O duo em jazz permite aos participantes maravilhosas oportunidades para espalhar-se criativamente. Ideias, sugestões e negociações de todas as espécies musicais permeiam a experiência. E, no melhor exemplo, eles geram novas pepitas para posterior desenvolvimento e exploração. Ao mesmo tempo, a estrutura do dueto pode possibilitar limites, já que concorrentes personalidades e dicotomias estilísticas levam a engolir a mútua parceria e confundir a postura.
“Duality”, que apresenta os maravilhosos talentos do pianista Kenny Drew, Jr. e do guitarrista Larry Coryell, concentra , em absoluto, o melhor do duo piano-guitarra. A brincadeira improvisacional, a interação e o incremento das ideias através das suas realizações é puro prazer auditivo. Drew e Coryell trabalham bem juntos, de forma que a atratividade nunca desvanece, indiferente ao ritmo ou gênero musical . O que emana desta mistura cerebral é uma soberba e inventiva cooperação musical e um jazz distinto, suingante e um poder sutil de criação.
"Silver's Serenade" de Horace Silver remete a missão do duo a uma ótima incursão no tempo médio. Se a guitarra pega a melodia , com o suave toque de Coryell faz nesta faixa , ou o teclado de Drew em outras partes, o resultado é uma riqueza, uma plenitude sonora que facilmente dá ao disco uma ilusão da mais ampla unidade musical. Estes finos músicos se entendem e brilhantemente exibem as sutilizas de um acompanhamento a solistas. "Farmer's Waltz" agita brilhantemente , com Drew e Coryell espalhando-se e nunca tensionando.
O toque de Drew, bem como sua capacidade para estender uma ideia improvisacional, tem toda a distinção com a técnica nunca dominando a musicalidade. Outrossim, Coryell organiza magistralmente a magia técnica para arrebatar uma ideia, levá-la e compartilhá-la.
O que faz “Duality” assim tão prazeiroso é a motivação que o permeia, ou seja não se contesta nenhuma atuação.Drew, sempre técnico e Coryell, um verdadeiro virtuoso, toma fragmentos de ideias, as permuta e as rebate de um lado para outro. "The Night Has a Thousand Eyes" coloca o duo em um início esfuziante e em um ambiente agitado. Ambos respondem aos chamados a partir das suas respectivas habilidades técnicas. Cada músico contribui com composições originais. Coryell com três e Drew com duas.
Há ocasional sutileza humorada e jogo com as notas, também, com Drew citando cortêsmente "New York, New York" durante ' "Nostalgia in Times Square" de Charles Mingus. "Oil on Water" de Coryell faz pensar , e a saudação de Drew a Hank Jones, "Goodbye, Mr. Jone", suinga, "Duality: Nenad's Sonata" eleva a acústica de Coryell e amplifica as rápidas pegadas dos fragmentos das guitarras e oferece acordes em movimentos múltiplos do dedilhado.O clássico de Bobby Timmons, "Moanin'", apresenta-se suave, com tratamento suingado, com performances maravilhosas de Drew e Coryel. Uma demonstração emocionante.
“Duality” é um exemplo primoroso de musicalidade de primeira classe e de uma sublime parceria improvisacional. Álbuns de duos—ou de grupo de qualquer tamanho- simplesmente não podem ser mais desfrutável que este.
Faixas: Silver's Serenade; Farmer's Waltz; The Night Has a Thousand Eyes; Szabodar; A Silent War; Nostalgia in Times Square; Oil on Water; Goodbye, Mr. Jones; Duality: Nenad's Sonata; Moanin.'
Músicos: Kenny Drew, Jr.: piano; Larry Coryell: guitarra.
Gravadora: Random Act Records
Estilo: Jazz Moderno
Fonte : All About Jazz / Nicholas F. Mondello
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