O som da música de Jonathan Kreisberg é tão viçoso e novo que parece ter escapado de um universo paralelo através de uma porta virtual, atacando as percepções de algo conhecido, onde todas as coisas existem de um jeito dormente no cérebro. Nas primeiras notas que ele emite é criada uma centelha de vibração, iniciando uma vibrante aceleração que ilumina a tensão das vozes do tempestuoso saxofone de Will Vinson, do baixo pulsante de Matt Penman, dos ritmos espertos da bateria de Mark Ferber,mesmo do ímpeto do piano de Henry Hey, que é mais meditativo. Nesta parte, Kreisberg controla todas as aparentes energias alienígenas que exsuda. O volumoso músculo da música emana de um turbilhão existente em seu cérebro musical e em forma de cascatas que jorram dos seus dedos, que vibram e voam através da guitarra.
Todo este fluxo de energia em torvelinho , ressalta o sublime comando que Kreisberg mantém, não só de uma performance virtuosa , mas também de fraseado estilístico que parece ecoar de fantasmas de jazzistas do passado. Estas são só as amplas e angulares influências, claro, e a principal entre elas está o gigantesco espírito de John Coltrane. Kreisberg movimenta-se e faz piruetas com a mesma profundidade do sentimento espiritual utilizado por Coltrane, especialmente no crepúsculo da sua carreira. Entretanto, a voz de Kreisberg é singular, crescendo com harmonia expansiva gravada nas melodias que deslizam e dão cabriolas com energia e excitamento. O guitarrista tem tamanho comando sublime do ritmo que é capaz de discernir o que vem do interior da melodia , e o que modela a peça completa, bem como dirige a arquitetura exterior da totalidade da canção.
Não é fácil comunicar o coração de cada narrativa com sentimento, bem como apertar o ritmo para variar e mudá-lo atrevida ou sutilmente como Kreisberg faz. E há seu senso de onde a mais fina e apropriada harmonia deve repousar . Finalmente , há o senso de como retornar , se só fugazmente, dissimuladamente e magnificamente para a harmonia original , assim como reter o fabuloso escopo da canção. Sua absoluta devastação da estrutura rítmica de "Nice Work if You Can Get It" de George Gershwin é um sublime e memorável exemplo desta espécie de comando. Suas composições, especialmente a formidável "Twenty One" e a quase mística e com escalada explosiva, "The Common Climb," oferecem um outro ângulo dinâmico para a arte da música . Elas são elásticas, aiinda que meticulosamente estruturadas e irrompem com energia nuclear.
Entretanto, nem todas as músicas aqui são feitas de temperamento sanguíneo, entranhas e sangue coagulado. A delicadeza do toque e timbre em "Long, Like a Mercury Day" e a qualidade elegíaca de "Defying Gravity" são dirigidas por emoções que são suavemente palpáveis. Claramente Kreisberg tem um coração suavemente centrado. Quem pode culpá-lo por isto? Música, depois de tudo, é o alimento do amor e o guitarrista mostra como é hábil e extraordinário na expressividade musical, que é verdadeiramente inesquecível.
Assistam ao vídeo, onde Jonathan Kreisberg apresenta a faixa título
http://www.youtube.com/watch?v=pscaAilQeBA
Faixas: Twenty One; Stir the Stars; Shadowless; Zembékiko; Long, Like a Mercury Day; The Common Climb; Defying Gravity; Nice Work if You Can Get It.
Músicos: Jonathan Kreisberg: guitarra; Will Vinson: saxofone, piano (6); Henry Hey: piano; Matt Penman: baixo; Mark Ferber: bateria; Rich Stein: tamborim (6).
Fonte : All About Jazz / Raul d'Gama Rose
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