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sábado, 11 de junho de 2011

MARC RIBOT – SILENT MOVIE S (2010)








Este trabalho deveria ser chamado de Blind Movies (Películas cegas), segundo confessa o próprio guitarrista no texto de apresentação do disco. Teria sido uma grande ideia, apesar do oximoro a que remete. Um passeio por estas peças , todas de autoria de Marc Ribot, salvo o standard Sous le Ciel de Paris, sugere imagens de maior projeção visual do que muitos filmes que chegam às nossas telas. De fato, a projeção de sequências que traz consigo a audição solitária, se enriquece de forma exponencial quanto mais se familiariza com seu conteúdo sonoro.



Já se disse muito sobre obras que ganham mais escuta após escuta, quando o usual é que o grosso da produção contemporânea é cair no esquecimento sem perdão. Temos que dizer de novo: não ocorre isto com Silent Movies. Talvez estejamos diante do trabalho mais pessoal do guitarrista de Newark, muito próximo em essência à série Filmworks que mantém em marcha John Zorn. Por momentos parece o reverso acústico dessa outra grande peça Belladonna, de Daniel Lanois (Anti, 2005), por aproximar o título de Ribot à caudalosa majestade da sua excelência guitarrística. Ambos compartem um mesmo ambiente de desolação, donde se assenhora o belo gesto de ruína que exige o espaço que há sido negado pelo suceder vazio dos dias. Exemplificamos com "Delancey Waltz", uma peça que já é eterna, algo mais de três minutos que parecem haver estado aí desde sempre.



A densidade das composições encontraram inspiração graças ao pedido do NY Guitar Festival de 2010 para que Ribot vestisse com sua guitarra as imagens silenciosas do filme de Charlie Chaplin, o Garoto, que foi exibido no Merkin Hall acompanhado da orquesta de seis cordas em que se converte a guitarra do músico. O resto são temas que formaram outro par de trabalhos cinematográficos, o documentário El General y Drunk Boat. Para evitar dúvidas , Ribot se encarrega de recordar que não há no disco dublagem nem montagem, que ele é dono e senhor de sua arte heterodoxa e inquestionável. Todo o álbum se converte em epítome de sua carreira, de sua dedicação e ousadias, que já tomaram corpo nos cincos trabalhos solo anteriores. Este ano anda submerso na ilustração musical a um clássico do filme noir, porém com Silent Movies alcançou o céu. Quem deseja sons fronteiriços, blues luxuosos , ambientes taciturnos, peças de ourivesaria, ficção científica de bolso e dias de vinhos e rosas , terá o disco perfeito.



Faixas: Variation 1; Delancey Waltz; Flicker; Empty; Natalia In Eb Major; Solaris; Requiem For Revolution; Fat Man Blues; Bateau; Radio; Postcard From NY; The Kid; Sous Le Ciel De Paris.



Músicos: Marc Ribot: guitarra, vibrafone (12); Keefus Ciancia: paisagens sonoras (1, 3, 7, 11, 13).



Gravadoral : Pi Recordings



Estilo : Jazz Moderno



Fonte : All About Jazz / Enrique Turpin





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