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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

MÚSICA PARA A SAÚDE






Abre-se um campo de trabalho para os músicos e cantores brasileiros. Está marcado para agosto, na capital paulista, o início do 1º Curso de Formação de Músicos Atuantes em Hospitais e Instituições de Idosos. Criado pelo educador musical e compositor Victor Flusser, o projeto prepara os artistas para tornar mais humano e acolhedor o ambiente em hospitais e casas voltadas ao atendimento de pessoas idosas. Foi implantado na França, há dez anos, e hoje é desenvolvido em Portugal, Espanha, Itália e Alemanha.


Flusser, responsável pelo diploma universitário de Músicos Atuantes na Área Social e da Saúde da Universidade de Estrasburgo (França), esclarece que o projeto não deve ser confundido com a musicoterapia e defende a ideia de que a doença não está apenas no paciente, mas no hospital como um todo.


“As regras hospitalares não respeitam a humanidade de cada pessoa. Já estive internado bastante tempo e eu não era o Victor, era ‘o joelho do quarto 27’. O ‘velhinho do quarto 12’ é o seu João, é o seu Antonio, com sua vida, ilusões e desejos. A ‘auxiliar 2, 3 ou 4’ é a Maria Aparecida, com seu namorado, sua mãe, uma pessoa com muitas qualidades’”, conta Flusser.


Os músicos vão oferecer o que o mentor do projeto chama de “terapia do hospital”. E para isso precisam ser preparados. A formação dura um ano e é construída em torno de competências específicas. O profissional precisa ter repertório variado para facilitar a interação com crianças e idosos, conhecer as regras do hospital, atuar como mediador entre o hospital e músicos convidados sem familiaridade com esse tipo de trabalho e estar preparado psicologicamente para lidar no dia a dia com a dor, a angústia, a ansiedade e a morte. Por isso, sessões frequentes com psicólogos também fazem parte do curso.


O projeto prevê ainda a formação continuada dos profissionais da saúde – médicos, enfermeiros e auxiliares – para que possam entender a ação e interagir com os músicos. “Os artistas devem estar engajados, sobretudo, na qualidade de vida das pessoas, pacientes e trabalhadores da saúde. O objetivo principal é despertar as pessoas idosas para a vida, de modo digno e com respeito”, afirma Flusser.


Experiência Brasileira


Ivan Vilela, compositor e professor na Faculdade de Música da Universidade de São Paulo, é o responsável pela formação dos 30 profissionais selecionados em São Paulo, de um total de 240 inscritos entre maio e junho. Nessa etapa, além de cantar e tocar bem algum instrumento, é fundamental o brilho nos olhos. “O Victor sugere que o tempo máximo de trabalho do músico seja de oito a dez horas por semana, ou seja, duas horas por dia, porque a troca de emoções, olho no olho, é muita intensa.”


O curso equivale a uma pós-graduação lato sensu, com 500 horas, incluídas 160 de estágio acompanhado em hospitais. E mais 500 horas de estudos e ensaios individuais e com o parceiro, já que os músicos atuam em duplas. “Estão previstos encontros intensivos de quatro dias para que eles tenham contato com artistas e pesquisadores de vários segmentos e possam absorver conhecimento artístico e humano”, completa Vilela.


As experiências do projeto Música nos Hospitais nos países onde é desenvolvido estão reunidas em 40 documentários produzidos por Luiz Fernando Santoro, professor da USP, que podem ser acessados no endereço www.musims.fr. No Brasil a iniciativa, articulada pela Oboré Projetos Especiais, tem apoio do Hospital Premier, instituição especializada em cuidados paliativos, um modelo de tratamento que busca a qualidade de vida do paciente idoso ou terminal, portador de doença crônica e familiares.


A entrevista completa com Victor Flusser ao Jornal Brasil Atual foi ao ar em 17 de junho. Ouça aqui (http://bit.ly/rba_musica_saude)


Fonte : Revista do Brasil N˚ 61/ Oswaldo Luiz Colibri Vitta e Terlânia Bruno





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