma dança rústica com leve sugestão ao bebop. "After a year in Paris, I'm going south" entrega-se a um senso de tristeza e perda de uma partida, em uma série de acordes do acordeão como hinos fúnebres, salientando uma fantasia no oboé, e finalmente conduzindo para o som do sintetizador evocando a contemplação do fim de noite. "Vincents' Rhapsody" ressalta a intensidade e perturbação de Van Gogh,sendo lírica e , às vezes, agitada. Finalmente, "I shall begin to Paint" captura uma variedade de cores tonais sugestivas da rica paleta de Van Gogh como um jogo de dados com ritmos latinos.


Assistam ao vídeo abaixo para conhecer um pouco deste trabalho


http://www.youtube.com/watch?v=6BNq_9JLQuQ


Faixas: Painters Love Nature; Did I tell you about the storm?; Over these roofs, one single star; My brush goes between my fingers like the bow on a violin; That same night I looked from my window; The sea was yellowish near the shore; At the horizon, a streak of light; He who dances; After a year in Paris, I'm going south; Vincents' Rhapsody; I shall begin to paint.


Músicos: Charles Pillow: oboé, English horn, clarinete baixo, sintetizador; Jim Ridl: piano, sintetizador; Gary Versace: acordeão


Fonte : All About Jazz / Victor L. Schermer







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